TOP 50 de discos de 2004 – # 11-20

#11. Arcade Fire
(Funeral)

Funeral é o álbum de estréia dos canadenses do Arcade Fire. Encabeçado por Win Butler e Régine Chassagne (marido e mulher), o disco começou a obter processo criativo diante da morte de familiares dos membros da banda. Então pode sentar para escutar canções tristes que tratam do tema, sendo arremessadas diante de melodias frágeis e que são salvas por belos arranjos (geralmente melancólicos) de cordas, influenciadas por um estilo folk e um pop engajado de primeira.

Dica de download: “Crown of Love”

#12. PJ Harvey
(Uh Huh Her)

O novo trabalho de Polly Jean em relação ao anterior (Stories from the City Stories from the Sea) tem cara de independente. Agora você deve estar se perguntando se isso é ruim, certo? A resposta é um não. Uh Huh Her é o abandono do pop criado em Stories… e um retorno ao rock seco dos materiais anteriores. Harvey não apenas se responsabiliza pelos vocais, mas pelos instrumentos e produção das canções. PJ é diva do rock alternativo, sem necessidade de julgamento quando canta de forma curta e grossa “who the fuck do you think you are, comin’ round here” e ainda assim soa super bacana.

Dica de download: “Who the Fuck?”

#13. Carina Round
(The Disconnection)

Carina Round emprestou sua voz no primeiro disco solo de Ryan Adams na singela “Come Pick Me Up”. Depois disso, continuou com apresentações, mas é com este The Disconnection que solidifica sua carreira. Apostando num som que remete uma atitude da melhor fase de PJ Harvey (“Into My Blood”) com a sensualidade de Fiona Apple, o álbum acaba se tornando repleto de momentos intensos num rock sujo e sexy.

Dica de download: “Lacuna”

#14. Brian Wilson
(Smile)

Smile teve que esperar quase quarenta anos para ser lançado – este seria o sucessor do clássico Pet Sounds do Beach Boys. Brian Wilson decidiu abandonar o projeto em 1967, pois acreditava que o trabalho estava muito a frente de seu tempo e seu público não preparado. Os sérios problemas com drogas na época, também ajudaram o disco a ser engavetado.
Smile abre com harmonias vocais (“Our Prayer”) como se fossem uma oração e logo desembarca em “Heroes & Villains” – uma parceria entre Wilson e Van Dike Parks, fechando com um dos seus últimos hits, “Good Vibrations” – que termina aqui com aplausos. Smile ainda é contemporâneo.

Dica de download: “Heroes and Villains”

#15. Lisa Loeb
(Way It Really Is)

Lisa Loeb está mais madura, continua escrevendo letras fantásticas (como é o caso da belíssima “Try” ao piano, capaz de levar o ser mais durão às lágrimas) e apresenta composições tão certeiras que formam uma fórmula perfeita. Se os arranjos de “Window Shopping” e “I Control the Sun” são animados, o mesmo já não pode ser dito de “Hand Me Down”, na qual a sua voz é suave como os instrumentos que a acompanham. “Fools Like Me” concentra uma energia musical (principalmente no refrão) que resulta em desgate quando canta pela última vez “Love was surely made for fools like me”.

Dica de download: “Would You Wander”

#16. Jolie Holland
(Escondida)

Escondida é recheado de folk (“Sascha” e “Old Fashion Morphine”), jazz (“Mad Tom of Bedlam”) e belas composições ao piano (“Amen”, “Damn Shame” e “Tiny idyll” que começa com um piano de brinquedo) na voz da jovem. Apesar da pouca idade, canta como se fosse uma diva dos anos 40/50, da altura de Billie Holiday. E não espere nada na linha clássica atual, já que Holland é muito fiel ao estilo.

Dica de download: “Old Fashion Morphine”

#17. Kanye West
(College Dropout)

O que o Outkast foi ano passado e neste, Kanye West será para o que está por vir – ele está prestes a entrar na lista dos grandes artistas do hip hop. Antes disso, era mais conhecido como produtor, trabalhando com artistas como Jay-Z, Ludacris e Alicia Keys. O fato de ser produtor faz com que exista um clima de perfeição entre samples, hip hop e soul em The College Dropout. Há bons momentos como “All Falls Down”, “Jesus Walk”s (um dos melhores singles do ano), “Two Words” e “Through the Wire” (com o sampe de “Through the Fire”, de Chaka Khan). Em suas letras temas como sexo, Deus, drogas e vida pessoal são debatidos. West é um dos grandes nomes do futuro.

Dica de download: “Jesus Walks”

#18. Air
(Talkie Walkie)

Um piano bem marcado (“Venus”), sons hipnóticos (“Run”) ou faixas exclusivamente eletrônicas (“Mike Mills” e “Alone in Kyoto”) faz deste trabalho do Air, o mais fácil de cair no gosto popular. Talkie Walkie é um encontro inevitável de Moon Safari e 10.000 Hz Legend. Os franceses Jean-Benoit Dunckel e Nicolas Godin pela primeira soltam a voz em algumas das canções e deixam a preocupação com as letras e invenções melódicas em segundo plano.

Dica de download: “Run”

#19. Sondre Lerche
(Two Way Monologue)

O segundo disco de Sondre Lerche é um prato cheio de pop e arranjos cuidadosos. O norueguês, de vinte e um anos, traz na sua bagagem um pouco de Elvis Costello, Brian Wilson, Burt Bacharach, Badly Drawn Boy e Jeff Buckley. Expressa sensibilidade (“It´s Too Late”), apresenta folk/country (“Stupid Memory”) e deixa-se levar pelo agradável pop (na faixa título). Two Way Monologue é uma conversa musical sobre vivências pessoais e experiências amorosas. Trata-se de um monólogo de 48 minutos que poderia ser chato, mas é convincente e acolhedor.

Dica de download: “Track You Down”

#20. Adriana Partimpim
(Adriana Partimpim)

Sob o heterônimo de Adriana Partimpim, Adriana Calcanhoto grava seu sétimo álbum para um público distinto… não se trata de um trabalho para crianças, e sim um disco de “Classificação Livre”, como define. Resgatando uma brasilidade em composições lúdicas e graciosas, o projeto apresenta curiosidades. “Oito Anos” de Paula Toller é cheia de “porquês” na letra, a marchinha de carnaval “Lig-Lig-Lig-Lê” (1937) é resgatada do baú e “Fico Assim Sem Você” traz nada mais que um game boy entre os vários instrumentos. Música para todas as idades.

Dica de download: “Canção da Falsa Tartaruga”