“Bem-vindo à minha ilha / espero que goste de mim / você não vai embora”, canta Caroline Polachek nos primeiros versos de “Welcome To My Island”, single que abre o segundo álbum de estúdio, Desire, I Want to Turn Into You, em que a artista assume o próprio nome. Anteriormente, ela já havia aventurado-se com outros projetos – o pastoral eletrônico experimental Ramona Lisa e o conceitual CEP (com Drawing The Target Around The Arrow) -, além do Chairlift.
Desire, I Want to Turn Into You desvela o ecletismo de Polachek em sons de gaitas de fole (“Blood And Butter”, “Butterfly Net”), breakbeats, sintetizadores, coros infantis (“Billions”), violões com influências da música dos Bálcãs (“Sunset”), guitarras distorcidas, demo com risadas de um bebê (a filha do coprodutor Danny L Harle em “Bunny Is A Rider”), o encontro do popular e o experimental ao trazer Dido e Grimes (na drum ‘n’ bass “Fly To You”), mas com um foco distinto na voz eufórica e operística da artista na frente e no centro de tudo.
É perceptível a relação com outros universos musicais para construir a beleza etérea de Desire, I Want to Turn Into You – como Frou Frou (“Pretty In Possible” com um gostinho de “Tom’s Diner” e “Unfinished Sympathy” do Massive Attack), Kate Bush, Björk (“I Believe”, música sobre imortalidade dedicada à SOPHIE) ou Enya (“Crude Drawing Of An Angel”) -, mas Polachek tem o dom de reverter tudo a seu favor nesta jornada ao universalizar (e revolucionar) com contextos e elementos hodiernos a própria paleta avant pop clássica.
Desire, I Want to Turn Into You é um disco pop com uma perspectiva e história orientada pelo espírito sentimental e excêntrico de Caroline Polachek. Respondendo aos versos da primeira canção: ela nos faz não querer abandonar sua ilha e gostar ainda mais dela.