Madblush, expoente da contracultura queer, lança o EP ‘Livre’

O cantor, compositor, DJ e produtor Madblush, um dos expoentes da contracultura queer de Porto Alegre, lança o EP Livre, o sucessor do álbum de estreia Cactus, pelo selo LAB 344. No compacto, o artista recorre a lembranças de liberdade quando se é criança como esse sentimento o acompanha-se até hoje. Suas músicas tratam a sensação de não se enquadrar em regras e estereótipos, contestam os padrões estabelecidos pela sociedade e o ilusório discurso de desconstrução.

A produção desfruta de experimentos e estilos musicais. Combina eletrônica com trap, hip hop, rock, synthpop e funk carioca com uma fórmula hipnótica junto a letras rodeadas de distração e ironia.

“Quero Ver” é um convite para se entregar ao clima do projeto e apresentado a persona de Madblush num eletropop breakbeat funk carioca com tons confessionais (“e eu quero te dizer que tô aqui pra bagunça / minha vida foi uma treta, mas agora é só dançar / tô rasgando esse rótulo, furando essa bolha”). “CPI”, um trap pop cativante de rimas enfáticas e espirituosas (“preciso de uma CPI / pra provar que a vida aqui / tá muito estranha sim / enquanto ela senta, senta / enquanto ela quica, quica”), é um contraponto sobre padrões com as percepções do artista e escancarar paradigmas valendo-se do atual momento da política brasileira (“Presidente vírus / Itamarati / CBF, boi / passa por aqui”).

“Criança” é um número eletrônico, que soa como uma canção de ninar para um ser em conflito, com sonhos resgatados da infância para a vida adulta. “Quando fico triste, logo penso na criança / que sonha, brinca e ainda tá aqui / ela cresce, muda, ela perde e ganha / e permanece quase sempre tão feliz”, canta.

“Livre Eu”, uma peça cósmica que parece brincar com a era Volta (com gostinho de “Earth Intruders”) de Björk e cresce espontaneamente no vocal de Madblush, retrata convicções e pensamentos sobre uma liberdade em comum (“livre eu / livre nós”). Para fechar o disco, a eletropop com breakbeat nostálgico “Se Quiser Dançar” é sobre acreditar em ser o que quiser (“tenta me fazer desistir, mas não vou … nada é proibido se quiser / eu vou te mostrar / algo novo que não tinha aqui”) com o mesmo espírito da criança que há dentro do artista e manifestar experiências, percepções e ambições.

A produção de Livre é assinada pelo artista e Otávio Mastroberti (a.k.a. OTA).