Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Kilo Kish, Aldous Harding, Ibibio Sound Machine, Destroyer, Placebo, Denzel Curry, Koffee, Bodi Bill e Atalhos.
• Kilo Kish – AMERICAN GURL
(Kisha Soundscape)
AMERICAN GURL é uma mistura fabulosa de pop industrial, new wave, drum n bass, disco, dance punk, rap e trip hop para Kilo Kish experimentar diferentes papéis e compreender nossa realidade distorcida. Sucesso, a cena deturpada do entretenimento (“NEW TRICKS: ART, AESTHETICS, AND MONEY” com o rapper Vince Staples), consumismo (“DISTRACTIONS III: SPOILER ROTTEN”), expectativas socioculturais, poder de escolha, questões individuais (“DEATH FANTASY” com Miguel), autoconfiança (“NO APOLOGY!”), entre outros temas fazem a artista beneficiar-se da arte experimental – desde a faixa inicial “PLAY” que dá início a um jogo caótico ao som de uma máquina de fliperama e vozes dizendo “eu vou vencer” – para assimilar a própria existência numa jornada contínua para a liberdade pessoal.
• Aldous Harding – Warm Chris
(4AD)
A cantora e compositora neozelandesa Aldous Harding sempre revelou-se uma artista pronta para desatender os limites de qualquer estilo musical. Com três álbuns elogiados no currículo, seu trabalho perambula pelo jazz, chamber pop e folk com uma sensibilidade singular. Em Warm Chris, reitera sua classe com um registro de excelência despretensiosa e instrumentais reduzido à uma paleta espaçosa de violões acústicos, pianos simples e trompas psicodélicas (“Fever”). Trabalhando, novamente, com o produtor John Parish (PJ Harvey) é maravilhoso ouvir um material tão sossegado cercado por letras íntimas e enigmáticas (“Lawn”, “Passion Babe”) sobre desprezo e solidão.
• Ibibio Sound Machine – Electricity
(Merge Records)
A fusão da música africana, soul, funk, disco e elementos eletrônicos do Ibibio Sound Machine conquista um impulso extra na produção do Hot Chip que explora os instintos pop do grupo. Os sintetizadores selvagens de Al Doyle e a entrega vocal da nigeriana Eno Williams garantem um ritual de proteção (“Protection From Evil”) numa meditação sombria da vida contemporânea com vibrações de LCD Soundsystem (“All That You Want”), Grace Jones (“17 18 19”), Giorgio Moroder (“Wanna See Your Face Again”, “Electricity”) e as heranças próprias do projeto (“Afro Ken Doko Mien” e “Casio (Yak Nda Nda)”, cantadas na língua nativa Ibibio do povo nigeriano de Ibibio de Akwa Ibom e Abia).
• Destroyer – LABYRINTHITIS
(Merge Records)
O Destroyer, projeto do cantor e compositor Dan Bejar, apresenta LABYRINTHITIS como uma argumentação à desorientação social causa pela pandemia. Repetindo a parceria com o produtor John Collins (de Have We Met), a pista de dança é o estímulo do projeto focado na cena disco, New Order e Art of Noise, mas com um toque intrínseco da banda com um álbum definido pelo som dos anos 80 (“June”) e o clima sutil de desânimo com a vida (“It’s in Your Heart Now”). Com uma carreira de 20 anos, Bejar ainda é um espírito criativo inquieto – da faixa-título instrumental com samples de vozes de crianças e pássaros à irreverência disco de “Eat the Wine, Drink the Bread” com uma melancolia ajustada a um piano desolador – ao oferecer o registro mais direto e dançante do Destroyer.
• Placebo – Never Let Me Go
(Elevator Lady)
No oitavo álbum e primeiro em quase uma década, o Placebo busca classificar a condição humana ao examinar as falhas e perfeições com uma sensação de emergência. Never Let Me Go rasteja para fora da pandemia em um cenário de intolerância sexual (“Beautiful James”, uma celebração do amor não heteronormativo), identidade (“Hugz”), saturação tecnológica (“Surrounded By Spies”), teorias conspiratórias (“Chemtrails”) e catástrofes ecológicas iminentes (“Try Better Next Time”). Com camadas de sintetizadores sinistros, guitarras sujas e o vocal distinto de Brian Molko, a banda é uma voz vultosa ao discurso contemporâneo e apropriada para tratar tais temas com o mundo.
• Denzel Curry – Melt My Eyez See Your Future
(PH Recordings / Loma Vista Recordings)
Melt My Eyez See Your Future chega como o álbum mais maduro e ambicioso de Denzel Curry até hoje. Gravado ao longo da pandemia, o rapper mostra seu crescimento como artista ao refletir existência, amizades, romances, trabalho e saúde mental numa jornada de autorreflexão (“Melt Session”, #1″X-Wing”). Nascidas de uma riqueza de influências, as canções destacam sua versatilidade e gostos amplos, abraçando desde o drum ‘n’ bass ao trap numa série de melodias confortantes (“Walkin”). Para apoiar essa visão e transparecer a amplitude de sua arte, Denzel recrutou uma ampla gama de colaboradores e firma-se como um dos artistas mais inovadores da cena. Destaque para as participações de slowthai (“Zatoichi”), Buzzy Lee (“John Wayne”), T-Pain (“Troubles”) e Rico Nasty (“Ain’t No Way”).
• Koffee – Gifted
(Promised Land Recordings)
A jovem Koffee – a primeira mulher e mais jovem artista a ganhar um Grammy de Melhor Álbum de Reggae (com o EP Rapture) – tem a missão de trazer luz e brevidade às histórias de agora. Músicas como “Lockdown” articulam habilmente a esperança que muitos de nós sentimos durante meses de isolamento (“para onde iremos / quando a quarentena terminar e todos tocarem a estrada”, canta). Os ritmos esperançosos de “Where I’m From” e os tons clássicos de reggae de “X10” (com sample de “Redemption Song” de Bob Marley) são sua maneira eclética de marcar os episódios da vida. Como produtora de metade das dez faixas do álbum, ela idealiza o álbum a partir de explosões de inspiração em quartos de hotel durante uma turnê e sessões de freestyle com sua banda. O projeto inclui colaborações com produtores como JAE5 e Frank Duke ao lado de talentos jamaicanos locais, como iotosh, em singles como “Pull Up” e “West Indies”.
• Bodi Bill – I Love U I Do
(Sinnbus)
Onze anos após o álbum What, o coletivo art pop eletrônico berlinense em torno do cantor e produtor Fabian Fenk retorna com o álbum I Love U I Do e a sonoridade eclética cercada de temas futuristas. Com uma colagem sonora que permeia o indie rock, folk e eletrônica – trazendo comparações a trabalhos do The Notwist e Moderat – o Bodi Bill desenvolve temas atuais, analisa o desenvolvimento de nossa sociedade e busca por um sentido maior da existência. São guitarras cintilantes e vocais em falsete (“Peruhu”), jornadas por territórios do new wave pinçados pelo pop (“Big Gong Sound”) e eletrônica groovy (“Loophole Travelling”, uma crítica aos influenciadores) que impulsionam a narrativa musical proposta pelo trio.
• Atalhos – A Tentação do Fracasso
(Schubert Music / Costa Futuro)
O quarto disco da dupla paulistana Atalhos, do cantor e compositor Gabriel Soares e o guitarrista Conrado Passarelli, propõe uma viagem literal pela América Latina com influências de folk rock, psicodelia e dream pop. Inspirado nos diários do autor peruano Julio Ramón Ribeyro, o registro é projetado para parecer uma jornada íntima de uma vida (“Tierra del Fuego” com El príncipe idiota) combinando camadas de guitarras leves, sintetizadores nebulosos, loops de bateria e melodias estimulantes que remetem obras do Real Estate. Com letras reflexivas e sentimentais (“Teoría del Cuerpo Enamorado”), A Tentação do Fracasso revela-se profundamente envolvente e totalmente imersivo. O registro é masterizado Greg Calbi, conhecido por trabalhos com o David Bowie, St. Vincent, Tame Impala e Bon Iver.