TOP 50 de discos de 2010 – # 01-10

#01. Kanye West
(My Beautiful Dark Twisted Fantasy)

My Beautiful Dark Twisted Fantasy já pode ser considerado um épico na cultura pop. Kanye West assume a sua personalidade insana e de vilão nas melodias grandiosas e letras biográficas com sinais de arrependimento (“Runaway” na qual promove um brinde à estupidez) de suas atitudes.

Um retrato da vaidade, ambição, ego (“Power”), drogas, pornografia (“Hell of a Life”) e fama sustentado por orquestrações luxuosas, samples escolhidos perfeitamente – como “Avril 14th” de Aphex Twin em “Blame Game ou a releitura de “Woods” de Bon Iver em “Lost in the World” – com inúmeras participações dos mais diversos gêneros musicais, destacando “All of the Lights” com Elton John, Rihanna, Kid Cudi, Alicia Keys, Fergie e até Elly Jackson do La Roux.

Para fechar o trabalho, West utiliza os versos de “Comment #1” do veterano Gil Scott-Heron em “Who Will Survive in America” abordando temas sociais muito mais pertinentes do que suas polêmicas no mundo do entretenimento. Você pode amar ou odiar a imagem de Kanye West, mas não pode negar que ele é um dos gênios da música atual.

Dica de download: “Runaway” (), “All of the Lights” () e “Blame Game” ()

#02. Arcade Fire
(The Suburbs)

Apesar de Funeral continuar sendo a obra-prima do grupo, os canandenses voltam ambiciosos e criativos num repertório rico que funciona como uma carta de amor à vida no subúrbio. As composições e orquestrações são precisas e grandiosas com a inserção de sintetizadores que funcionam perfeitamente em “Sprawl II” com seu piano marcado. Em “Half Light I” e “Half Light II (No Celebration)”, Win Butler e Régine Chassagne vivem os protagonistas de uma história de amor proibido e é nesse universo que The Suburbs relata a dificuldade de entender os jovens (“Rococo”) e sua solidão (“Empty Room) no mundo.

Dica de download: “Empty Room” (), “We Used to Wait” () e “Sprawl II (Mountains Beyond Mountains)” ()

#03. Laura Marling
(I Speak Because I Can)

I Speak Because I Can é a transição da adolescência para a vida adulta da prodiga Laura Marling que lançou seu disco de estreia – o elogiado Alas I Cannot Swim – aos 17 anos. Como uma versão feminina de Nick Drake ou atual de Joni Mitchell, a artista narra histórias de traição (“What He Wrote”), perda (“Goodbye England) e anseios (“Hope In The Air”) de forma literária. Suas composições são polidas pelo folk rústico na produção elegante de Ethan Johns (Rufus Wainwright) e participação dos integrantes do Mumford & Sons.

Dica de download: “Devil´s Spoke” (), “Rambling Man” () e “Goodbye England” ()

#04. Robyn
(Body Talk)

A sueca Robyn é a prova de que é possível fazer música pop e dançante de excelente qualidade, num cenário musical atrolhado de cantoras com prazo de validade. Disparado o melhor disco pop do ano, Body Talk carrega potencial de hit em cada faixa como uma coletânea de êxitos. O synth-pop “Dancing on My Own” – sobre a exaltação de dançar numa festa e lamentar o encontro com um ex-namorado acompanhado -, o mantra de “Don’t Fucking Tell Me What To Do”, a força de “Indestructible” e a parceria com o Röyksopp em “None Of Dem”, tornam Body Talk pulsante até a sua última batida.

Dica de download: “Dancing on My Own” (), “Stars 4-ever” () e “Time Machine” ()

#05. Sleigh Bells
(Treats)

O duo formado por Derek E. Miller e Alexis Krauss proporciona uma guerra de sintetizadores e guitarras distorcidas (“Tell ‘Em” / “Crown On the Ground”) com uma veia punk rock suja (“Infinity Guitars”) em seu álbum de estreia. As melodias efervescentes são confortadas pelo vocal doce de Krauss (“Run the Heart), ex-integrante do teen pop RubyBlue. Treats, com sua música visceral, carrega uma histeria juvenil urgente.

Dica de download: “Crown on the Ground” (), “Kids” () e “Riot Rhythm” ()

#06. Janelle Monáe
(The ArchAndroid)

A ópera soul visionária de Janelle Monáe é uma escola de música. Pega elementos do R&B (“Tightrope”), do rock clássico (“Come Alive”), do jazz (“BaBopByeYa”) e uma carona no indie (“Make the Bus”) com a participação dos excêntricos integrantes do Of Montreal. Monáe é uma princesinha vestida de James Brown pronta para atacar musicalmente o futuro.

Dica de download: “Cold War” (), “Make the Bus” () e “Dance or Die” ()

#07. Sia
(We Are Born)

O toque de midas do produtor Greg Kurstin (Lily Allen, Kylie Minogue) e a presença rock do guitarrista Nick Valensi do Strokes (“Bring Night” / “Stop Trying”) são forças fundamentais nesse We Are Born. Sia, conhecida por seus trabalhos no Zero 7 e o hit “Breathe Me”, não é detentora de nenhum poder das atuais divas da música pop, mas deveria ser coroada com esse disco. As composições carregam um tom alegre e despretensioso (“You´ve Changed”), onde o que importa mesmo é se divertir. Destaque para a balada “I´m in Here” e a interpretação de “Oh Father”, originalmente de Madonna.

Dica de download: “Bring Night” (), “Never Gonna Leave Me” () e “Stop Trying” ()

#08. Zola Jesus
(Stridulum II)

Já no primeiro contato com o álbum Stridulum II, o vocal da jovem Nika Roza Danilova (a.k.a. Zola Jesus) enfeitiça no que soa como um ritual de bruxaria em “Night”. Como uma trilha de filme de terror, a artista nos assombra com suas sobreposições de voz (“I Can’t Stand”) e inserções eletrônicas apreensivas (“Tower” / “Manifest Destiny”). Zola é um encontro extraordinário de Siouxsie Sioux e o Cocteau Twins, ao ponto de deixar suas influências orgulhosas.

Dica de download: “Sea Talk” (), “Night” () e “Run Me Out” ()

#09. Joanna Newsom
(Have One on Me)

Have One on Me, o terceiro álbum da harpista Joanna Newsom, encontra equilíbrio entre o estranho (e adorável) trabalho de estreia The Milk-Eyed Mender com o épico Ys. As dezoito composições – dividas em 3 discos totalizando duas horas – permitem Newsom a explorar mais o piano, contrastando sua harpa (“Good Intentions Paving Co.”) e cordas (“Easy”). Com produção arrojada e vocais mais suaves e menos arranhados, a artista tem outro clássico na discografia.

Dica de download: “Does Not Suffice” (), “Esme” () e “Soft As Chalk” ()

#10. Foals
(Total Life Forever)

O Foals procurou inovação para o sucessor de Antidotes. Com a saída do produtor Dave Sitek (do TV on the Radio) do projeto, foram-se as melodias exaltadas e descompassadas do primeiro disco. Com um novo direcionamento, o grupo soa mais focado e maduro logo no início do álbum com “Blue Blood”. Os vocais de Yannis Phillipakis e as melodias são mais versáteis, tirando a limitação imposta no primeiro lançamento no qual as faixas pareciam muito entre si. As canções são carregadas de emoção crescente (“Spanish Sahara”) com uma cara mais pop (“Miami”), sem perder a identidade (“Total Life Forever”) que os revelou.

Dica de download: “Spanish Sahara” (), “Blue Blood” () e “This Orient” ()