TOP 50 de discos de 2014 – # 21-30

#21. Neneh Cherry
(Blank Project)

A sueca Neneh Cherry apresenta o álbum Blank Project, produzido por Kieran Hebden (a.k.a. Four Tet) e RocketNumberNine, após dezessete anos do lançamento de Man. A produção eclética vaga por terrenos eletrônicos fervorosos e groove R&B experimental (“Everything”) numa sonoridade carregada para refletir temas delicados como a perda da mãe (“Across the Water” e “Spit Three Times”) e casamento (na violenta “Dossier”). A parceria com a conterrânea Robyn (“Out of the Black”) acaba por ser uma composição descontraída e um atrativo pop no contexto geral de Blank Project.

Dica de download: “Out of the Black” ()


#22. Jack White
(Lazaretto)

“When I say nothing, I say everything”. Jack White é um dos caras mais ocupados da música, mas não deixa a peteca cair quando seu nome está em jogo. Em Lazaretto explora ao máximo suas influências em riffs poderosos e distorcidos numa sonoridade radiofônica (“Lazaretto”), furiosa (“High Ball Stepper”) e homogênea. Com o espírito country rock na história de amantes em “Just One Drink”, pinceladas de blues ou na dramática e pontuada “Would You Fight For My Love?”, White é um “faz tudo” que a nova geração quer ter como exemplo.

Dica de download: “Would You Fight For My Love?” ()


#23. Sondre Lerche
(Please)

O norueguês Sondre Lerche lança o álbum Please para refletir seu divórcio da diretora Mona Fastvold. Mas, engana-se quem imagina que ele vem para se lamentar em melodias baixo astral e lentinhas do início ao fim do registro. Lerche extrai energia para virar a página nos riffs caóticos de “Bad Law” e “After the Exorcism”, em baladas confortantes (“Sentimentalist”) e debatendo frustrações (“Legends”) de maneira eclética e criativa. Please é como uma noite de bebedeira para curar feridas da vida e levantar de cabeça erguida no dia seguinte.

Dica de download: “Bad Law” ()


#24. Alt-J
(This Is All Yours)

Os britânicos do Alt-J têm a missão de entregar um trabalho à altura da estreia do premiado An Awesome Wave (2012) e fugir da fórmula fácil em busca de inovação. Percorrem pela psicodelia rock ‘n’ roll dos anos 70 em “Left Hand Free”, apropriam-se do sample vocal de Miley Cyrus em “Hunger of the Pine” e produzem uma combinação eclética de gêneros para se manterem fiéis à sua sonoridade (“Every Other Freckle”). This Is All Yours é uma viagem introspectiva, charmosa e provocativa que revela uma evolução onde An Awesome Wave termina.

Dica de download: “Every Other Freckle” ()


#25. Damon Albarn
(Everyday Robots)

Damon Albarn toma um tempo para si, longe das produções e dos projetos paralelos – que vão do Blur ao Gorillaz – para trabalhar no disco solo e oferecer um material introspectivo. Aborda temas pessoais como infância (“Hollow Ponds”), drogas (“You And Me”), critica novas tecnologias (“Everyday Robots”), solidão (“Lonely Press Play”), otimismo (em “Heavy Seas of Love” com Brian Eno) e até a história de um elefantinho órfão que conheceu na Tanzânia (no pop selvagem e ingênuo “Mr Tembo”) numa produção inteligente. Nesta “mistura de folk e soul” como o próprio define, junto a sua eletrônica detalhista e orquestrações apuradas, ainda vale destacar Natasha Khan (a.k.a. Bat for Lashes) com seus ecos fantasmagóricos em “The Selfish Giant”.

Dica de download: “Lonely Press Play” ()


#26. Bombay Bicycle Club
(So Long, See You Tomorrow)

Em So Long, See You Tomorrow, o Bombay Bicycle Club aprimora e experimenta novas sonoridades (como o tempero indiano na bollywoodiana “Feel”) em percussões marcais (“It’s Alright Now”), harmonias tropicais (“Luna”) e refrões cativantes (“Home By Now”) na evolução progressiva em sintetizadores (“So Long, See You Tomorrow”), mas sem perder sua aura indie rock para cantar relações estremecidas em “Come To” de versos como “I saw it fading and I have some faith in us”.

Dica de download: “It’s Alright Now” ()


#27. Aphex Twin
(Syro)

O produtor Richard D. James (a.k.a. Aphex Twin) lança o seu primeiro álbum em treze anos e em Syro a eletrônica desregrada ambiente mantém o nível artístico frenético de seus antecessores. Seja nos sintetizadores dançantes, cliques narcóticos, vocais robóticos distorcidos e nos acordes de piano escondidos, a mente de James não envelhece e continua extremamente complexa de desvendar.

Dica de download: “CIRCLONT14 [Shrymoming Mix]”


#28. Imogen Heap
(Sparks)

A cantora/produtora Imogen Heap é uma máquina pop em constante atualização. Sparks extrai suas bases de rituais na Ásia (no hino oriental pop “Cycle Song”) ou a partir de um aplicativo de corrida (“Run-Time”) para desenhar a sonoridade intimista e autobiográfica (na inacabada “The Listening Chair”) cercada de mágica de todos os cantos do mundo (“Minds Without Fear”). Heap é uma máquina humana de emoções com panes de sistema e “downloading romance” para manter-se ativa.

Dica de download: “The Listening Chair” ()


#29. Chet Faker
(Built on Glass)

O produtor australiano Nicholas James Murphy (a.k.a. Chet Faker) surge como um encontro da sensibilidade de James Blake com a elegância do How to Dress Well na sua estreia Built on Glass. Através de sua eletrônica soul, o músico revela sua essência melancólica e solitária com perfeição através de seu vocal penoso (“there’s nothing left for you to say… we used to be friends” como canta em “1998”) numa produção de texturas ricas e emotivas.

Dica de download: “Gold” ()


#30. Future Islands
(Singles)

A sensação de uma viagem pelos anos 80 no diário do Future Islands traz nas suas páginas referência do A-HA, Eurythmics, Kraftwerk (“Spirit”) e Roxy Music (“Like the Moon”) conduzidas pela voz de presença de Samuel Herring. Singles é recheado de hinos synthpop de qualidade nos arranjos new wave e sintetizadores perplexos que combinam melancolia, melodias chicletes (“Back In The Tall Grass” e nos “ooh-hoos” de “Doves”) e baladas poderosas (“Fall From Grace”) nas mãos do trio.

Dica de download: “Seasons (Waiting On You)” ()