9 discos para ouvir hoje: Lykke Li, Harry Styles, Uffie, Porridge Radio, Flume e mais

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Lykke Li, Harry Styles, SOAK, Flume, Porridge Radio, Everything Everything, Uffie, Ravyn Lenae e mxmtoon.

Lykke LiEYEYE
(PIAS / Crush Music)

Depois de So Sad So Sexy, disco baseado no hip hop e batidas de trap e recursos de rap, a artista sueca Lykke Li retorna com seu quinto álbum de estúdio e que funciona como um retorno às origens ao distanciar-se das influências do trabalho anterior. O registro é uma história de oito canções sobre luxúria, atração (“HIGHWAY TO YOUR HEART”), apego, rejeição (“NO HOTEL”, “5D”) e términos (“CAROUSEL”): a visão do amor. São baladas erguidas em instrumentações frágeis e desalumiadas em pianos sutis, sintetizadores atmosféricos, cordas simples, batidas distantes e o vocal solitário da artista. Compondo capítulos entre um sonho e realidade, EYEYE mostra-se muito mais triste, sombrio e intimista do que sexy, desta vez, ao nos desvendar um universo de desilusão e sofrimento.

Harry StylesHarry’s House
(Columbia)

Com o segundo disco de estúdio, Fine Line, Harry Styles buscou se reinventar com influências de David Bowie, Fleatwood Mac e Elton John com uma estética pop dos anos 1970. Em Harry’s House, o artista persevera no new wave, synthpop (“Daylight”, “As It Was”), R&B (“Daydreaming”, com o sample de “Ain’t We Funkin’ Now” do The Brothers Johnson) e folk (“Boyfriends”, talvez o momento em que a chama de Joni Mitchell – influencia para o título do trabalho – apareça) com um brilho confiante e confortável nas canções refinadas e românticas que soam como casos contados para um amigo. Harry’s House é um convite pelos 13 cômodos (faixas) da casa de Styles, decorados e preparados de maneira distinta nos arranjos e instrumentação intrincadas, reforçando a sensibilidade do músico que se isola cada ainda mais da imagem de ex-integrante de boyband.

SOAKif I never know you like this again
(Rough Trade)

Com if I never know you like this again, SOAK sacudiu a ressaca de sua estrelada estreia Before We Forgot How To Dream e o ambicioso álbum seguinte Grim Town, e as pressões que veio com eles. Tendo escrito grande parte do registro quando o tempo parecia mais lento, SOAK, que sempre teve uma necessidade obsessiva de documentar cada capítulo da vida, agora faz uma maravilha do mundano. As melodias brilhantes estão em plena exibição. O single principal “last july” apresenta um vocal magistralmente desequilibrado contra guitarras indie rock impregnadas de nostalgia, criando uma música pop exuberante que não estaria fora de lugar nos créditos finais de um filme de amadurecimento dos anos 90. Liricamente, consegue ser alegre e autoconsciente. A ideia de identidade é central para o álbum, e as letras são tão profundamente pessoais quanto universais. As memórias de SOAK se unem para criar vinhetas íntimas de uma vida ricamente vivida. Aproveitando experiências específicas, o resultado é um registro profundamente relacionável e explosivo, pois atravessa os altos e baixos de uma jornada desconfortável (“pretzel”) para tornar-se um ser totalmente realizado (“purgatory”).

FlumePalaces
(Future Classics / Transgressive)

Palaces começou a tomar forma quando Harley Streten (a.k.a. Flume) voltou para sua terra natal, a Austrália, depois de lutar para escrever música em Los Angeles no início da pandemia. Estabelecendo-se em uma cidade costeira na região de Northern Rivers, o artista rapidamente encontrou a inspiração de que precisava ao se reconectar com a natureza ao seu redor. Ele e o colaborador de longa data, o artista visual Jonathan Zawada, ficaram fascinados com a vida selvagem local, em particular os pássaros, coletando gravações de campo que acabaram chegando ao álbum. Como Flume continuou a construir uma forte conexão com seu entorno, o registro que ele queria fazer começou a se estruturar, eventualmente adotando um título para destacar adequadamente o luxo e a magia do mundo natural. Palaces é seu trabalho mais confiante, maduro e intransigente até hoje, um verdadeiro testemunho de nutrir os relacionamentos que nos tornam inteiros e nos trazem paz. O trabalho conta uma série de vocalistas e colaboradores, abrangendo nomes novos e conhecidos, como: Caroline Polachek (“Sirens”), Damon Albarn (“Palaces”), o espanhol Virgen Maria (“Only Fans”), KUČKA (“ESCAPE”), MAY-A (“Say Nothing”), Emma Louise (“Hollow”), entre outros.

Porridge RadioWaterslide, Diving Board, Ladder To The Sky
(Secretly Canadian)

Quando Dana Margolin, do Porridge Radio, uma das novas vozes mais vitais do rock, começou a considerar os temas do álbum, três palavras vívidas começaram a surgir: alegria, medo e infinitude. A arte do terceiro disco da banda, Waterslide, Diving Board, Ladder To The Sky, é uma imagem surreal que evoca as ladeiras escorregadias e a angústia existencial da vida nos últimos tempos. Após o lançamento de Every Bad (2020), Margolin estava rapidamente se tornando uma das líderes de bandas mais magnéticas do mundo. Mas se Every Bad estabeleceu a bravura de Dana em se desnudar, Waterslide, Diving Board, Ladder To The Sky leva isso a novos patamares ao abordar temas como decepções (“The Rip”), romances (“End Of Last Year”) e incertezas (“Back To The Radio”). Embora haja momentos de liberação gutural nas guitarras e vocais vociferantes, o grupo também consegue encontrar uma delicadeza adoçada (“Rotten”, “Flowers”) ao longo do registro.

Everything EverythingRaw Data Feel
(Infinity Industries)

No sexto registro de estúdio, o grupo de art-rock – deslumbrado pela tecnologia em termos hábeis e existenciais – Everything Everything entra em uma nova fase de exploração eletrônica. Inspirado pelo método de composição e técnica de William Burroughs, o líder da banda, Jonathan Higgs, permitiu que a inteligência artificial processasse as letras de Raw Data Feel a partir de informações selecionadas como os termos e condições do Linkedin, o antigo poema épico Beowulf, 400 mil publicações do fórum 4Chan, filosofia chinesa, entre outros, potencializando temas como capitalismo, tecnologia (“Teletype”), inquietação nas mídias sociais e relações (“Jennifer”, “I Want A Love Like This”). Além das letras, a I.A. criou também os títulos das músicas e a arte do disco, fazendo de Raw Data Feel um olhar curioso sobre nossa relação com a tecnologia.

UffieSunshine Factory
(Company Records)

Uma década depois do primeiro disco, que incluiu um dos primeiros sucessos virais da Internet – “Pop The Glock” -, a cantora e compositora Anna-Catherine Hartley (a.k.a. Uffie) está de volta. Colaborando com o produtor norueguês Lokoy, a artista logo encontrou um lar para suas músicas no selo Company Records, de Chaz Bear (a.k.a. Toro y Moi) que coproduz uma série de faixas (“sophia”, “dominoes”) de Sunshine Factory. O trabalho evidencia-se na produção pop entrelaçada de experimentações sonoras (“anna jetson”), brilho poético modesto (“cool”) e euforia juvenil (“prickling skin”).

Ravyn LenaeHypnos
(Atlantic Records)

Quatro anos depois do elogiado EP Crush, a cantora e compositora Ravyn Leane lança o aguardo disco de estreia. Hypnos é uma coleção de números hipnóticos (“Venom”, “M.I.A.”), charmosos (“Skin Tight”, “Light Me Up”) e animados (“Xtasy”) com o neo soul como base para acompanhar o vocal acolhedor da artista que soa como uma combinação de Minnie Ripperton e Janet Jackson. O registro conta com o trabalho magistral dos produtores Booker, Steve Lacy, KAYTRANADA e Luke Titus, além de parcerias com Fousheé (“Mercury”), Mereba (“Where I’m From”), Smino (“3D”) e, também, o próprio Lacy no single principal (“Skin Tight”).

mxmtoonrising
(AWAL)

Conhecida por letras confessionais e estilo indie pop, a cantora e compositora Maia (a.k.a mxmtoon) lança o segundo disco de estúdio. São canções de melodias açucaradas e astúcia pop que refletem amadurecimento (“growing pains”), amor próprio (“mona lisa”), perdas e esperança (“coming of age”) que a artista, hoje de 21 anos, gostaria que existissem na adolescência dela. Com elementos sonhadores, atmosféricos e nostálgicos (“sad disco”), rising emoldura um clima dançante (“dance (end of the world)”), leve e animado para fantasiar acordado uma vida cheia de incertezas.