Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Yannis & The Yaw, Paris Paloma, Jónsi, Enumclaw, Laurie Anderson, Los Bitchos, John Legend, Jon Hopkins e Doechii.
• Yannis & The Yaw – Lagos Paris London
(Transgressive Records)
Em 2016, Yannis Philippakis, vocalista e guitarrista do Foals, teve a oportunidade única de gravar com o renomado baterista Tony Allen. A dupla rapidamente estabeleceu uma conexão intuitiva, criando músicas em uma atmosfera única de fusão cultural. Junto com colaboradores regulares de Allen, desenvolveram várias canções quase completas durante algumas sessões. Ao entrar em um estúdio retrô dos anos 70 em Paris, Philippakis esperava criar um álbum de afrobeat nostálgico com Tony Allen. No entanto, surgiu algo diferente, misturando rock, funk, jazz e dub. Embora as gravações não tenham sido concluídas antes da morte de Tony em 2020, Yannis sentiu a obrigação de finalizar o projeto em homenagem ao amigo e lança o EP Lagos Paris London do projeto Yannis & The Yaw. “Walk Through Fire” explora temas de força em tempos de destruição, “Under the Strikes” reflete sobre a desintegração social, “Rain Can’t Reach Us” trata de tempos difíceis e medo constante, e “Clementine”, a única faixa gravada sem Allen, imprime temas de esperança e saudade, contrastando com o comentário político e social do registro. Lagos Paris London é uma obra vibrante e descontraída, marcada por ritmos complexos e um estilo expansivo, inspirado por Tony Allen, oferecendo uma comunhão com o passado que proporciona uma fuga para os dias atuais.
• Paris Paloma – Cacophony
(Nettwerk Music Group Inc.)
Após o sucesso do single “labour”, que denuncia a desigualdade de trabalho nas relações heteronormativas, a cantora e compositora britânica Paris Paloma lança seu álbum de estreia, Cacophony. Misturando mitologia grega, fantasia e literatura gótica com uma sonoridade alt pop e folk, a artista explora temas como luto, amor, patriarcado e trauma, criando um trabalho confiante e poderoso. O álbum aborda o isolamento (“pleaser”), a comunidade (“his land”), a celebração da feminilidade (“knitting song”) e o impacto do trauma na mente (“my nind (now)”), destacando o drama e a expansividade da música de Paris, com piano e cordas sutis complementando suas vocais comoventes. “drywall” apresenta uma melodia encantadora, “boys, bugs and men” oferece uma crítica sobre como os homens, mesmo jovens, descobrem sua capacidade de exercer poder sobre os mais vulneráveis. Cacophony revela uma ambição e confiança impressionantes, especialmente em faixas mais suaves como a sonhadora “the warmth”, que combina elementos místicos com temas contemporâneos resultando em uma catarse de sentimentos.
• Jónsi – First Light
(Myndstream / Lakeshore Records)
Jónsi, líder do Sigur Rós, apresenta o álbum solo First Light, originalmente criado para a trilha sonora de um videogame. O material oferece uma experiência imersiva e escapista, com uma sonoridade instrumental emotiva e cinematográfica que vai além de seu propósito inicial. Inspirado pela ideia de um mundo harmonioso em meio ao caos global, o álbum desenha momentos de paz, esperança e conexão. “Flicker” carrega um caráter mágico e dramático, com sintetizadores pulsantes e cordas elegantes, “Cherry Blossom” constrói um ambiente meditativo, enquanto composições como “Floweret” revela uma jornada comovente combinando sons etéreos com batidas intensas e ritualísticas. First Light é idealizado pelo artista como a ideia de um mundo momentâneo, fantástico, exagerado e utópico, onde todos e tudo vivem juntos em paz e equilíbrio eternos.
• Enumclaw – Home in Another Life
(Run For Cover Records)
Aramis Johnson, vocalista da banda de rock alternativo Enumclaw, busca se distanciar da imagem de músico millennial em seu segundo álbum, Home in Another Life. Aos 28 anos, o artista mantém uma postura jovem e extrovertida, mas o disco revela uma profundidade emocional, abordando temas como vulnerabilidade, luto, vergonha e autoaceitação. O álbum explora experiências pessoais e desafios, como a doença de Alzheimer de um familiar (“Not Just Yet”) e a complexidade dos relacionamentos familiares. Com 11 faixas, o registro mistura diversão e introspecção, desde a agitada “Spots” até a melancólica “I Want Some Things for Myself” e a introspectiva “Sink”. As músicas refletem experiências passadas e desafios atuais (“Change”), com uma sonoridade inspirada no rock e grunge desordenado dos anos 90 e 2000, com guitarras distorcidas e vocais despretensiosos e levemente desafinados de Johnson. Com uma produção mais apurada e uma sonoridade mais poderosa do que em sua estreia, Home in Another Life revela-se um álbum barulhento e cativante que destaca o prazer de tocar rock e a maturidade artística do grupo desde sua formação.
• Laurie Anderson – Amelia
(Nonesuch Records)
Quase vinte e cinco anos após sua primeira apresentação ao vivo, Laurie Anderson grava sua homenagem ao voo final da piloto Amelia Earhart em Amelia. O álbum, dividido em vinte e duas breves seções, combina a alegria da descoberta com a melancolia de um final conhecido. A obra é marcada por arranjos de cordas, variando de viola solo a orquestra, e incorpora gravações de campo, como motores de aviões e rádio, para complementar a paisagem sonora. A voz de Anderson, predominantemente falada e muitas vezes em tom de canto, é acompanhada por vocais de ANOHNI (em seis faixas, como “India And On Down To Australia”), cuja voz rica adiciona profundidade ao trabalho. Apesar do tema sombrio, Amelia é surpreendentemente suave, refletindo não apenas a figura trágica de Earhart, mas também a mulher por trás do mito, com a inclusão de um clipe da própria aviadora que dá voz à história.
• Los Bitchos – Talkie Talkie
(City Slang)
Se o eletrizante álbum de estreia de 2022 dos Los Bitchos, Let The Festivities Begin!, foi uma preparação animada para o início de grandes festividades, então Talkie Talkie é a explosão da pista de dança. O nome do registro, em referência a um clube fictício, evoca um paraíso noturno cheio de liberdade e possibilidades, um lugar onde é permitido escapar da realidade por meio da dança ou sonhar acordado ao som revigorante das paisagens sonoras. Com uma sonoridade cinematográfica, as faixas exploram funk disco (“Hi!”), synthpop (“Talkie Talkie, Charlie Charlie”), hardcore punk (“It’s About Time”), surf rock, ritmos latinos (“1K”) e turcos (“La Bomba”). Com riffs de guitarra dinâmicos e batidas contagiosas, o álbum representa um avanço audacioso na fusão única de influências do rock ‘n’ roll global da banda, junto à produção de Oli Barton-Wood (Wet Leg, Nilüfer Yanya).
• John Legend – My Favorite Dream
(Republic Records)
John Legend lança o álbum “infantil” My Favorite Dream, coproduzido por Sufjan Stevens, uma coleção de músicas divertidas e canções de ninar para crianças e famílias, mantendo a marca de melodias cativantes e soul do artista, com elementos de piano clássico. Inspirado pela paternidade, Legend escreveu as músicas em casa, com temas que vão do amor à família, oferecendo uma mistura de ritmos animados e melodias calmantes. As músicas abordam temas como amor (“L-O-V-E”, com a participação de sua esposa Chrissy Teigen e dos filhos Luna e Miles Stephens nos vocais de apoio), família (“We’re a Family”), compromisso (“Always Come Back”) e momentos alegres que ajudam a dissipar a tristeza (“When I Feel Sad”). Além das canções originais, o álbum também inclui releituras de clássicos como “Three Little Birds” e “You Are My Sunshine”. My Favorite Dream, que reflete conversas e mensagens de vida compartilhadas, destaca o poder do amor e a importância da empatia, trazendo uma mensagem acolhedora em tempos de discórdia social.
• Jon Hopkins – RITUAL
(Domino)
RITUAL é uma obra cerimonial épica de 41 minutos, composta por oito capítulos que se destacam por serem devocionais, fortalecedores e estimulantes. Criado na segunda metade de 2023, com a colaboração de artistas como Vylana, 7RAYS, Ishq e outros, o projeto teve suas primeiras sementes plantadas em 2022, quando Jon Hopkins foi convidado a compor para a experiência imersiva Dreamachine. O álbum é emocional e sonoramente intenso, mantendo uma sensação calorosa e dramática, numa série de peças que evoluem desde a segurança inicial até um clímax celestial (“part VI – solar goddess return”).
• Doechii – Alligator Bites Never Heal
(Top Dawg Entertainment)
A rapper e cantora Doechii lança a mixtape Alligator Bites Never Heal, sucessora do EP she / her / black bitch, pelo selo Top Dawg Entertainment. No registro, a artista explora uma variedade de influências, desde o funk em “BOILED PEANUTS” e harmonias de soul em “HIDE N SEEK”, até a cultura ballroom em “NISSAM ALTIMA”, bossa nova em “BEVERLY HILLS” e o hip hop dos anos 90 em “DENIAL IS A RIVER”. Combinando rimas inteligentes, fluxos dinâmicos e momentos em que revela suas habilidades vocais em faixas de R&B como “WAIT” e “PROFIT”, Doechii aborda temas provocativos e divertidos, incluindo suas relações amorosas, saúde mental, carreira, uso de substâncias e autoestima, com uma perspectiva honesta e autêntica. Alligator Bites Never Heal demonstra a versatilidade de Doechii com sua sonoridade eclética, que transita entre rimas ferozes e baladas introspectivas, consolidando-a como uma artista completa e pronta para se tornar um dos grandes nomes da cena musical.