Entrevista: Volantes

Direto de Porto Alegre (RS), a Volantes é formada por Arthur Teixeira (voz / guitarra), João Augusto (guitarra / voz / sintetizador / tambor), Rodrigo Mello (bateria), Otávio Mastroberti (kaossilator, sintetizador, programações e kaos pad) e Bernard Simon (baixo).

Volantes

Com o EP Sobre Gostar e Esperar (escute aqui) recém lançado, essa gurizada já coleciona elogios de músicos (Frank Jorge) e produtores (Rafael Ramos) conhecidos na indústria fonográfica. Além disso, foram escolhidos – através de votação popular – para serem uma das bandas para abrir os shows do Maquinaria Festival – evento que traz nomes como Faith No More, Panic at The Disco, Evanescence, Danko Jones, entre outros – no dia 08 de novembro em São Paulo.

Carregando uma combinação de estilos e referências musicais – o pop rock alternativo confrontando com o eletrônico, o folk e o post punk -, trabalham suas composições de forma extremamente homogênea. Diante de tanta inspiração, contrastam e equilibram o trabalho entre melodias grandiosas (“Vitória” / “Meu Samba”) e momentos intimistas (“OK#54” / “No Corredor, Ali”) fazendo de Sobre Gostar e Esperar um belo e promissor cartão de visita.

Como a Volantes se conheceu?

Arthur: Em uma festa. Vi alguém falar mais alto a palavra “Wilco” [era o João, sentado no chão dando em cima de umas indies], então fui falar com ele pra tocar comigo e com o Rodrigo, com quem eu tinha uma outra banda. O Ota entrou um pouco depois, por indicação de que ele seria o maior fã de The Cure, em Porto Alegre. O Bernard ficava me mandando SMS na madrugada reclamando que não tinha banda. Então, semana passada liguei pra ele e falei que tinha vaga. Mas, já fazemos shows desde o início de 2008.

Quais são as principais influências? E os heróis na música?

Arthur: Meu herói é, sem dúvida, o Caetano Veloso. Depois tem Kraftwerk, Pulp, R.E.M., U2. Das mais recentes, gosto muito de Guillemots, Cut Copy, Bloc Party, do Albert Hammond, Jr. e do Justice.

João: O pós-punk é uma influência fortíssima. Artistas como LCD Soundsystem, Hot Chip e Radiohead. Quando aparece esse termo “heróis” na música, a gente relaciona a artistas como David Bowie, um cara que “se permitiu” fazer o que bem entendesse. Foi Glam, foi “oitentêro”, fez trabalhos super peculiares com Brian Eno. Brian Eno também é outro herói pelo mesmo motivo do Bowie.

Rodrigo: Bowie, Jeff Buckley, Michael Stipe..

Otávio: Gosto muito do pos-punk (The Cure, Echo), das bandas do synth pop do início dos oitenta (Depeche Mode, Yazzo, New Order) e DJs e produtores que deram um “boom” na música das pistas no início dos anos 90 (Basement Jaxx, Moby, Deep Dish).

Volantes - Sobre Gostar e Esperar
Capa do EP Sobre Gostar e Esperar (escute o disco na íntegra)

Como ocorreram as gravações do EP Sobre Gostar e Esperar?

Arthur: Foi uma novela. O EP estava pronto na nossa cabeça em março de 2008. Mas, problemas de todos os tipos, de fechamento do estúdio, perda de arquivos e cirurgias aconteceram. Mas, felizmente temos um amigo muito talentoso (Eduardo Suwa), que gravou o disco e conseguiu manter a coesão em um trabalho feito em tantas etapas. Acho que todo mundo passa trabalho às vezes. Lembra o terror que foi a gravação do Kid A?

E a recepção do trabalho no MySpace?

Arthur: Faz uma semana que as músicas estão no site. No segundo dia, um cara muito importante de uma gravadora muito quente veio falar conosco. O Frank Jorge postou no Twitter que gostou mesmo de nós. Eu me emociono com isso. São coisas que fazem você pensar que está no caminho certo. Não tenho conseguido dormir, só trabalho. E eu quero muito mais trabalho. Não estou nessa pra quebrar quarto de hotel.

Como funciona o processo criativo das canções? Alguém fica responsável pelas melodias e outro pelas letras? E o que nasce primeiro?

Arthur: Até agora eu trazia a canção (letra e música) pronta e construíamos os arranjos juntos. Já estávamos mixando o disco quando o João chegou com “OK#54”. E é impressionante como ela funcionou em conjunto com as músicas que escrevi. Espero que todos se empolguem e tragam mais músicas. Assim, posso curtir mais os shows enquanto alguém canta!

Quanto do trabalho consideram ficcional? E pessoal?

Arthur: Mmmmm… Essa é a parte em que digo que escrevo as minhas músicas sobre os relacionamentos que o João já teve. Não posso me comprometer em rede nacional. Na verdade, cada música podia ter um nome de mulher. Quem sabe role um álbum só com nomes de faixas tipo: Bianca, Cristina, Valéria…

Volantes

Como vocês veem o atual cenário musical do Rio Grande do Sul?

Arthur: Conheço umas dez bandas ótimas daqui. Em contraponto, há algumas precoces e fracas empatando a cena. Mas, se você quiser fazer um festival somente de bandas boas que ainda residem em Porto Alegre, pode levar Bidê ou Balde, Superguidis, Hotel Santa Clara, L.A.B., Apanhador, Pública, o Frank, a Pata…

O que escutam geralmente? E qual é aquele CD que vocês têm escondido na prateleira e não contam para ninguém?

Arthur: Ouço muitas coisas. Atualmente, não tem como não baixar pelo menos uns 3 discos por dia. A música pop é muito generosa. Essa semana ouvi bastante Air, Passion Pit, The xx e o Stan Getz & João Gilberto. Não que eu esconda, mas pegam no meu pé porque me empolgo muito com o primeiro disco do Kid Abelha.

João: Ando ouvindo muito Passion Pit, o último do Phoenix, Bat For Lashes. Sobre o álbum que tenho escondido na prateleira, vou escancarar agora: é o álbum homônimo do Sublime.

Rodrigo: Editors, The Killers, Okkervil River, The Cure, Jeff Buckley.

Otávio: O último do Depecho Mode (Sounds of the Universe), os caras ainda são mestres. La Roux – pela diversão, MGMT e Passion Pit – pela sonoridade e bom gosto que misturam synhts com guitarras.

Onde vocês querem estar daqui a um ano?

Arthur: Na estrada, trabalhando muito, tocando, divulgando, depois de ter gravado o primeiro álbum grande, com todos os hits que temos escondido, como disse o Rafael Ramos. Seria ótimo estar concorrendo ao VMB.

Rodrigo: No VMB.

João: Quero estar na Alemanha e com muito dinheiro, porque lá os instrumentos são baratos.

Otávio: Isso, Alemanha, de onde vêm os melhores synths. Daí, já compro o meu Virus T1 Polar da Access.

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