TOP 15 – Filmes de 2006

#01. Pequena Miss Sunshine

Pequena Miss Sunshine é o tipo de filme que você tem que assistir para se envolver e se identificar com as peças inseridas no roteiro. Ou simplemente se encantar com o sorriso e olhar da jovem atriz Abigail Breslin, o silêncio de Paul Dano, a superproteção de Toni Collette, a fragilidade de Steve Carell, a filosofia de vida de Alan Arkin e o ser ou não ser um ganhador de Greg Kinnear. Após esses detalhes, basta deixar com que a música de Sufjan Stevens e do DeVotchka tomem o caminho da estrada a seguir.

#02. O Tempo Que Resta

O cineasta François Ozon expõe na história do fotógrafo homossexual, que descobre um câncer em fase terminal, os anseios e mudanças que a notícia provoca na vida de seu protagonista. A alteração de comportamento, a forma encontrada por ele para não interferir na vida alheia e a busca de paz consigo dão toques delicados a esse projeto sobre morte marcada.

#03. Vôo United 93

Além da veracidade – na questão do tempo, o diretor utiliza câmera digitais e atores desconhecidos (o que não causa grande identificação entre espectador e personagens), deixando com que a história dos passageiros fique acima das atuações. A sensação é de fraqueza durante a projeção. É evidente que a intenção de Paul Greengrass (direitor) não é criar uma estória gratuita com o objetivo de tocar na ferida. Questões sobre o que teria acontecido são levantadas, dramas pessoais abordados de forma breve e decisões a serem tomadas com aqueles passageiros estão na tela de forma convincente.

#04. O Segredo de Brokeback Mountain

Do início ao seu desfecho, Brokeback Mountain não poderia ter uma mão mais humana que a do diretor Ang Lee. É sensível ao extremo quando apresenta a luta travada entre os seus protagonistas em relação ao sentimento. Se hoje o amor homossexual é melhor aceito pela sociedade, o filme que se passa nos anos 60 com figuras “fortes e brutas” como a dos caubóis, torna-se atual e envolvente. Aqui, não se distingue mais sexo, apenas se presencia o afeto e o sofrimento das personagens centrais.

#05. O Labirinto do Fauno

A fábula cujo pano de fundo é o regime ditatorial na Espanha dos anos 40, apresenta-nos a dois mundos distintos: o da realidade e o da fantasia. O universo sombrio e melancólico de Guillermo Del Toro, nestes dois espaços, contrasta perfeitamente seus personagens humanos e imaginários. A atuação enigmática da menina Ivana Banquero sustenta a qualidade deste conto de fadas negro e assustador.

#06. Volver

Somente um cineasta do calão de Pedro Almodóvar para deixar Penélope Cruz adorável (e suportável) na tela grande. Com um filme denso sobre mulheres, universo dominado por Almodóvar, ele nos entrega novamente um trabalho pessoal em um roteiro que mescla o exagerado e o dramático simultaneamente. Cruz tem o papel da vida, enquanto Carmen Maura brilha de coadjuvante novamente trabalhando com o diretor espanhol.

#07. Os Infiltrados

150 minutos – que passam voando – foram o suficiente para Martin Scorsese mostrar que continua em ótima forma. Os Infiltrados retoma elementos dos primeiros trabalhos do diretor neste drama de corrupção e violência com atuações excepcionais – inclusive de um Leonardo DiCaprio que consegue se sobressair diante de um monstro como Jack Nicholson.

#08. Caché

Georges (Daniel Auteuil) e sua esposa Anne (Juliette Binoche) recebem uma fita de vídeo com imagens de sua casa, filmadas por uma câmera na rua. Isso é apenas o mote para uma seqüência de acontecimentos que começam a assustar o casal, na medida que revelações perturbadoras e pessoais são expostas através do conteúdo dos vídeos. Caché é um thriller que caminha lentamente, surpreendendo nas seqüências e desfecho memorável que apresenta.

#09. Obrigado por Fumar

Nick Naylor (Aaron Eckhart, em interpretação válida para indicação ao Oscar) é o principal porta-voz de uma grande empresa de cigarros. Obrigado por Fumar é uma sátira policamente incorreta sobre a indústria do tabaco e de como este lobista ganha a vida defendo os males do cigarro, ao mesmo tempo que precisa ser o modelo ideal ao seu filho adolescente. Um dos roteiros mais inteligentes que Hollywood poderia ter apresentado.

#10. O Céu de Suely

A história da jovem Hermila, que volta de São Paulo com seu filho recém-nascido para a casa da família – no interior do Ceará, ganha força (e fraqueza) através da interpretação de sua atriz Hermila Guedes. Ela espera a chegada do marido, mas esse não volta. Sem deixar que seus sonhos morram ali, naquela pequena cidade, encontra uma forma de ganhar dinheiro: uma noite de amor com ela através de uma rifa.

#11. Eu, Você e Todos Nós

A artista multimídia Miranda July apresenta, neste seu primeiro longa metragem, um retrato do cotidiano com pequenas doses de humor e melancolia através de suas personagens. A história de uma artista que faz vídeos que se sente atraída por um vendedor de sapatos, com dois filhos para criar e recém separado, transforma situações cômicas em peças adoráveis. Destaque para um dos garotos que consegue ganhar o filme apenas usando o chat em seu computador. ))<>((

#12. Boa Noite e Boa Sorte

George Clooney apresenta esse Boa Noite e Boa Sorte de forma sucinta e elegante. A rivalidade entre o apresentador Edward R. Morrow (David Strathairn) versus o senador Joseph McCarthy, em plena era do macarthismo, é tratado agilmente pelo olhar cuidadoso de Clooney atrás das câmeras. Além da excepcional fotografia em P&B, dando um ar noir ao projeto, as cenas reais dos “julgamentos” constroem credibilidade ao material.

#13. C.R.A.Z.Y. – Loucos de Amor

C.R.A.Z.Y. funcionando como uma espécie de Anos Incríveis, sem o conservadorismo norte-americano. O longa aborda temas como homossexualidade, drogas, música e religião de forma natural e imaginativa. Conquista o público, porque conversa com pessoas comuns como as representadas na tela, causando empatia pelos personagens. A trilha sonora impecável com clássicos dos Rolling Stones, David Bowie e Pink Floyd ganham seqüências extraordinárias.

#14. A Marcha dos Pingüins

Não é um documentário do Discovery Channel, porque é demasiado poético. A Marcha dos Pingüins ganha pontos ao tratar esses pequenos seres de forma humana. O diretor Luc Jacquet parece ter o poder de ler o que se passa emocionalmente na cabeça de cada um deles, mostrando como a natureza encontra força onde nós, seres humanos, nem podemos imaginar.

#15. O Plano Perfeito

O Plano Perfeito apresenta um estória banal: assalto a banco. A diferença está na direção, o elenco e, principalmente, roteiro que estão em sintonia tirando o projeto da vala comum. Há momentos de tensão e o que parecia apenas chavões expostos nos minutos iniciais acabam dando uma dimensão maior ao desfecho da trama. Vale destacar como Spike Lee trabalha com a diversidade étnica em um ambiente como Nova Iorque.