TOP 50 de discos de 2011 – # 01-10

#01. Florence and the Machine
(Ceremonials)

Com suas instrumentações grandiosas, corais de igreja (“No Light, No Light”), tons teatrais (“Shake It Out”), linguagem metafórica (“Seven Devils”) e espiritual (“Only If for a Night”), o pop medieval de Florence Welch volta com o épico sucessor de Lungs (2009) concebido nos estúdios Abbey Road. No mundo espiritual de Ceremonials, o vocal de Welch é uma força da natureza. Contrasta ritmos tribais (“Heartlines”) e sacros (“Leave My Body”), exorciza demônios (“Shake It Out”) e dá passagem a heroínas atormentadas por tragédias pessoais (como Virginia Woolf e Frida Kahlo em “What the Water Gave Me”) para ditar o mantra de seu ritual.

Dica de download: “Lover to Lover” (), “Shake It Out” () e “Leave My Body” ()

#02. Bon Iver
(Bon Iver)

No rústico For Emma, Forever Ago (2008), Justin Vernon pegou sua guitarra, durante um período de isolamento, para registrar a solidão e o fim de um relacionamento. Neste segundo álbum, autointitulado Bon Iver, carrega melodias encantadoras mergulhadas em diversos gêneros musicais – possível influência de sua colaboração em trabalhos de Kanye West e Gayngs. Nota-se na fusão folk / R&B (“Minnesota, WI”), no pop refinado (“Calgary”) ou na atmosfera 80’s de “Beth/Rest”. Se antes as composições eram mais simples, agora são convertidas numa obra sinfônica indie folk que mantém a unidade intimista de sua estreia.

Dica de download: “Michicant” (), “Holocene” () e “Perth” ()

#03. PJ Harvey
(Let England Shake)

“What if I take my problem to the United Nations?”. Neste trabalho conceitual, político e bucólico, PJ Harvey rebusca a história da Inglaterra – e suas guerras, incluindo a Primeira Guerra Mundial – para revelar que o país é origem de seus fantasmas do passado. Como é possível existir amor por uma nação responsável por atos desumanos cometidos em seu nome? Com este embasamento, Harvey conta histórias de carnificina (“The Words that Maketh Murder”), amor/repugnação à Pátria (“England”) e o adeus dos soldados aos seus entes queridos (“Bitter Branches”), armada de sua autoharp e guitarras a postos. Uma verdadeira aula de história na música que a escola não vai te contar.

Dica de download: “The Words that Maketh Murder” (), “England” () e “The Last Living Rose” ()

#04. The Weeknd
(House of Balloons)

A mixtape produzida pelo canadense Abel Tesfaye (a.k.a. The Weeknd) flerta / concentra-se no R&B dos anos 90 em suas inserções eletrônicas turvas, como se estivessem sendo manipuladas pelo How to Dress Well. As composições carregadas de vigor sexual obscuro, em seus contos de luxúria regados a drogas (“House of Balloons / Glass Table Girls”), confrontam expectativas com realidade (“The Morning”) em samples instigantes extraídos de nomes como Beach House e Siouxsie & the Banshees, por exemplo. House of Balloons, assim como nostalgia, ULTRA. (2011) de Frank Ocean, trilha um novo caminho ao gênero.

Dica de download: “Wicked Games” (), “The Morning” () e “The Knowing” () | download do disco

#05. Adele
(21)

21 é como qualquer relacionamento conturbado que acaba. Com seu soul pop romântico, Adele entrega-se de corpo e alma para futricar na ferida. Se em “Rolling in the Deep”, tenta se mostrar forte – vocalmente e nos arranjos produzidos – ao ser rejeitada, no final de sua novela chega ao consenso de que seguirá um caminho amigável em “Someone Like You”. No processo aparecem momentos de negação (“Rumour Has It”), tentativas de volta (“One and Only”) e a aceitação (“Someone Like You”). Na batalha entre a fragilidade e a raiva, com direito a um cover de The Cure (“Love Song”), a inglesa – fenômeno de vendas do ano – prova que não sofre de nenhuma maldição do segundo disco. É apenas o amor que a assusta.

Dica de download: “Turning Tables” (), “Take It All” () e “Rumour Has It” ()

#06. Jay-Z & Kanye West
(Watch the Throne)

O que se pode esperar da união de dois (magnatas) poderosos do hip hop? Uma produção grandiosa, uma coleção de samples calculados (de Nina Simone a Otis Redding), muita adrenalina (“Who Gon Stop Me”), egocentrismo (“Otis”), crítica social (“Murder to Excellence”) e reflexão (“New Day”) seriam respostas. Não bastasse a influência da dupla, o álbum ainda ganha força nas participações especiais de Frank Ocean, Beyoncé, Mr. Hudson, Elly Jackson (La Roux) – com destaque para o momento em que Justin Vernon (do Bon Iver) rouba os versos no funk “That’s My Bitch”.

Dica de download: “Who Gon Stop” (), “Niggas in Paris” () e “Lift Off” ()

#07. Lykke Li
(Wounded Rhymes)

A pureza de menininha do disco de estreia de Lykke Li é abandonada pelo som selvagem e amargurado (para a própria) de Wounded Rhymes. A sueca enfrenta o mundo sem medo das consequências (“Youth Knows No Pain”), fala do poder do sexo feminino (em seu culto de magia negra “Get Some”), mas ao mesmo tempo entrega-se à submissão (“I Follow Rivers”), machuca-se por amor (“Unrequited Love”) e encontra aconchego na solidão (“Sadness is a Blessing”). Em dois anos, Lykke Li amadureceu de forma violenta, carregando novos personagens / traumas em sua bagagem emocional.

Dica de download: “Get Some” (), “Jerome” () e “Sadness is a Blessing” ()

#08. Beyoncé
(4)

Esqueça duas coisas: o fato de Beyoncé ser um fenômeno pop e o baixo índice de vendas obtidos com 4, já que estamos falando da dona do hit “Single Ladies”. Aqui, deparamo-nos com o trabalho mais honesto da artista, pregando influências R&B e soul essenciais em sua carreira – como Prince (na sensualidade e guitarra de “1+1”), Stevie Wonder (“Love on Top” / “Rather Die Young”) e a família Jackson (“End of Time”) – e participações influentes de Kanye West e Andre 3000 (do Outkast) em “Party”. A coroa de rainha do R&B contemporâneo é feita para Beyoncé.

Dica de download: “Countdown” (), “Love on Top” () e “End of Time” ()

#09. St. Vincent
(Strange Mercy)

A multi-instrumentista Annie Clark (a.k.a. St. Vincent) acerta o ritmo / peso de sua guitarra elétrica frenética (“Northern Lights” / “Chloe in the Afternoon”) ao tom de sua voz estrídula e doce. Destila pop (“Cheerleader”) e grooves eletrônicos (“Surgeon”) de suas melodias para chegar na melhor fase de sua carreira com este terceiro álbum de estúdio. Encontra um balanço perfeito entre seu lado obscuro e pessoal, audacioso e puro, num universo de estranhezas e conflitos sonoros.

Dica de download: “Cheerleader” (), “Cruel” () e “Surgeon” ()

#10. Nicole Atkins
(Mondo Amore)

Após o lançamento de seu disco de estreia, Neptune City (2007), o mundo de Nicole Atkins virou de cabeça para baixo. Sua banda (The Sea) a abandonou, sua gravadora (Columbia) encerrou os trabalhos com ela e seu namorado a deixou. É aí que Mondo Amore, lançado pelo selo independente Razor & Tie, difere-se do seu antecessor. Enquanto Neptune City é um registro de lamentações e lembranças de sua cidade natal, Mondo Amore é um álbum de emoções, esperanças e penoso. Neste tornado de sentimentos, Atkins exorciza demônios no rock (na temperamental “You Come to Me”), no blues (“War is Hell”), no country (“My Baby Don’t Lie”) e no soul (“Cry Cry Cry”).

Dica de download: “Vultures” (), “Cry Cry Cry” () e “My Baby Don’t Lie” ()