Em seu novo álbum, a rapper M.I.A. deixou a essência do funk carioca de lado, partindo em busca de novas inspirações que chegam da Ásia e da África.
Kala seduz nas batidas e ritmos precisos, assim como o álbum anterior Arular, levantando questões políticas em suas letras – por exemplo, a faixa “Bird Flu” (vídeo) aborda os problemas enfrentados por imigrantes de países pobres – em sonoridades que atravessam continentes.
“Jimmy” (vídeo), uma versão de uma canção de Disco Dancer (clássico de Bollywood dos anos 80), flerta com elementos indianos adicionados a ABBA e Os Embalados de Sábado à Noite em sua melodia. Por sua vez, “Hussel” sujeita-se a ser um electro tribal, contando com o auxílio do rapper Afrikan Boy. Em “20 Dollar” – não se trata de uma continuação de “10 Dollar” do álbum anterior – a artista utiliza sintetizadores e o sample de “Blue Monday” do New Order, sem ser medíocre na escolha, para fazer sua versão de “Where is My Mind?” do Pixies. Faixa obrigatória.
Outro momento de criatividade é a “quase-balada” “Paper Planes”” na qual M.I.A. aproveita-se de tiros de rifles e canta ao som de uma caixa registradora que tudo que ela precisa é de nosso dinheiro.
O multi-culturalismo continua evidente em Kala, sem necessitar exclusivamente do funk carioca para tomar as rédeas e guiar sua carreira. E por incrível que pareça, a faixa com a participação do aclamado produtor Timbaland (“Come Around”) é a que menos se destaca diante de tanta representatividade que as composições em geral carregam.
Diferente de seu antecessor, que apresenta hits como “Galang” e “Bucky Done Gone”, Kala funciona melhor como um disco completo, do início ao fim.
Dica de download: “Hussel”, “20 Dollar” e “Paper Planes”