Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Sufjan Stevens & Angelo De Augustine, Poppy, NAO, Boys Noize, Natalie Imbruglia, Ada Lea, AMAZONICA, Amy Lyhie e Shelby Lynne.
• Sufjan Stevens & Angelo De Augustine – A Beginner’s Mind
(Asthmatic Kitty Records)
Para gravar A Beginner’s Mind, Sufjan Stevens e Angelo De Augustine passaram um mês juntos em uma cabana no interior do estado de Nova Iorque, assistindo a filmes compulsivamente à noite e escrevendo canções na manhã seguinte. O projeto colaborativo é o que Simon & Garfunkel ou Elliott Smith poderiam entregar em tempos de pandemia em uma coleção de músicas conectadas aos clássicos do cinema – como ‘O Silêncio dos Inocentes’ (“Cimmerian Shade”), ‘O Mundo Fantástico de Oz’ (“Back to Oz”), ‘A Malvada’ (“Lady Macbeth in Chains”) e ‘Asas Do Desejo’ (“Reach Out”), por exemplo. Pegando um gancho com as tramas das telas, o duo manifesta de maneira abrangente memórias afetivas (“You Give Death A Bad Name”), fé, sexualidade, solidão e morte num indie folk gracioso e melancólico ao propor uma nova maneira de ver o mundo.
• Poppy – Flux
(Sumerian Records)
No sucessor de I Disagree, Poppy junta-se ao produtor Justin Meldal-Johnsen (Paramore, St. Vincent), segue manifestando amor pelo metal pop e abrange a paleta musical. No disco, experimenta e expande o seu som com referências nostálgicas de punk (“So Mean”, “Lessen The Damage”), grunge (“Flux”, “Her”) e shoegaze (“Hysteria”, “As Strange As It Seems”) numa homenagem a artistas da cena dos anos 80 e 90 como L7, The Breeders, Garbage, Liz Phair, Jesus and the Mary Chain e Hole. É um trabalho espirituoso justamente pela identidade de Poppy ser o que ela quiser.
• NAO – And Then Life Was Beautiful
(Sony Music)
A sequência do aclamado Saturn, álbum pop R&B sintetizado sobre temas cósmicos e amadurecimento, traz NAO de volta à Terra. Sentimentos conflitantes (“Wait”, “Glad That You’re Gone”), a luta contra um bloqueio criativo, uma viagem à África do Sul e a maternidade transparecem em cada esfera de And Then Life Was Beautiful. Com uma sonoridade mais orgânica, em solos de guitarras dedilhadas e percussão vultosa, a artista andarilha com sua voz angelical e acrobática por terrenos aconchegantes do R&B, soul, funk, gospel, afrobeat e jazz. Destaque para as participações especiais de Lianne La Havas (“Woman”), serpentwithfeet (“Postcards”), Lucky Dane (“Good Luck”) e Adekunle Gold (“Antidote”).
• Boys Noize – +/-
(Boysnoize Records)
+/- (pronuncia-se Polarity) mergulha na tensão polar entre os estilos dos colaboradores e o mundo em que o veterano produtor Alexander Ridha (a.k.a. Boys Noize) encontra-se. São números de eletro techno (“Act 9” com Vinson), grooves sedutores (“Love & Validation”), funk 808 (“Affection” com ABRA), industrial (“Girl Crush” com Rico Nasty), house (“All I Want” com Jake Shears do Scissor Sisters) e experimentais (“Ride Or Die” com o encontro inusitado de Kelsey Lu e Chilly Gonzalez) em sintetizadores pulsantes e graves estrondosos que articulam a força essencial da obra.
• Natalie Imbruglia – Firebird
(BMG)
Um dos ícones da música pop dos últimos 30 anos, a cantora e compositora australiana Natalie Imbruglia enfrentou um dos pesadelos para criadores: o bloqueio criativo. Após pensar em abandonar a carreira musical, ela se desafiou e buscou o caminho para sua autoconfiança em Firebird, o primeiro álbum de inéditas em mais de dez anos. O resultado é um disco plural, com influência de pop e rock vigente – “On My Way” e “What It Feels Like” remetem nomes como HAIM e Carly Rae Jepsen, respectivamente -, que busca por autonomia, o poder de ser vulnerável (“Built It Better”) e a fragilidade (“Nothing Missing”) fruto de uma artista confiante, mais sábia e feliz consigo mesma.
• Ada Lea – one hand on the steering wheel the other sewing a garden
(Saddle Creek)
No segundo disco de estúdio, Ada Lea permeia com habilidade o universo do folk, soft rock, indie e pop art através de canções semi-biográficas com inspiração nas obras de Elena Ferrante. São detalhes minuciosos em memórias, romances melados e cenários imaginários que se manifestam (“partner”) em faixas moldadas em guitarras elétricas dedilhadas que se aventuram com sons eletrônicos (“can’t stop me from dying”) junto ao vocal inconsolável da artista. one hand on the steering wheel the other sewing a garden traz letras devastadoras (“damn”), introspectivas e honestas (“hurt”) num material detom abstrato, mas extremamente pessoal.
• AMAZONICA – Songs From The Edge
(Diamonds x Dragons)
A inglesa Victoria Harrison (a.k.a. AMAZONICA – nome inspirado na lenda da Vitória Régia) é puro frenesi e urgência em Songs From The Edge. Inspirada por nomes como Nirvana e Jane’s Addiction, o trabalho soa como uma batalha entre Juliette & The Licks, Yeah Yeah Yeahs e L7 (“I’ve Been Down”) em canções atribuladas com sabor nostálgico do grunge e um frescor punk pop (“Dirty Boys & Girls”) em guitarras robustas e alarmantes, percussão firme e uma atitude excepcional nos vocais (“Sound Of Rock And Roll”) da artista.
• Amy Lyhie – I’ll Be Alright
(Amy Lyhie)
Combinando violões despachados e uma voz calorosa, a música da franco-canadense Amy Lyhie revela uma mistura sutil de gêneros. Em seu segundo registro de estúdio, entrega uma nova faceta de sua criatividade com um novo universo de cores. As onze faixas de I’ll Be Alright movem-se além do pop ensolarado do disco de estreia, The Sunshine, para um pop alternativo calcado pelo folk e contornado pelo blues (“I’ll Be Alright”), soul (“Rooftop”) e o jazz da década de 1920 (“Excuse Me Mrs”).
• Shelby Lynne – The Servant
(A-Tone Recordings)
Gravado durante o período do isolamento social em 2020, The Servant encontra Shelby Lynne espiritualizada e celebrando o Senhor. São covers clássicos como “Go Tell It on the Mountain”, “Swing Down, Sweet Chariot”, “Just a Closer Walk With Thee”, “God’s Gonna Cut You Down” de Johnny Cash, entre outros em que ela venera a condição humana com um trabalho que diz ter salvo a sua alma. O universo gospel com a sonoridade folk country de Lynne concede um registro extremamente cativante (“Didn’t It Rain”) e espirituoso (“Amazing Grace”). São canções de luta e glória, de pecado e redenção, não apenas para encontrar uma luz em tempos sombrios, mas acreditar que ela existe.