Entrevista: Hello Saferide

Hello Saferide - Entrevista
Annika Norlin, do Hello Saferide

Em setembro, o indie pop das suecas do Hello Saferide – Annika Norlin e Maia Hirasawa (já falei dela), invade as terras brasileiras em uma turnê que começa pelo Recife e termina em terras gaúchas. O grupo ficou conhecido pelo hit instântaneo via Internet – “Highschool Stalker” – o que lhe rendeu um disco no mesmo ano (2005).

Aproveitando a animação das garotas por conhecer o país, conversei com elas sobre suas carreiras, projetos solos, discos bacanas do ano passado, ABBA e o que esperar dessa passagem pelo Brasil.

O que vocês estão fazendo no momento?

Annika Norlin: Estou terminando minha turnê com a minha banda, Säkert! Além, de estar bastante ocupada escrevendo novas canções para o próximo álbum do Hello Saferide. Mais do que isso, estou estudando português. A única coisa que sei até agora é o que aprendi assistindo um milhão de episódios de Sinhá Moça quando era mais nova. Ainda lembro de algumas palavras daquele programa.

Maia Hirasawa: Estou excursionando com meu projeto solo. Desculpe, sem tempo para aprender português,…

A música escandinava é mundialmente conhecida pelo fenômeno ABBA. Vocês consideram isso uma barreira para a nova geração fazer o seu próprio caminho ou um fator que cria interesse pela música de seu país?

Annika: Acredito que grande parte dos suecos estão orgulhosos do ABBA. Eu especialmente amo as melodias em suas canções. A nova geração indie pop não é ligada ao ABBA – mesmo que Maia e eu fomos comparadas diversas vezes com Agnetha e Frida. Com Maia sendo Agnetha!

Vocês são conhecidas no cenário indie pop e o trabalho solo de Maia Hirasawa tem grande potencial de se tornar grande. Quando o click de “nós somos uma boa banda” aconteceu?

Annika: Você quer dizer quando nós nos demos conta de que éramos bons? Começamos a tocar juntos (geralmente somos 5-7 pessoas no palco, mas no Brasil será apenas Maia e eu) após o lançamento do álbum Introducing, há dois anos, e parece que deu certo logo de cara. Depois de um tempo, todos começaram a aparecer com suas próprias idéias para arranjar e trabalhar em nossa música. Isso foi funcionando.

Como a banda se conheceu?

Annika: Versão curta. Andreas Söderlund produziu “Introducing”. Ele conhecia Fredrik Hultgren (bateria) e Jens Lagergren (baixo) é uma antiga aminha minha. Maia era amiga de uma amiga, e escutei-a tocando e realmente gostei de sua voz e presença no palco. Pedi para ela nos ajudar fazendo backing vocal nos shows… e depois daqueles shows, conclui que nunca quero tocar sem ela.

Qual foi a grande realização deste ano até agora para vocês?

Annika: Viajar para o Japão com o Hello Saferide, lançar o meu disco solo (Säkert!), e saber que vamos conhecer o Brasil!

Maia: Lançar o meu disco de estréia Though I´m Just Me. Sonhei a minha vida toda em conhecer o Brasil, então estou bastante empolgada!


Clipe de “My Best Friend”, do Hello Saferide

Vocês são uma dupla, mas que com seus respectivos trabalhos individuais. Vocês colaboram uma com o trabalho da outra ou preferem colocar um limite no processo de cada uma.

Annika: Não tenho nenhuma participação na música de Maia a não ser amar. Mas, ela costuma ter grande contribuição em fazer os arranjos para as músicas que escrevo para o Hello Saferide.

O quanto do seu trabalho vocês consideram ficcional? E o quanto é pessoal?

Annika: Para mim, é tudo uma montagem. Alguns fatos são verdadeiros – como quando falo que sou insegura em certas circunstâncias – mas grande parte é ficção. Escrever canções para mim é como escrever romances.

Qual foi a música mais divertida de fazer, por outro lado qual foi a mais cruel?

Annika: A mais divertida provavelmente foi “2006”, escrita rapidamente em um dia, com Maia adicionando a melodia, e o resto da banda trabalhando nos arranjos – depois de gravá-la, a música tocou bastante na rádio. No entanto, muitas canções são dolorosas de escrever, porque temos que procurar por sentimentos para fazer algo que as pessoas consigam se identificar. “Leaving You Behind” é uma dessas.

Hello Saferide - Entrevista
Maia Hirasawa, do Hello Saferide

Para Maia Hirasawa. Que tipo de afirmação você sugere no título do seu disco solo Though, I’m Just Me?

Maia: Na verdade, é uma das canções que escrevi, mas não entrou no álbum. Gravei, coloquei os arranjos, produzi e escrevi todas as canções. Então percebi que o título caberia muito bem ao trabalho…

Li um artigo que dizem que sua voz soa uma versão pop jazz de Regina Spektor. O que você acha dessa afirmação? Você conhece o trabalho de Spektor?

Maia: Eu não ligo. Todos querem colocar novos artistas dentro de uma caixa e eu estou na “caixa-Regina Spektor”. Nunca havia escutado as músicas dela até todos começarem a dizer que eu tinha algo dela, então tive que escutá-la. Acho ela boa, mas não é minha inspiração.

Expectativas sobre a turnê pelo Brasil? Vocês imaginaram algum dia fazer shows por aqui?

Annika: Estou muito, muito contente. Tenho amigos que dizem que é o país mais incrível que estiveram.

Maia: Sempre sonhei em conhecer o Brasil, mas nunca sonhei em excursionar por aí. Estou contando os dias.

O que vocês conhecem do Brasil? Com exceção de Carnaval, Samba e Caipirinha?

Annika: Eu sei que vocês amam futebol. Sei que tem uma cena musical incrível também. E sei muito sobre “Sinhá Moça”.

Quando vocês conhecem cidades diferentes, costumam pegar discos, livros e coisas do tipo como lembrança?

Annika: Geralmente, não temos muito tempo para passear pelas cidades. Mas, sempre procuramos encontrar uma loja de antiguidades para conhecer.

Quais são seus discos favoritos do ano passado?

Annika: Realmente, gosto do Blow, The Sprites, Herman Düne, Shugo Tokumaro – e é claro, Cansei de Ser Sexy!

Maia: Annika é a nerd musical de nós. Eu não encontrei tanta coisa nova ultimamente, exceto o disco solo de Annika, Säkert!. É o melhor disco feito na Suécia em anos…

O que o público brasileiro pode esperar dos shows? Canções do Hello Saferide e dos seus projetos solos também?

Annika: Nós vamos como Hello Saferide, então vai ser muitas canções do grupo, novas e antigas. Porque estamos indo como um duo, então será calmo e acústico. Vocês irão gostar.

Alguma mensagem para o público brasileiro?

Annika: Eu já queria estar aí.

Maia: Eu também. Ainda não vi o sol durante todo o verão na Suécia. Espero muito isso do Brasil.


+ Obrigado ao Trent pela ajuda na entrevista e elaboração das perguntas e a Fredrik Bergström, da Razzia Records, por conseguir agendar a entrevista.