8 discos para ouvir hoje: slowthai, Django Django, Claud, Gal Costa, Pale Waves e mais

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos. Entre eles estão os novos trabalhos de: slowthai, Clap Your Hands Say Yeah, Django Django, Gal Costa, Claud, Pale Waves, Gystère e Magon.

slowthaiTYRON
(Method Records)

TYRON, a sequência de Nothing Great About Britain, é um conto divido em dois discos expondo a complexidade humana e os lados de cada história. Se nas primeiras sete faixas do trabalho, o rapper apresenta-se extremamente agitado e brutal (“CANCELLED” com Skepta, “MAZZA” com A$AP Rocky) ao revelar uma identidade de cara mau lidando com a autoconfiança, nas restantes ele percorre por um caminho mais melódico (“feeel away” com James Blake e Mount Kimbie, “push” com Deb Never) e extremamente introspectivo ao ocupar-se com temas da infância (“I Tried”), a idade adulta e arrependimentos. É um material honesto e complexo sobre o homem por trás da fama encarando um mundo que torce a favor e contra ele.

Clap Your Hands Say YeahNew Fragility
(CYHSY)

Com Alec Ounsworth como o único membro remanescente do Clap Your Hands Say Yeah, New Fragility busca sustentação alternando entre consciência social e números melódicos intimistas. A necessidade de lidar com as preocupações atuais, no entanto, funciona a seu favor: “Thousand Oaks” confronta a ameaça sempre presente de violência armada nos EUA – e a  impotência do governo norte-americano diante do tiroteio em Thousand Oaks, que matou 13 pessoas, em 2018 -, a inação política (“Hesitating Nation”) e comentários moderados numa avaliação sombria da cultura norte-americana. O disco ainda levanta temas como depressão, divórcio, envelhecimento e confrontação com o passado, assim como os primeiros anos de Clap Your Hands Say Yeah (“CYHSY, 2005”), e a influência da fama.

Django DjangoGlowing in the Dark
(Because Music)

Glowing in the Dark é mais um ato de maestria pop do quarteto britânico Django Django. Combina pop psicodélico, rock espacial, krautrock, folk e indie dos anos 2000 de forma coesa e apurada. É um disco que tem como tema o escapismo da realidade em números que transparecem serenidade (como a instrumental “The Ark”) e fascinação (“Right the Wrongs”, “Glowing in the Dark”) nas melodias extremamente cativantes e acompanhamentos vigorosos. Destaque para os vocais de Charlotte Gainsbourg na agridoce “Waking Up”, uma viagem romântica de pura nostalgia inspirada em “You Really Got Me” do The Kinks.

Gal CostaNenhuma Dor
(Biscoito Fino)

Nenhuma Dor, projeto inicialmente batizado de Gal 75, é uma celebração ao mais de 50 anos de carreira da cantora, compositora e multi-instrumentista baiana. O trabalho transita entre o público de sua geração e os mais novos, com regravações de sucessos com novos artistas. Entre as dez vozes masculinas aparecem: Rodrigo Amarante (“Avarandado”), Criolo (“Paula e Bebeto”), SILVA (“Só Louco”), Zeca Veloso (“Nenhuma Dor”), Tim Bernardes (“Baby”), entre outros. O registro mira o repertório de Gal gravado entre os anos 1960 e 1970, o mais reverenciado de sua carreira, com exceção de “Meu Bem, Meu Mal”, de Caetano Veloso e aqui com participação de Zé Ibarra, presente no repertório do disco Fantasia (1981).

ClaudSuper Monster
(Saddest Factory / Dead Oceans)

Super Monster, a estreia da jovem Claud Mintz (a.k.a. Claud), é uma coleção de 13 músicas de um charme irresistível e uma vertiginosa, mas alegre, aproximação da maioridade com o amor jovem. Com grande habilidade em composições e melodias bedroom pop contagiantes, a artista vê os relacionamentos como jogos de maravilhas, deslealdades e questionamentos. Uma montanha-russa que emociona, mesmo quando parece apavorante. Do início ao fim, as canções capturam os diversos estágios de um relacionamento – a sensação do primeiro beijo, romances do verão passado (“Guard Down”), a dor de uma rejeição (“Cuff Your Jeans”, “That’s Mr. Bitch To You”) e a necessidade de um término inesperado (“Soft Spot”).

Pale WavesWho Am I?
(Dirty Hit)

Se em sua estreia, os integrantes do Pale Waves investiram numa sonoridade synthpop resgatada nos anos de 1980, em Who Am I? encontram conforto nos elementos do pop rock dos 00 (“Change”) através de melodias puras e contagiantes como um encontro entre o The 1975 com Avril Lavigne. É um material mais maduro nos acordes poderosos, baterias frenéticas e no manifesto de empoderamento feminino de Heather Baron-Gracie. São experiências de vida e a jornada da banda ao longo dos últimos anos em letras francas e vulneráveis exaltadas em hinos pop punk sobre aceitação LGBTQ+ (“Tomorrow”), feministas (“You Don’t Own Me”) e puro romantismo pop gótico (“Easy”).

GystèreA Little Story
(Sudasound)

A Little Story, a estreia de Gystère, traz dez canções que transitam entre fantasia da ficção científica, do funk psicodélico moderno e
pop, impulsionadas pela sonoridade DIY para os anos 1970 e 1980, com uma série de mensagens antirracistas e sofrimento na existência escondidas sob o formidável eficácia de suas composições. Com uma poderosa banda ao vivo de seis músicos (o Gystere Live Gang), o músico reúne uma fenda groove, escrita em várias camadas e psicodelia exagerada, sob um tema afro futurístico com referências ao voodoo jazz quanto ao ativismo antirracista de nosso tempo.

MagonHour After Hour
(December Square)

Em seu segundo disco, o israelense Magon volta nossa atenção para um lado mais versátil com sua abordagem mais ousada e introspectiva. Seu estilo fica mais seguro, superando nossas expectativas em uma compilação fantástica de garage e psicodelia. Trata-se de uma jornada que nos leva por uma variedade de emoções, aquelas de um homem em movimento, que não hesita em mostrar vulnerabilidade, entusiasmo ou mesmo desolação. Mistura melodias encantadoras (“Alexa”, “Coucou My Friend”) com riffs grandiosos (“Next Life”, “Shackles Of The Wretched”) comportando-se como um verdadeiro poeta contemplativo nas estruturas melódicas simples e, ao mesmo tempo, poderosas.