ENTREVISTA: Falamos com Georgia, a banda de uma garota só, que ama baile funk e é dona de uma das melhores músicas do ano

A multi-instrumentista e produtora Georgia soa como uma fusão de estilos sem rótulos como gosta de definir. Sua sonoridade metamorfósica e autentica carrega influências diversas de nomes como Kate Bush, Missy Elliott, Madonna, Neil Young, Joni Mitchell e Kanye West.

A garota, que tinha uma carreira promissora como jogadora de futebol, começou sua aventura no musical ao entrar em turnê como baterista de outros músicos – como Kate Tempest – até conquistar elogios próprios com Georgia, seu aclamado disco de estreia e um dos nossos favoritos de 2015.

Agora, durante a produção do seu segundo material solo e com o lançamento de uma das melhores músicas de 2019 (“About Work the Dancefloor”), a artista tira um tempo das gravações e conversa com exclusividade com o TECOAPPLE.com:

Oi Georgia! Em que parte do mundo você está agora? E o que você está ouvindo ultimamente?

Georgia: Olá! Bem, agora eu estou na Jordânia fazendo algo realmente especial, eu não posso esperar para compartilhar com vocês! Eu ouço muita música, mas agora estou ouvindo Kate Bush no Spotify.

Somos grandes fãs da sua música desde sua estreia. Conte-nos sua história como ex-jogadora de futebol, baterista de Kate Tempest e artista independente como uma banda de apenas uma pessoa?

Georgia: (risos) Bem, você meio que disse isso na sua pergunta! Eu cresci em Londres com pais musicistas. Ambos me encorajaram a aprender instrumentos, mas também descobri que não tinha medo de chutar uma bola no parque local. Então fui escalada e comecei a jogar para a equipe de meninas do Queens Park Rangers.

Eu larguei o futebol na adolescência para me focar na música. Eu toco bateria desde os 7 anos e esse foi o caminho para eu entrar na indústria e tocar com outros artistas. Os primeiros com quem toquei foram Elan Tamara e Kwes. Abríamos para shows incríveis como SBTRKT e Thexx e até fizemos shows para o Sampha. Um dia, recebi um telefonema de uma amiga de longa data, Kate Tempest, e ela estava montando uma banda para seu novo álbum, Everybody Down. Eu disse que sim e cai na estrada com Kate.

Esqueci de falar que enquanto tudo isso estava acontecendo, eu estava fazendo minha própria música no meu quarto. A Domino ouviu e me contratou. O resto é história, como dizem.

Seu som é tão único e sem rótulos. Quem são suas principais influências na cena musical?

Georgia: Eu rotularia minha música como música pop com elementos alternativos e experimentais. É muito difícil para mim passar por todos os artistas que influenciaram o meu som, então vou me concentrar nos que influenciaram minhas faixas novas. Kate Bush, Depeche Mode, Madonna, Chicago House, Detroit Techno, Kanye West, Joni Mitchell, Hip Hop, Neil Young, Missy Elliot, etc etc.

Se você tivesse trabalhado com outras pessoas, acredita que o resultado seria diferente?

Georgia: Sim, completamente, quando você trabalha com outras pessoas você tem que tomar decisões coletivas musicalmente, você tem que estar ciente das habilidades e paixões dos outros, você tem que comprometer as áreas. No entanto, é muito poderoso e único. Eu acho que estou feliz do jeito que faço as coisas. Eu adoro colaborar para poder trabalhar com outras pessoas e fazer minhas coisas sozinha.

Sobre suas músicas. “Feel It” é pura atitude rock, “Mellow” soa como um final de noite subversivo, “Started Out” bebe do house de Chicago dos anos 80 e “About Work The Dancefloor” é um hino pop incrível, provavelmente uma das melhores canções do ano. É uma evolução natural para você, essa mistura de estilos?

Georgia: Sim, eu não estou interessada em ser enquadrada em um gênero. É onde artistas como Kate Bush realmente me inspiram, ela foi capaz de romper os limites dentro de seu ofício e apresentar ao público novos sons e texturas. Isso é o que eu quero fazer.


Especialmente com “About Work The Dancefloor”, o que você estava pensando em termos de influências sonoras?

Georgia: Para “About Work The Dancefloor” eu estava ouvindo Depeche Mode e Detroit Techno, e como esses sons se encontraram e criaram algo único. Dave Gahan e Martin Gore estavam ouvindo o que Underground Resistance e Cybotron estavam fazendo. Eu queria prestar homenagem a isso na produção, por isso que há um vocoder como o refrão e uma linha de baixo como em “Shake the Disease” do Depeche Mode. Eu amo a habilidade deles em colocar sons em camadas, de maneira realmente disciplinada, e com a certeza de que há espaço na mixagem sem sobrecarregar o som para que ele permaneça acessível.

O que você tem consumido tanto quanto música e outras formas de arte?

Georgia: Eu compro muito vinil. Eu sou colecionadora. Eu também me certifico de que estou em dia com o que está acontecendo em lançamentos de vinil para dançar. Em termos de outras artes, eu amo fotografia. Eu sempre vou conferir alguns fotógrafos em galerias. Eu tento ver a maioria dos shows de arte nas grandes galerias de Londres. Eu diria que considero importante fazê-lo.


Você já teve algum contato com a música de algum artista brasileiro?

Georgia: Não é um contato direto, mas obviamente amo a música brasileira, e especialmente o baille funk e a dance music que sai das favelas do Rio. Eu adoraria quando fosse ao Brasil ir à uma festa em uma favela. Eu também posso tocar bateria de samba. No meu bairro, no oeste de Londres, há uma grande comunidade brasileira e durante o “Carnival” de Nothing Hill, eu costumava tocar na escola londrina de samba.

Algum plano de visitar o Brasil ou tocar por aqui?

Georgia: Eu realmente espero que sim, eu amo o Brasil e sempre foi um sonho ir e tocar aí!

O que podemos esperar dos seus próximos lançamentos? Mais faixas dançantes? Etéreas? Rock?

Georgia: É na mesma linha do último! Eu não posso esperar para vocês escutarem.

E quais os planos de agora em diante?

Georgia: Seguir progredindo como compositora, fazer muitos shows ao vivo e continuar em busca de apresentar minha música para novos públicos ao redor do mundo.

Tendo feito algumas parcerias com artistas como HONNE, Empress Of e Africa Express, você tem uma colaboração dos sonhos com algum artista vivo ou morto?

Georgia: Claro, Kanye West ou Kate Bush.

Seu próximo álbum é um dos álbuns mais aguardados deste. Isso coloca você sob pressão?

Georgia: Não, nem um pouco, eu nem sabia que era (risos)! Eu tomei o tempo que era importante. Eu precisava entrar no estúdio e me concentrar nas composições. Eu sinto que estou no caminho certo agora!


Há algo que você gostaria de mencionar sobre o próximo álbum para matar nossa curiosidade?

Georgia: Infelizmente não posso, mas vai ser emocionante!


E por último, mas não menos importante, quais são suas músicas favoritas para “trabalhar na pista de dança” (“Work The Dancefloor”)?

Georgia: (Risos) Joe Smooth com “Promised Land”, The Knife com “Silent Shout”, Kate Bush com “Running Up That Hill”, Inner City com “Good Life”, Vera com “Take Me To The Bridge”, Donna Summer com “I Feel Love”.