Erene Stergiopoulos
Erene Stergiopoulos é uma das milhares de artistas independentes da Internet que quer que você baixe e escute suas composições no MySpace ou no Last.fm. Aos 19 anos, a canadense apresenta maturidade e consistência musical invejáveis em seu disco digital (demo) The General, baseado em voz e piano. Definido pela autora como um trabalho com canções inspiradas desde acontecimentos rotineiros até Napoleão Bonaparte, a pergunta que fica é: poderá ser Stergiopoulos uma futura sensação da música independente?
Na entrevista, ela diz amar história, dançar ao som de Cansei de Ser Sexy e pede para que todos façam o download de seu disco.
Okay. Quem é Erene Stergiopoulos?
Erene Stergiopoulos: Erene Stergiopoulos é… essa é uma pergunta difícil! Eu sou… uma cantora-compositora que mora nos arredores de Toronto, no Canadá. Não tenho uma cor favorita, e o último livro que li foi Os Anos Sem Perdão (“Les Années sans pardon”), de Victor Serge. Essa é uma boa resposta?
Quando você começou a se interessar em compor / escrever música?
Erene Stergiopoulos: É difícil apontar exatamente quando aconteceu, já que foi um processo gradual – e escrever continua sendo um processo gradual para mim. Eu tive aulas de piano clássico desde criança, mas parei com o treinamento clássico em 2003, após sete anos. Foi por volta dessa época que comecei a escrever minhas próprias músicas. Foi uma transição bastante natural. Na verdade, aconteceu sem que eu sequer notasse.
Influências?
Erene Stergiopoulos: Todas imagináveis! O engraçado é que provavelmente não dá para ouvir a maioria das minhas influências nas músicas que componho. The Strokes estão com certeza no topo da lista. Pra mim, eles sempre foram a banda que me fizeram querer compor música. E Yann Tiersen: ele é um gênio! O que ele faz com o piano é incrível. Já em relação à minha maior influência não-musical, seria Napoleão Bonaparte. Ele simplesmente me fascina.
Quando você gravou The General?
Erene Stergiopoulos: Gravei The General em dois períodos: agosto de 2006 e depois no verão de 2007 (entre junho e setembro).
Como está sendo a reação ao disco na Internet?
Erene Stergiopoulos: Muito boa, tanto no MySpace quanto no Last.fm. Eu adoro a sensação de achar um músico/banda desconhecidos na Internet e descobrir que a música é incrível – então espero que eu consiga provocar esse efeito em alguém, também.
Você deixou demos em rádios? Gravadoras?
Erene Stergiopoulos: Ainda não. Nos dias de hoje, é tão fácil conseguir que sua música seja ouvida sem a ajuda de uma gravadora. Para mim, “assinar” com um selo nunca foi uma prioridade.
Você descreve seu disco como “música inspirada por tudo, desde acontecimentos rotineiros até Napoleão Bonaparte”. Você era muito interessada nas aulas de história?
Erene Stergiopoulos: Haha, muito. Eu adorava as aulas de história na escola – e como freqüentei uma escola francesa, nós estudamos a Revolução Francesa pelo menos três vezes em seis anos. E, é claro, a Revolução foi imediatamente anterior a Napoleão!
Como você se sente sendo uma artista na época da Internet? Você acha que algum dia pode se tornar uma artista conhecida e começar a se importar com a questão das vendas versus MP3?
Erene Stergiopoulos: Sim, já pensei no assunto. Tenho tentado fazer uma coisa de cada vez. Compor música nos dias de hoje é tão diferente do que era há dez anos atrás – há um lado bom e um lado ruim nisso. A Internet é fantástica porque permite que sua música seja ouvida sem o apoio de uma gravadora.
Um artista pode facilmente lançar seu trabalho de forma independente. Por outro lado, a indústria musical obviamente pagou um preço por isso. Dá-se menos valor à parte física da música – o encarte que acompanha um CD, por exemplo. Eu sempre adorei observar os encartes dos meus discos favoritos; eles fornecem um visual para a música que você ouve. Dessa forma, a música adquire camadas múltiplas de sentidos e experiências sensoriais. E isso é algo que não dá pra obter quando se baixa arquivos de MP3.
Enquanto artista, a questão dos downloads é algo que inevitavelmente vou ter que considerar. Se algum dia eu me tornar uma artista estabelecida e respeitada, com certeza vou ter que pensar no assunto – principalmente quando eu for pensar no limite entre tornar minha música acessível a todos e, ao mesmo tempo, viver dela. Quando se trata de vender discos, meu foco sempre será na arte do álbum, no encarte – todos os detalhes que você não consegue por meio do download. Esses detalhes são uma chance de expressar outro lado meu.
O mundo inteiro já sabe como a cena musical canadense é forte. Feist, Arcade Fire, Céline Dion (brincadeira!). Podemos dizer que Erene Stergiopoulos é a “próxima grande sensação” a surgir do Canadá?
Erene Stergiopoulos: Haha, o engraçado é que eu costumava ouvir Céline Dion quando era mais nova! É difícil de dizer… Espero que sim! O Canadá realmente tem sua cota de grandes cantoras indie – Feist e Emily Haines, por exemplo -, então espero que haja espaço para mais uma.
O que você tem no seu iPod? Quais seus discos favoritos do ano?
Erene Stergiopoulos: Eu não tenho um iPod. Mas eu ainda ouço música, claro! E ouço muita coisa variada… De Libertines a Beirut, de compositores franceses do século passado a Crystal Castles (eles são de Toronto!), e também jazz antigo e as grandes vozes – Herbie Hancock, Peggy Lee e Julie London. E Erene Stergiopoulos, é claro.
Discos favoritos do ano? Do que eu já ouvi do álbum novo do Coldplay, parece excelente. O single “Violet Hill” é incrível, parece que o som deles amadureceu bastante. Também fiquei muito impressionada com o debut do Crystal Castles.
O que você conhece de música brasileira? Há algo que você goste?
Erene Stergiopoulos: Cansei de Ser Sexy! Eu me lembro quando ouvi a banda pela primeira vez, eu não conseguia parar de dançar. Este é um bom sinal quando se ouve música – você sabe que é bom quando você não consegue controlar seu corpo.
Falando nisso, você já notou que vários dos seus ouvintes no Last.FM são brasileiros? Podemos dizer a todos os brasileiros que lêem tecoapple.com para fazer o download de seu disco?
Erene Stergiopoulos: Sim, eu percebi! Isso é muito legal – eu adoro ter ouvintes fora do Canadá. Portanto, meu recado pessoal a todos lendo essa entrevista é: vão ouvir The General agora!