Os 50 melhores discos de 2019

50. half•alive
(Now, Not Yet)

Após viralizar com o videoclipe coreografado de “Still Feel.”, um número pop colorido e iluminado pela aura disco, o trio norte-americano half•alive apresenta o seu disco de estreia Now, Not Yet. Procurando manter-se fiel as influências pop, funk e soul, com autenticidade (“Maybe”) e esplendor (“Runaway”“Pure Gold”), o grupo conta com o suporte de presenças ilustres de artistas como Kimbra (na calorosa “Ice Cold.”) e Samm Henshaw (em “Rest”) no trabalho.

Dica de download: “Runaway”


49. Elza Soares
(Planeta Fome)

“Eu não vou sucumbir” (“Libertação”). Em tempos de “ninguém solta a mão de ninguém“, a voz distinta de Elza Soares é um ato de resistência em seu samba rock contemporâneo. Em Planeta Fome, ela não se cala e retrata um país aos pedaços. A voracidade de Elza é por esperança (“País do Sonho”), igualdade (“Não Recomendado”), justiça social (“Não Tá Mais De Graça”) e, acima de tudo, amor (“Lírio Rosa”).

Dica de download: “Lírio Rosa”


48. Maggie Rogers
(Heard It In A Past Life)

Maggie Rogers – descoberta por Pharrell Williams num curso de música – escreve canções espontâneas e poderosas sobre apaixonar-se (“Burning”), ter seu coração despedaçado (“Retrograde”), reviver novos romances e encontrar sua honra (“Alaska”). Suas melodias são um híbrido folk e eletrônico, floridas numa atmosfera mágica, com um violão acústico e batidas minimalistas para refletir sua ainda curta jornada (“Light On”).

Dica de download: “On + Off”


47. Tei Shi
(La Linda)

A cantora e compositora Valerie Teicher (a.k.a. Tei Shi) volta com La Linda, o sucessor do brilhante álbum de estreia Crawl Space. Contemplado por seu R&B amavioso (“Addict” e “Red Light”), eletrônica cativante (“Alone in the Universe”), particularidades de suas origens latinas (“A Kiss Goodbye” com influência bossa nova) e números românticos na companhia de colaboradores como Blood Orange (“Even If It Hurts”), o disco esbarra com um equilíbrio entre prazer e melancolia no vocal suave da artista.

Dica de download: “Even If It Hurts”


46. MUNA
(Saves The World)

Em seu segundo disco de estúdio, o trio pop MUNA convoca o produtor Mike Crossey (Wolf Alice, The 1975) para iluminar sua melancolia em sintetizadores nostálgicos (“Who”), grooves pontuados e beats eletrônicos libertadores (“Never” e “Pink Light”) que desenham suas histórias honestas de desgosto (“Stayaway”) e encontrar o amor próprio (“Number One Fan”).

Dica de download: “Never”


45. Angelo De Augustine
(Tomb)

A musicalidade íntima e graciosa de Angelo De Augustine acende em seu vocal suspiroso, nas brandas notas ao piano, nos arranjos simples do violão acústico e na produção minimalista de Doveman. Tudo muito minucioso e com grande poder em composições que refletem perdas (“Kaitlin”) e procuram manter-se otimistas (“Time”), distanciando dores do passado em sua essência silenciosa, poderosa e precisa.

Dica de download: “Tomb”


44. Dorian Electra
(Flamboyant)

A sensação Dorian Electra, artista gênero fluído que constrói um pop inovador e motivado por diferentes sonoridades – da música barroca (“Flamboyant”) para o heavy metal à batidas metálicas futuristas (“Mr. To You”) – compartilha o disco de estreia Flamboyant, um trabalho provocador e intenso em sua pluralidade, com maestria.

Dica de download: “Career Boy”


43. Karen O & Danger Mouse
(Lux Prima)

O encontro musical de Karen O (do Yeah Yeah Yeahs) e o produtor Danger Mouse, como Lux Prima, desenha ambientes fantásticos numa sonoridade cinematográfica sombria e composições de escusa. Sua odisseia reflexiva transita pelo spaghetti western, folk alucinógeno (“Ministry”), natureza punk (na empoderada “Woman”), nostalgia pop groove (“Leopard’s Tongue”) e melancolia disco funk (“Turn the Light”).

Dica de download: “Woman”


42. Jade Bird
(Jade Bird)

O álbum de estreia de Jade Bird inclui rock, country e pop num conjunto de músicas agitadas e brutalmente sinceras (“I Get No Joy”) que deslizam pelo vocal doce (“My Motto”) e furioso da garota. Suas hábeis composições são direcionadas para ex-namorados que tratam o amor como um jogo (“Lottery”) e acreditam estar no poder de um relacionamento tóxico (“Uh Huh”).

Dica de download: “Uh Huh”


41. Emicida
(AmarElo)

AmarElo vem para falar de amor, amizade, religião, preconceito, liberdade e violência. Cada faixa é um fragmento de uma alma de nuances, tristezas e benevolência em busca de tratamento e reflexões sobre a sociedade atual. O projeto reúne heranças, referências e particularidades encontradas na magnitude da música brasileira, propondo um olhar sobre a grandeza da humanidade.

Dica de download: “AmarElo”


40. Clairo
(Immunity)

Immunity é o disco de estreia da cantora e compositora Claire Cottrill (a.k.a. Clairo), um case de publicidade a ser estudado após o single viral “Pretty Girl” no YouTube em 2017 e a promoção do EP Diary 001. Auxiliada pelo produtor Rostam (ex-Vampire Weekend) e colaboração de Danielle Haim na bateria em algumas faixas, a prodígio do indie pop retrata ânsias juvenis, descobertas (“Bags”), relações homoafetivas (“Sofia”), desejos e frustrações (“Closer to You”) num trabalho formoso e íntimo.

Dica de download: “Bags”


39. Thiago Pethit
(Mal dos Trópicos)

Em Mal dos Trópicos (Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação), produzido e orquestrado de forma magistral por Diogo Strausz, o músico Thiago Pethit leva a tragédia do mito grego Orfeu para as ruas da noite suja da cidade de São Paulo. Há um encontro entre os arranjos de Strausz com referências e influências clássicas (Abre-alas), batidas de trip hop (“Noite Vazia”“Me Destrói”), samba (“Rio”) e jazz (no cover de “Nature Boy”) para delinear as desventuras deste anti-herói.

Dica de download: “Orfeu”


38. Sigrid
(Sucker Punch)

Em sua estreia, a norueguesa Sigrid nos entrega uma coleção de hinos pop confiantes, porém frágeis, em sua eletrônica emotiva de sintetizadores inquietos (“In Vain”) e cordas orquestradas acentuadas (“Don’t Feel Like Crying”“Sight of You”). Um trabalho coeso para tratar relações amorosas e expectativas (“Strangers”) de uma garota, de vinte e poucos anos, sem medo de ser ela mesma.

Dica de download: “Strangers”


37. The National
(I Am Easy to Find)

O oitavo disco do The National é construído a partir do curta-metragem dirigido pelo cineasta Mike Mills ou o “Lemonade para pessoas depressivas” como a banda define. O som expansivo, as melodias que vão da eletrônica sutil a arranjos épicos (“Ryan”), o vocal barítono de Matt Berninger, a abundância de vozes femininas (“Not In Kansas“Dust Swirls In Strange Light”) e um maior dinamismo entre canções com texturas musicais de maior delicadeza contribuem para que as composições existenciais passem a soar exatamente como um filme da vida: nos lembra do passado e dos dias que estão por vir.

Dica de download: “Light Years”


36. Foals
(Everything Not Saved Will Be Lost Part 2)

O Foals mostra a segunda parte de Everything Not Saved Will Be Lost tomado por guitarras enfatizadas por riffs grandiosos (“The Runner”) e percussão possante (“Black Bull”), para responder os questionamentos da primeira parte do registro, focado em sua consciência e tendência destrutiva num mundo prestes a chegar ao fim (“Wash Off”). É um disco de rock catártico e visceral para encerrar o que se começou na companhia do produtor Brett Shaw.

Dica de download: “The Runner”


35. CHAI
(PUNK)

As quatro meninas japonesas responsáveis pela disco pop funky punk eletrônica do CHAI entregam uma sonoridade graciosa, intensa e desordenada em PUNK. Exalam uma energia explosiva em seu caleidoscópico sonoro, que evoca nomes como CSS, Tom Tom Club e Superorganism, auxiliadas por letras de empoderamento (como a sarcástica “Great Job”), desalentos (“Feel the Beat”) e desconstrução da super fofura do termo “kawaii”.

Dica de download: “Fashionista”


34. Nilüfer Yanya
(Miss Universe)

Com uma coleção de composições ecléticas traçadas por gêneros como R&B, indie rock, pop e jazz, a cantora e compositora londrina Nilüfer Yanya apresenta um retrato íntimo de medos e emoções para compreender sua identidade (“Monsters Under The Bed”). Concentra-se, principalmente, em lutas com amor próprio, ansiedade e paranoia (“In Your Head”), com algumas exceções de canções amarguradas de amor (“Baby Blu”).

Dica de download: “In Your Head”


33. BABii
(HiiDE)

BABii estuda seus limites musicais através de sua eletrônica dream pop experimental em uma jornada dramática, enigmática e sentimental que evoca nomes como Purity Ring, FKA twigs e Fever Ray. Com melodias vertiginosas de texturas irregulares (“SKiiN”), montadas em sintetizadores cintilantes e beats ágeis (“VOLCANO”), é o vocal cristalino da artista e letras sinistras (como a relação tóxica de “CARNiiVORE”) que garantem autenticidade ao material e o tornam condizente.

Dica de download: “SKiiN”


32. Brittany Howard
(Jaime)

A cantora, compositora e guitarrista Brittany Howard, conhecida por seus feitos no Alabama Shakes, mostra o seu primeiro disco solo Jaime. Liricamente, as músicas exploram claramente o ponto de vista da artista, expondo traumas de seu passado (como a perturbadora “Goat Head”, que narra um crime de ódio racial contra sua família), sexualidade, furor político (“Georgia”) e religião (“He Loves Me”). Diante de tantos temas, Brittany encontra equilíbrio e soberania em sua potência vocal e melodias assertivas calcadas no blues rock, jazz, funk, soul e psicodelia.

Dica de download: “History Repeats”


31. Foals
(Everything Not Saved Will Be Lost Part 1)

Na primeira parte de Everything Not Saved Will Be Lost, o Foals entrega uma trilha sonora focado tematicamente nos efeitos da tecnologia moderna (“Syrups”), instabilidade política e social (“On the Luna”), mudanças climáticas e extinções em massa (“Sunday”). Essa combinação, moldada pelo rock próprio da banda de Yannis Philippakis, cria uma premonição de desastres e questionamentos a partir de um lembrete de uma máquina de que “tudo que não for salvo estará perdido”.

Dica de download: “In Degrees”


30. Ana Frango Elétrico
(Litte Electric Chicken Heart)

Em seu segundo disco de estúdio, a jovem cantora e compositora carioca Ana Fainguelernt (a.k.a. Ana Frango Elétrico) progride na proposta musical iniciada em Mormaço Queima. Com suas letras transformadoras e românticas satíricas, Little Electric Chicken Heart é desenrolado na participação de músicos de diversas gerações que se apropriam de rock clássico, bossa nova, chamber pop e jazz para dessa mistura beberem da fonte de nomes como Os Mutantes, Novos Baianos, Tom Zé e outros gigantes da MPB.

Dica de download: “Promessa e Previsões”


29. Billie Eilish
(When We All Fall Asleep, Where Do We Go?)

Billie Eilish, com seus vocais sussurrados e instigantes, aborda terrores noturnos, anseios juvenis, rejeições, mudanças climáticas, religião e suicídio. Sua música vaga por baladas frágeis (“Xanny” e “I Love You”), situações de extremo delírio pop (“Bad Guy”“Bury a Friend”) ou até mesmo ares circenses (“All the Good Girls Go to Hell”) para desenhar o novo ícone de uma geração em formação.

Dica de download: “Bury a Friend”


28. MC Tha
(Rito de Passá)

“Na fé de Zambi e de Oxalá, pedimos licença pros trabalhos começar…”. Motivando um diálogo entre os tambores da umbanda e as batidas do funk carioca, Ritual de Passá é uma maneira de celebrar e convocar uma força maior para ensinar a lidar com as dores, felicidades, inseguranças, espera. É um levantar de bandeiras brancas para tempos difíceis e a nossa guerra interna.

Dica de download: “Comigo Ninguém Pode”


27. James Blake
(Assume Form)

Assume Form é moldado pelas serenatas eletrônicas (“Can’t Believe the Way We Flow”) e falsete fatídico de James Blake. O trabalho é influenciado pelo seu romance com a atriz Jameela Jamil e manifesta uma honestidade para tratar uma paixão que se molda a partir de medos (“Are You In Love?), fases de depressão por parte de Blake (“Don’t Miss It”) e reciprocidade (“I’ll Come Too”).

Dica de download: “Don’t Miss It”


26. Thom Yorke
(ANIMA)

Thom Yorke, o vocalista do Radiohead, publica o seu terceiro registro solo e que define como “um pesadelo eletrônico alimentado pela ansiedade de um mundo distópico”. O trabalho trafega por sintetizadores e beats desalinhados para questionar a liberdade e um sentimento de vazio existencial (“Traffic”“Last I Heard (…He Was Circling The Drain)”), sem perder o otimismo (“Twist”), ao entrar em estado de transe com artefatos sonoros e vocais hipnóticos para libertar-se desta prisão psicológica em que somos inseridos.

Dica de download: “Last I Heard (…He Was Circling The Drain)”


25. King Princess
(Cheap Queen)

A jovem cantora Mikaela Strauss (a.k.a. King Princess), protegida de Mark Ronson em seu selo Zelig, apresenta o seu disco de estreia como uma versão reciclada de artistas como Fiona Apple e Rachael Yamagata, mas com uma identidade própria. Seus conflitos e relações amorosas (“Ain’t Together”) vem embaladas em melodias galantes (“Prophet”) com letras diretas e apimentadas (“Hit the Back”) que a transformam em um novo ícone gay.

Dica de download: “Hit the Back”


24. Céu
(APKÁ!)

APKÁ! é uma progressão do registro anterior, Tropix, em melodias e eletrônica influenciada pelos anos 1980. Com elementos do funky groove (“Fênix do Amor”), sonoridade tropical (“Nada Irreal”) e deslumbrantes serenatas comprometidas com sintetizadores e beats precisos (“Corpocontinente” e “Make Sure Your Head Is Above”), Céu emoldura sinceros contos de amor.

Dica de download: “Ocitocina (Charged)”


23. Caroline Polachek
(Pang)

A ex-integrante do duo pop eletrônico Chairlift apresenta o álbum solo Pang após projetos como o “pastoral eletrônico experimental” Ramona Lisa e o conceitual CEP. De canções pop dramáticas (“Ocean of Tears” e “Look At Me Now”), caleidoscópicas (“Door”) e entusiastas (“So Hot You’re Hurting My Feelings”), Polachek equilibra todas as suas facetas musicais em um único corpo e nos faz sonhar com outros universos.

Dica de download: “So Hot You’re Hurting My Feelings”


22. Anna Wise
(As If It Were Forever)

A cantora e compositora Anna Wise, lembrada pelos trabalhos na companhia de Kendrick Lamar, lança o disco de estreia após uma série de EPs bem sucedidos. Suas canções são embaladas por um R&B suave, sintetizadores elegantes e uma aura funky jazz classuda em números românticos (“Abracadabra” e “What’s Up With You?”) e de empoderamento feminino (“Nerve”). Destaque para as colaborações com Denzel Curry, Little Simz, Pink Siifu e Jon Bap no registro.

Dica de download: “Nerve”


21. Kevin Abstract
(ARIZONA BABY)

Em ARIZONA BABY, o rapper Kevin Abstract, gay assumido, faz diversas reflexões sobre sua vida (“Joyride”) em rimas sensíveis guiadas por um R&B eclético. Temas como drogas (“American Problem”), ídolos de infância (“Corpus Christi”), depressão (“Mississippi”), relações amorosas (“Peach”) e interpessoais (como a balada “Crumble” com os vocais de Jack Antonoff – um dos produtores do disco) resultam numa obra carismática que recende sinceridade em seus versos.

Dica de download: “Georgia”


20. Big Thief
(U.F.O.F.)

Há uma beleza sobrenatural na simplicidade de U.F.O.F.. Suas melodias folk doces e tristes lidam com temas sobre amores, perdas (“Open Desert” e “Terminal Paradise”) e saudades cercadas por um fascínio nos mistérios da vida e seus personagens fictícios (“Contact”) inventados com ares de inocência pelo quarteto norte-americano.

Dica de download: “Cattails”


19. Nick Cave and the Bad Seeds
(Ghosteen)

Ghosteen é influenciado em parte pela morte acidental do filho de 15 anos de Nick Cave em 2015. As músicas têm pouco ritmo ou estrutura. São embaladas por uma melodia que mistura elementos eletrônicos cósmicos e melancólicos ao espelhar a desorientação que o sofrimento proporciona e encaminha a obra. O aspecto mais surpreendente passa a ser a franqueza de suas letras e como Cave dá sentido à perda e infortúnios em um mundo que perdeu seu encantamento (“Brigh Horses” e “Waiting For You”). Um dos relatos mais devastadores e precisos de tristeza que você vai ouvir.

Dica de download: “Bright Horses”


18. Jamila Woods
(LEGACY! LEGACY!)

O segundo trabalho da professora, ativista e poeta Jamila Woods é uma celebração aos seus heróis e artistas negros favoritos. Cada faixa tem o nome de um gigante criativo (Jean-Michael Basquiat, James Baldwin, Frida Kahlo, Eartha Kitt, Miles Davis, entre outros) que serve para examinar a vida através dos olhos destes ícones culturais moldado ao R&B e soul contemporâneo de Woods. “BETTY (for Boogie)” é uma homenagem a house music que se originou em Chicago, “MUDDY” evoca riffs blues pensando no lendário Muddy Waters e, seguindo nesse caminho, esculpe a sua própria curadoria artística para se certificar que a música é elemento social necessário.

Dica de download: “BETTY (for Boogie)”


17. (Sandy) Alex G
(House of Sugar)

O multi-instrumentista Alex Giannascoli, o nome por trás de (Sandy) Alex G, compartilha um resultado meticuloso e coeso em House of Sugar. Sua melancolia, à la Elliott Smith e Sufjan Stevens, resulta em devaneios cinematográficos (“Hope”“Southern Sky”) e fantasiosos (“Near”) ao longo do registro. As encantadoras orquestrações, contrastadas por elementos do folk pop e eletrônicos acurados, confortam o ouvinte no doloroso universo sentimental de Alex (“In My Arms”).

Dica de download: “Gretel”


16. Sharon Van Etten
(Remind Me Tomorrow)

Em Remind Me Tomorrow, produzido por John Congleton (Angel Olsen, St. Vincent), a cantora e compositora Sharon Van Etten implementa o uso de linhas de baixo pesadas (“You Shadow”) e mais sons eletrônicos (“Jupiter 4”) para adaptarem-se à sua transformação sonora e melodias otimistas. A tensão entre a musicalidade de Van Etten e a pitada sônica caótica de Congleton estruturam canções confessionais intensas (“I Told You Everything”) trilhadas pelo vocal suave e maduro da artista.

Dica de download: “Seventeen”


15. Aldous Harding
(Designer)

A neozelandeza Aldous Harding cura as mágoas do trabalho anterior, Party, em seu folk pop afortunado e mais uma vez supervisionado pelo produtor John Parish (conhecido pelos trabalhos com PJ Harvey). Mostra-se livre de ressentimentos de um antigo relacionamento (“Fixture Picture”“Weight of the Planets”) e preparada para encontrar novos desafios nas belezas da vida (“Zoo Eyes”), mesmo que ainda rodeada de um mal existencial (“Heaven Is Empty”) e dificuldades para se relacionar (“Damn”).

Dica de download: “The Barrel”


14. Angel Olsen
(All Mirrors)

Em All Mirrors, Angel Olsen mergulha em direção a destinos e revelações pessoais auxiliada pela produção deslumbrante do produtor John Congleton. Frases aparentemente simples expandem-se para ideias maciças sobre a incapacidade de amar (“Lark”) e a solidão universal. Arranjos épicos de cordas, sintetizadores inflados e uma aura mágica de Kate Bush (“All Mirrors”“Summer”) surgem para impulsionar o teor apocalíptico e afetivo da artista que corre em busca da capacidade de colher um novo amor e acreditar nas mudanças.

Dica de download: “Lark”


13. Helado Negro
(This Is How You Smile)

O cantor e compositor Roberto Carlos Lange (a.k.a. Helado Negro) acoberta suas letras numa sonoridade synth folk cósmica aconchegante para trazer temas profundamente pessoais relacionados à suas heranças e ao seu passado (“Pais Nublado”), incluindo permanecer feliz e alegre em situações árduas (“Imagining What to Do”“Fantasma Vaga”), como crescer em uma casa de imigrantes (“Please Won’t Please”) e preservar sua identidade familiar. This Is How You Smile é uma volta à infância.

Dica de download: “Running”


12. Little Simz
(GREY Area)

A rapper inglesa Little Simz chega ao seu terceiro disco de estúdio, GREY Area com versos centrados no amadurecimento pessoal (“101 FM”), inseguranças típicas da vida adulta, atos de violência social (“Wounds) e relacionamentos desperdiçados (“Sherbet Sunset”) da melhor forma possível. As faixas navegam com lógica entre hip hop, funk, soul e jazz permitindo a artista demostrar a sua arte da melhor forma possível: de maneira corajosa, vulnerável e honesta.

Dica de download: “Selfish”


11. Kim Gordon
(No Home Record)

A icônica Kim Gordon, co-fundadora do Sonic Youth, lança o seu primeiro álbum solo. O trabalho, produzido por Justin Raisen (Angel Olsen, Sky Ferreira), é embalado numa sonoridade caótica (“Sketch Artist”) e imediata de guitarras distorcidas (“Air BnB”), batidas pesadas (“Hungry Baby”) e o vocal notável de Gordon que visita o industrial, o minimal rock e o punk com relevância no trabalho.

Dica de download: “Hungry Baby”


10. Lana Del Rey
(Norman Fucking Rockwell)

Lana Del Rey lança o seu sexto disco de estúdio, Norman Fucking Rockwell!, com o olhar apurado do produtor Jack Antonoff que acrescenta elementos da surf music, guitarras elétricas e sons de Laurel Canyon aos devaneios românticos (“Fuck It I Love You” e “Love Song”), sentimentais (“How to Disapper”), nostálgicos (“The Next Best American Record”) e cinematográficos (“Venice Beach”) imaginados em filme super 8 pela artista.

Dica de download: “Fuck It I Love You”


09. Charli XCX
(Charli)

Depois de uma série de mixtapes, a britânica Charli XCX vem com um ‘squad’ versátil em Charli. Na companhia de nomes que vão do indie (Clairo, Sky Ferreira e Haim) ao mainstream (Lizzo e Pabllo Vittar), a artista concede um manifesto de distração (“1999”) e compaixão (“Cross You Out”) embriagado em sua eletrônica vertiginosa e eufórica (“Shake It” e “Gone”).

Dica de download: “Gone”


08. SAULT
(5)

O projeto secreto SAULT pode ser resumido em sua sonoridade que combina o groove do Jungle, o dinamismo alt-pop do tUnE-yArDs, a eletrônica sintetizada de KAYTRANADA, a classe nostálgica de Anderson .Paak e vocais animadores com o espírito do The Go! Team. São quatorze faixas que percorrem diversos estilos de maneira simultânea, de ritmos africanos enfático (“Up All Night”) aos tempos áureos do Soul Train e da música negra (“Don’t Waste My Time”“Masterpiece”), permitindo que cada composição se sobressai de modo natural e único.

Dica de download: “Let Me Go”


07. Solange
(When I Get Home)

O quarto álbum de Solange é uma coleção de devaneios sobre família, feminismo, música e cultura negra – e uma carta de amor à Houston (“Down with the Clique” e “Way to the Show”), sua cidade natal. O trabalho é uma mistura de R&B, o estilo de hip hop de Houston e cosmic jazz com colaborações significativas de nomes como Pharrell Williams, Tyler, the Creator, ABRA, Sampha, Dev Hynes (a.k.a. Blood Orange), o pop experimental de Panda Bear, entre outros. Se o lançamento anterior foi sua declaração de propósito sobre a identidade feminina negra, When I Get Home é ela colocando esses pontos de tese em ação.

Dica de download: “Binz”


06. Bon Iver
(i,i)

O quarto álbum do Bon Iver é a conclusão de um ciclo iniciado com For Emma, Forever Ago há mais de dez anos. Com sua fusão de indie, folk e música eletrônica, Justin Vernon combina as sonoridades dos três trabalhos anteriores, vagando por momentos acústicos (“Marion”) e outros de experimentações (“iMi” com a colaboração de James Blake e “We”), aliado de sua delicadeza impecável para abordar temas e relações de cunho pessoal (“Hey Ma”) como o título da obra reforça.

Dica de download: “Hey, Ma”


05. Vampire Weekend
(Father of the Bride)

Após um intervalo de seis anos e a saída de Rostam Batmanglij, a banda de indie rock volta em forma astuta com o seu quarto trabalho de estúdio produzido por Ariel Rechtshaid e o vocalista Ezra Koenig. O grupo procura se reinventar (como na psicodélica “Flower Moon”) e soar despretensioso, sem perder sua essência (“Sympathy”) nas letras sobre felicidade duradoura, relacionamentos (“This Life” e “Unbearably White”), medos da vida adulta (“2021”) e desastres pessoais. Com colaborações de nomes como Dave Longstreth (Dirty Projectors), Steve Lacy, Danielle Haim e Jenny Lewis, Father Of The Bride soa como um trabalho entre amigos e um colcha de retalhos sonora que poderia ser um desastre, mas torna-se um sucesso.

Dica de download: “This Life”


04. Big Thief
(Two Hands)

Two Hands é o segundo álbum do Big Thief neste ano. Suas músicas foram gravadas ao vivo, praticamente sem overdubs. Quase todas as faixas apresentam tomadas vocais inteiramente ao vivo, deixando a voz de Adrianne Lenker vulnerável. Onde o álbum anterior (U.F.O.F.) levita com sons e efeitos misteriosos, Two Hands cria-se na crueza, na negatividade (“Not”) e na intimidade (“Forgotten Eyes”) do quarteto.

Dica de download: “Not”


03. Weyes Blood
(Titanic Rising)

Em Titanic Rising, a cantora e compositora Natalie Mering (a.k.a. Weyes Blood) expande sua paleta sonora em uma produção pop nostálgica (“Something to Believe”) de sintetizadores arejados e arranjos de cordas memoráveis (“Movies”). Sugerindo uma reformulação contemporânea de Laura Nyro, Harry Nilsson, Carole King e Joni Mitchell, o trabalho sucede numa peça pessoal (“Picture Me Better”) e monumental dos inquietos relacionamentos modernos (“Everyday”) que estão à sombra da infelicidade (“Mirror Forever”).

Dica de download: “Movies”


02. Tyler, the Creator
(IGOR)

IGOR é um disco sobre se apaixonar, ficar obcecado por essa relação (“I THINK”), desviar os caminhos amorosos para um fim (“GONE, GONE / THANK YOU”) e tentar manter uma amizade (“ARE WE STILL FRIENDS?”). Com elementos de pop, jazz, funk e dance, Tyler, the Creator expressa a sua vulnerabilidade romântica e estado mental em composições ecléticas na companhia de nomes como Kanye West, Charlie Wilson, CeeLo Green, La Roux, entre outros parceiros.

Dica de download: “EARFQUAKE”


01. FKA twigs
(MAGDALENE)

A cantora, produtora, compositora britânica Tahliah Barnett (a.k.a. FKA twigs) lança o seu segundo álbum de estúdio, o sucessor de LP1, MAGDALENE. Alimentado por sua sensibilidade eletrônica (“Cellophane”) e embriagado em dramas pessoais para expressar traumas emocionais (“Sad Days”) e físicos (Barnett teve seis tumores benignos removidos de seu útero, resultando numa depressão – “Daybed”), o registro é um manifesto calcado no amor (“Home with You”) e salvação (“Holy Terrain”). Suas melodias lutam com paixão e potência através da sonoridade excêntrica (“Fallen Alien”) da artista.

Em MAGDALENE, Barnett utiliza-se da simbologia atrelada à figura bíblica de Maria Madalena para encontrar cura, piedade e desvincular a imagem de um arquétipo paternalista imposto pela história. FKA twigs é uma força da natureza e sua voz o recurso.

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