É preciso estar disposto a encarar o universo fantasioso de sons e palavras criado por Juana Molina. Un Dia, com suas melodias encantadoras e descomunais, é o trabalho mais abstrato e hipnótico da argentina.
Na faixa título canta “um dia vou cantar canções sem letra e cada um poderá imaginar se falo de amor, de desilusão, banalidade ou sobre Platão” – uma espécie de introdução ao processo lúdico do material.
Essa aventura folktrônica vaga por momentos conturbados (“Los Hongos de Marosa”) e de extrema serenidade (“Vive Solo”). Em “Quien?” (Suite), a cantora revisita uma das composições de seu álbum Segundo, numa experiência única recheada de melodias mutáveis que se distanciam de sua origem.

Com loops incessantes (“El Vestido”), minuciosas sonoridades quase imperceptíveis, acordes de violões ágeis seguidos de percussão marcada (“No Llama”), o trabalho encontra forma na voz angelical e agradável da artista.
Molina está sempre atenta à narrativa de suas harmonias dissonantes e arranjos universais. Basta o ouvinte estar disposto a embarcar na loucura regrada que é o mundo da artista.
Dicas de download: “Un Día” (vídeo), “Los Hongos de Marosa” e “Quien?” (Suite)