#01. FKA twigs
(LP1)
A cantora/produtora Tahliah Barnett (a.k.a. FKA twigs) é uma das maiores revelações do ano. Seu disco de estreia LP1 flerta com sensualidade e estranheza na sua eletrônica intimista descompassada, vocais sussurrados, delicadeza melódica e beeps cronometrados como uma Madonna mecânica Erotica numa ligação com Björk Vespertine. As canções soam como mantras (“when I trust you we can do it with the lights on” em “Lights On”) para abordar rejeições amorosas (“I can fuck you better than her” em “Two Weeks”) e momentos biográficos sobre a constante busca do estrelato (“Give Up” / “Video Girl”). O debut de Barnett é um pop celestial enigmático e contemplado de detalhes minuciosos a serem descobertos a cada nova audição.
• Coloque para tocar: “Two Weeks”
#02. D’Angelo
(Black Messiah)
“Shut your mouth off and focus on what you feel inside”. Após quatorze anos do lançamento do álbum Voodoo, o cantor e multi-instrumentista soul D’Angelo marca o seu retorno com Black Messiah. O músico explora ao nível máximo sua sonoridade R&B, hip-hop, funk e gospel para destilar questões amorosas (“Betray My Heart”) e discursos sociopolíticos (“1000 Deaths”) com uma aura Marvin Gaye, Prince e James Brown (“The Charade” e “Sugah Daddy”) em seus caos particular de proporções mundiais. O messias negro está de volta – em tempos de temas urgentes como Ferguson e Michael Brown – e ninguém estava preparado para o seu retorno imediato.
• Coloque para tocar: “The Charade”
#03. Perfume Genius
(Too Bright)
Too Bright revela um amadurecimento de Mike Hadreas (a.k.a. Perfume Genius) em sintetizadores expansivos (“Grid” e “Longpig”), elementos sonoros etéreos e gêneros (como nos ares country de “All Along”) e sem perder a identidade sentimental (“I Decline”) de materiais anteriores. Seja acompanhado de simples estalos de dedos (“Fool”) ou sons rasurados, Hadreas contrasta fragilidade e agonia (“My Body”) nas suas melodias e letras de cunho social e sexual (“Queen”).
• Coloque para tocar: “Fool”
#04. St. Vincent
(St. Vincent)
A multi-instrumentista Annie Clark (St. Vincent) lança o álbum autointitulado com seu rock meticuloso de guitarras inquietas, percussão ágil, sintetizadores insalubres e provocação (“oh what an ordinary day, take out the garbage, masturbate” ou “I love you more than Jesus”). Do funk groove com DNA da parceria com David Byrne em “Digital Witness” e “Psychopath”, guitarras arranhadas e corais angelicais em “Prince Johnny”, a marcha sintetizada de “Rattlesnankes” e acordes de teclado insanos em “Bring Me Your Loves”, o registro é uma loucurinha pop rock estranha, sem medo de correr riscos, em que Annie dita as próprias regras.
• Coloque para tocar: “I Prefer Your Love”
#05. Sharon Van Etten
(Are We There)
A cantora folk Sharon Van Etten sofre de maneira brutal, como quando canta “you love me as you torture me” em “Your Love Is Killing Me”, nas onze faixas de Are We There. Com seu vocal emotivo e melodias minimalistas sem regras, que permitem sua guitarra ir de encontro pianos junto a doses de uma eletrônica sensual (“Our Love”) tomar conta de sua devoção amorosa (“I Know”), Van Etten coça feridas expostas e revela os medos de amar em canções formosas e complexas em busca da própria salvação.
• Coloque para tocar: “Every Time the Sun Comes Up”
#06. Jessie Ware
(Tough Love)
As baladas sofisticadas e sublimes de Jessie Ware passeiam pelo R&B soul sintetizado e são cercadas de romances em sua percussão ecoante sexy e vocal suave da artista que conta com uma ajuda de nomes como Ed Sheeran (“Say You Love Me”), o duo BenZel (a.k.a. Two Inch Punch e Benny Blanco), Devonté – Blood Orange – Hynes (“Want Your Feeling”) e Miguel (“Kind Of…Sometimes…Maybe”) nas suas declarações e regras amorosas radiofônicas.
• Coloque para tocar: “Want Your Feeling”
#07. Lana Del Rey
(Ultraviolence)
Lana Del Rey respira com certo alívio o resultado de Ultraviolence após as críticas divididas e pesadas de seu disco de estreia Born to Die. Envolvida pela natureza do roqueiro Dan Auerbach (do The Black Keys) na produção, os ares setentistas nas guitarras e sintetizadores (“West Coast”) mantém a essência sedutora e romântica da artista em melodias menos floreadas e mais cruas para expor amores e carreira (“Brooklyn Baby” e “Fucked My Way Up to the Top”) auxiliada de orquestrações de proporções cinematográficas (“Shades of Cool”) em busca de inovação em seu repertório.
• Coloque para tocar: “Brooklyn Baby”
#08. Nicole Atkins
(Slow Phaser)
Liderado pelo rock de pegada funk “Girl You Look Amazing”, Nicole Atkins aparece segura em Slow Phaser e seu pop flexível. Com o clima noir dos álbuns anteriores (Neptune City e Mondo Amore, respectivamente), a artista renova-se nesta jornada “neo-noir” influenciada por disco beat (“Who Killed The Moonlight”), soul (“The Worst Hangover”), groove, indie pop (“Cool People”), folk (“Sin Song”), rock psicodélico (“What Do You Know”), elementos eletrônicos (“Gasoline Bride”) num trabalho moderno e inovador em seu currículo. E financiado pela própria.
• Coloque para tocar: “Girl You Look Amazing”
#09. Kelis
(Food)
Kelis abandona a promoção de ritmo frenético e dançante das pistas do álbum Flesh Tone no repertório de Food. Com produção astuta de Dave Sitek (do TV on the Radio), a cantora é envolvida por um neo soul swingado de instrumentos de sopro (“Jerk Ribs”), cordas elegantes, percussão desenhada pelo pop soul e afrobeat (“Cobbler”) e riffs sensuais (“Hooch”). O banquete de Kelis é uma das coisas mais saborosas desde o álbum Tasty e com uma lista de ingredientes excêntricos – como a pop folk “Bless the Telephone” – em seu cardápio.
• Coloque para tocar: “Jerk Ribs”
#10. Jenny Lewis
(The Voyager)
Acompanhada de nomes como Ryan Adams, Johnathan Rice e Beck (em “Just One of the Guys”), Jenny Lewis surge em melodias ensolaradas extraídas de guitarras pop rock com um pé no country, orquestras de cordas crescentes e letras sombrias sobre amores, a perda do pai, noites de insônia (“Head Underwater”) e o bloqueio criativo pós-fim de sua banda Rilo Kiley. Ainda assim, aventura-se por estilos como “You Can’t Outrun ‘Em” e sua sonoridade surf, “Late Bloomer” que caberia no álbum de sua antiga banda e “Slippery Slopes” como uma viagem na companhia de Tom Petty. A visão de Lewis é libertadora e abrangente em Voyager sem ficar estacionada em um lugar.
• Coloque para tocar: “She’s Not Me’”