TOP 50 de discos de 2007 – # 01-10

# 01. Arcade Fire
(Neon Bible)

Da apocalíptica “Black Mirror” à redenção em “My Body is a Cage”, Neon Bible é um álbum completo que duela nos seus 45 minutos de duração. Se a tarefa de retornar com um disco à altura de Funeral era difícil, a evolução do Arcade Fire permite cumprir o seu papel de forma espetacular, superando os seus próprios limites. Gravado numa Igreja, com um órgão que substitui as guitarras quando ausentes (“Intervention”), as orquestrações encantadoras beiram entre o belo e o sujo, a paz e o caos neste obra-prima.
Aleluia, o Arcade Fire está entre nós!

Dica de download: “My Body is a Cage” (MP3), “Keep the Car Running” e “Ocean of Noise”

# 02. PJ Harvey
(White Chalk)

Desenhado em notas de piano, White Chalk não tem cara de ser um disco da mesma autora de álbuns intensos e afundados em guitarras como Dry e Rid of Me. Valorizando a solidão e o silêncio, Harvey caracteriza-o com uma fragilidade incomum – seja nos instrumentos ou no vocal sombrio – e letras pessoais que funcionam como diálogos em busca de uma salvação impossível.

Dica de download: “The Mountain”, “The Piano” (vídeo) e “Grow Grow Grow”

# 03. Lucinda Williams
(West)

Lucinda Williams, um dos grandes nomes da música alt-country norte-americana, fez de seu último álbum um clássico. As canções de West têm vida longa, passeando pelo blues, folk e country no vocal de tom embriagado da cantora. Grande parte do obra concentra-se na morte de sua mãe (“Mama You Sweet” e “Fancy Funeral”) e o fim de um relacionamento (destacando a excelente “Come On”). Diante dos fatos, canções como “Are You Alright?” e “Learning How to Live” soam introspectivas e moldadas no estado emocional de Lucinda.

Dica de download: “Come On”, “Are You Alright?” (vídeo) e “Wrap My Head Around That”

# 04. Nicole Atkins
(Neptune City)

Nicole Atkins não é o tipo de cantora convencional. Neptune City é um dos álbuns mais elegantes do ano. Seja no vocal carismático e teatral de Atkins – que atinge níveis de interpretação que remete, de certa forma, Rufus Wainwright – ou nas instrumentações extremamente meticulosas das faixas (“Together We´re Both Alone”). Com canções de cortar o coração de modo clássico (“The Way It Is”) ou retratar a passagem da infância à maturidade da cantora (“Cool Enough”), a supervisão refinada do produtor Rick Rubin faz de Neptune City e Nicole Atkins uma das artistas mais promissoras do ano (que vem). Destaque para o rock moderno de “Love Surreal”.

Dica de download: “Party’s Over” (MP3), “Together We’re Both Alone” e “Brooklyn’s on Fire!”

# 05. The Bird and the Bee
(The Bird and the Bee)

A decisão da cantora Inara George e do multi-instrumentista Greg Kurstin de fazer um projeto que unisse o pop eletrônico e jazz, estilo admirado por ambos, resulta num trabalho moderno repleto de referências das antigas. Denominam-se como “um filme futurista dos anos 60 passado no Brasil” – esse no Brasil, pelo fato do duo carregar certa porcentagem do trabalho dos Mutantes neste pop-retrô criado por eles. O fato é que as influências significam muito no resultado final, ganhando pontos com o conhecimento de estúdio de Kurst e a delicadeza vocal de George.

Dica de download: “Again & Again” (vídeo), “La La La” e “F*cking Boyfriend”

# 06. Rilo Kiley
(Under the Blacklight)

Under the Blacklight é o disco mais radiofônico do Rilo Kiley. Com letras sobre a difícil vida de Los Angeles, como a indústria pornô e seus perigos (“Close Call”), o vocal da princesinha indie Jenny Lewis continua meigo entre os temas. Nas melodias aproveita-se elementos do funk dos anos 70 em “The Moneymaker”, um rockzinho praiano com direito a palminhas em “Smoke Detector” e um pop caliente apressado em “Dejalo”. A conclusão é que Under the Blacklight é o álbum que merece o título de “ame ou odeie”.

Dica de download: “Breakin’ Up”, “Silver Lining” (vídeo) e “Smoke Detector”

# 07. M.I.A.
(Kala)

Kala flerta com percussão e ritmos precisos, assim como o seu antecessor Arular. Apresenta questões políticas em seu registro – por exemplo, a faixa “Bird Flu” e “Paper Planes” abordam problemas enfrentados por imigrantes de países pobres e seus passaportes apreendidos – em sonoridades que atravessam continentes. Desta vez, M.I.A. deixa a essência do funk carioca de lado e parte em busca de novas inspirações que chegam da Ásia e da África. Diante das influências, ainda insere fórmulas do New Order e do Pixies – na faixa “20 Dollar” – para desenvolver este segundo trabalho de forma extraordinária.

Dica de download: “Paper Planes” (vídeo / MP3), “Boyz” e “Hussel”

# 08. Sondre Lerche
(Phantom Punch)

Ano passado, Sondre Lerche apresentou um jazz tradicional com o álbum Duper Sessions. Agora retorna para provar sua versatilidade como artista. Ele cria um trabalho numa nova linha musical e visita um território de roqueiros junto com a sua bagagem pop certeiro. Phantom Punch, se não for exagerado, traz as melhores composições de sua carreira. Lerche aproveita o seu talento de escrever baladas (“After All”) e insere uma energia contagiante em suas sonoridas (“The Tape” e “John, Let Me Go”) neste trabalho ainda a ser admirado por muitos.

Dica de download: “The Tape”, “Phantom Punch” (vídeo) e“Airport Taxi Reception” (MP3)

# 09. Kanye West
(Graduation)

Graduation é, além de compacto, o álbum mais acessível de Kanye West. Sem se prolongar na duração, vai direto ao foco nas composições e insere o artista (definitivamente) no meio pop. Afinal, cantar com o sample de Daft Punk (“Stronger” tem a batida de “Harder, Better, Faster, Stronger” dos franceses) e contar com a participação de Chris Martin, do Coldplay (em “Homecoming”) colocam West num patamar acima dos grandes artistas da música atual. E sem o rotular como um astro exclusivamente hip-hop.

Dica de download: “Stronger”, “Champion” e “Can’t Tell Me Nothing” (MP3)

# 10. Radiohead
(In Rainbows)

Como se sabe, a criatividade musical do Radiohead não é de hoje e In Rainbows não é exceção. O álbum que poderia ter matado a música convencional, com o seu lançamento via download na Internet, contrasta a estranheza sonora da banda, na descompassada “15 Steps”, e o equilíbrio musical (“Faust Artp” e “Videotape”) em um álbum com cara de complicado, mas extremamente “acessível” – de todas as maneiras – ao grande público.

Dica de download: “Videotape” (MP3), “15 Step” e “Weird Fishes/Arpeggi” (MP3)