Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Lotic, Tori Amos, The War on Drugs, Marissa Nadler, SHEARS, Lily Konigsberg, Megan Thee Stallion e Namasenda.
• Lotic – Water
(Houndstooth)
No segundo disco de estúdio, a artista de música eletrônica experimental J’Kerian Morgan (a.k.a. Lotic) compartilha uma meditação terna sobre as perdas e força vital do amor (“Always You”), linhas do tempo, linhagem (“Come Unto Me”) e resiliência (“Emergency”). São relatos emocionantes de relacionamentos amorosos com os outros e consigo mesma, com a ancestralidade e a identidade marcadas com ênfase no surreal e dramático vocal em falsete da artista. São números atemorizantes e de caráter sobrenatural construídos em sintetizadores, harpas, sinos celestiais e ritmos de 808 desordenados que evocam entidades musicais de Björk, ANOHNI, Burial, Arca, FKA twigs e Joanna Newsom. Water adiciona a qualidade assombrosa do canto de sereia a uma carreira marcada por sua subjetividade envolvente.
• Tori Amos – Ocean to Ocean
(Decca Records / Universal Music)
Apesar das várias crises que ocorreram desde o álbum Native Invader (2017), Tori Amos emergiu com Ocean to Ocean, seu trabalho mais pessoal em anos – um material repleto de calor e conexão, com raízes profundas nas composições. Escrito durante o terceiro bloqueio em Cornwall deste ano, o registro é uma história universal de como chegar ao fundo do poço e renascer. Para um disco escrito dentro de um ambiente limitado, duas coisas são notáveis – a rica variação gêneros musicais e o coração das canções, que correm quase como uma sequência de cartas de amor para familiares presentes (“Spies”) e ausentes (“Speaking With Trees”, “Flowers Burn to Gold”) de alguém sem medo de revelar-se vulnerável e honesta (“29 Years” é um retorno às emoções sombrias do estupro que a artista sofreu quando jovem e relatado no álbum Little Earthquakes) nas letras acompanhadas de um senso de mistério.
• The War on Drugs – I Don’t Live Here Anymore
(Atlantic Records)
Com uma notável admiração por compositores clássicos como Bob Dylan, Tom Petty e Bruce Springsteen, o The War on Drugs encontrou uma maneira de manifestar a própria essência num formato que expande o som pop rock clássico entusiasta ilustrado pelos anos 1980. São canções sobre encontrar questões existenciais (“Living Proof”), devaneios, solidão (“I Don’t Live Here Anymore” com o Lucius), amadurecimento (“Change”) e uma celebração à vida moldada em guitarras elétricas arpejadas, sintetizadores atmosféricos, pianos, percussão precisa e refrões épicos no vocal aconchegante de Adam Granduciel. Como um todo, I Don’t Live Here Anymore prevalece um balanço categórico de números comerciais e uma sonoridade experimental.
• Marissa Nadler – The Path Of The Clouds
(Bella Union)
The Path of the Clouds, o nono álbum solo de Marissa Nadler, carrega uma coleção cinematográfica de canções estilisticamente aventureiras, liricamente deslumbrantes e melodicamente etéreas. Tomada pela tentação de viajar e repentinamente presa em casa no início da pandemia em 2020, a artista escapou da escrita e voltou com um conjunto impressionante de composições sombrias – inspiradas na série documental ‘Unsolved Mysteries’ – sobre metamorfose, amor, misticismo (“If I Could Breathe Underwater”) e assassinato (“Bessie Did You Make It”, “Couldn’t Have Done The Killing”). Desfocando a linha entre a realidade e a fantasia e movendo-se livremente entre o passado e o presente, as onze faixas pessoais e autoproduzidas encontram Nadler explorando novas paisagens, tanto sonoras quanto emocionais.
• SHEARS – Mind in Decline
(SHEARS)
O segundo EP da artista escocesa de alt-pop Becca Shearing (a.k.a. SHEARS) trata de paranoia, confiança, frustrações, expectativas e franqueza com um clima pop animado e despretensioso. São cinco composições impregnadas de sintetizadores cromáticos, batidas pulsantes e viciantes e o desempenho vocal incrível da garota que resultam numa produção contagiante para abraçar sentimentos viscerais (“Pick Me Up”), emoções da autoestima (“The Fault”) e instintos (“Afterthought”).
• Lily Konigsberg – Lily We Need to Talk Now
(Wharf Cat Records)
Lily We Need To Talk Now é um álbum que Konigsberg vem lentamente trabalhando desde 2016, revisando e regravando as músicas ao longo dos anos. A estreia é cativante em toda a sua extensão, como grande parte da produção indie pop e coerente que a tornou um elemento presente do underground nos últimos anos. Sua voz sedutora e inocente dá voltas e mais voltas e dispara em torno de um jogo de palavras astuciosas. Há sugestões de introspecção power pop (“Proud Home”), pop punk (“Bad Boy”) e downtempo (“Don’t Be Lazy With Me”), todas pontilhadas com temperamento e personalidade, ao retratar as angústias de um período pós-término amoroso.
• Megan Thee Stallion – Something for Thee Hotties
(1501 Certified Ent. / 300 Entertainment)
A mixtape é uma compilação de freestyles, lançados anteriormente, canções inéditas e raras dos arquivos de Megan Thee Stallion. Em sua maneira típica, a artista faz muitos raps arrebatadores sobre ser uma vadia maldosa, estilo de vida, ter homens à sua disposição e balançar a bunda como só ela consegue. Entre as faixas apresentadas no projeto estão sucessos (como “Megan Monday Freestyle”, “Bless The Booth Freestyle” e “Thot Shit”), produções que nunca ouvimos antes, uma parceria com Juicy J (“Trippy Skit“) e samples que vão da trilha sonora de ‘O Bebê de Rosemary’ (“South Side Forever Freestyle”) à “Freak Like Me” de Adina Howard (“Freakend”).
• Namasenda – Unlimited Ammo
(PC Music)
A mixtape de estreia de Namasenda, mais uma das queridinhas do selo PC Music, encontra a artista em sua autêntica forma: afrontosa, eufórica e obstinada. Com vocais açucarados e explosões sonoras, Unlimited Ammo nos leva à uma viagem em uma velocidade intensa, vertiginosa e grudenta pelo universo do hyperpop em uma série de colaborações como a da rapper espanhola La Zowi (“Demonic”), Hannah Diamond (“Steel”) Mowalola (“Banana Clip”) e Joey Labeija (“Finish Him”), além das produções de Dylan Brady (do 100 Gecs), Life Sim, Yemi e A. G. Cook.