Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Christopher Owens, Confidence Man, Kelly Lee Owens, Japandroids, ÄTNA, Phantogram, Hildegard, Jordana e Porridge Radio.
• Christopher Owens – I Wanna Run Barefoot Through Your Hair
(True Panther Records)
I Wanna Run Barefoot Through Your Hair é o terceiro álbum solo do cantor e compositor Christopher Owens, ex-integrante da banda Girls. Após perder seu companheiro de banda e ex-colega Chet ‘JR’ White, sofrer um acidente de moto, enfrentar períodos de falta de moradia e lidar com vícios, o artista deixou São Francisco e se mudou para Nova York, retornando ao selo True Panther. Na intimista “This Is My Guitar”, Owens reflete sobre a importância da música como forma de expressão e resiliência diante da solidão e da dor. Em “I Think About Heaven”, com sua melodia ensolarada, guitarras serenas, sons de bongôs e vocais suaves, ele explora questões de fé e vida após a morte. Canções como a balada com influência de blues rock “Beautiful Horses” e a faixa de pegada country “Distant Drummer” oferecem vislumbres de otimismo, embora esses momentos sejam efêmeros. “No Good” apresenta uma sonoridade de garage rock com explosões de alta energia, acompanhando o vocal vulnerável de Owens, expressando dor e desilusão após o fim de um relacionamento. Já “Two Words”, com suas guitarras reverberadas, aborda a tristeza de se sentir usado em um relacionamento, mas traz um desejo sincero de felicidade para o outro, mesmo reconhecendo que o sofrimento é consequência de suas próprias escolhas. Por fim, “Do You Need A Friend” interpola a clássica “It Must Have Been Love”, do Roxette, transmitindo uma mensagem otimista sobre a importância de buscar conexões e superar o passado para reencontrar a felicidade.
• Confidence Man – 3AM (LA LA LA)
(CHAOS/Polydor/I OH YOU)
O terceiro álbum de estúdio do grupo australiano de alt pop Confidence Man, 3AM (LA LA LA), traz uma nova abordagem aos sons do rave britânico dos anos 90. Inspirado na cultura dance pop da época, que abrange estilos como breakbeat e trance, incluindo influências do Prodigy, o disco destila ideias de hedonismo e êxtase em pura euforia. “WHO KNOWS WHAT YOU’LL FIND” é um euro trance com batidas que evocam “Just Can’t Get Enough”, do Depeche Mode. A escapista, a escapista “SO WHAT” apresenta a vibrante energia do dance pop dos anos 90, com uma atitude à la Keith Flint (do Prodigy) e do Ultra Nate. Já “I CAN’T LOSE YOU” incorpora elementos de trance com batidas pulsantes e sintetizadores reminiscentes do house clássico. A envolvente “SICKO”, com Sugar Bones fazendo uma imitação de Trent Reznor, combina a sonoridade sombria de Leftfield e Nine Inch Nails com sintetizadores labirínticos que remetem a “Woke Up This Morning” do Alabama 3. “SO TRU” mistura dance, hip hop e grime, celebrando o amor e a conexão entre duas pessoas. “REAL MOVE TOUCH” conta com os vocais de Sweetie Irie, colaborador do Gorillaz, adicionando um toque de rave e pop à energia house. “CONTROL” é uma homenagem a dance music do início dos anos 2000 com elementos de eurodance. A faixa-título, que encerra o álbum, começa com um clima de fim de festa, mas logo retoma a energia com batidas pulsantes, evocando a produção clássica de rave. 3AM (LA LA LA) é um disco empolgante, convidando o ouvinte a se entregar à estimulante jornada sonora e festiva do Confidence Man.
• Kelly Lee Owens – Dreamstate
(dh2)
Dreamstate, o quarto álbum de estúdio de Kelly Lee Owens, altera seu direcionamento sonoro ao focar mais em sonoridades de house progressivo e trance, preservando a assinatura etérea da artista, em contraste com o ambient e o experimental presentes em seus trabalhos anteriores. O registro, produzido por George Daniel (do The 1975) e outros colaboradores como Bicep e Tom Rowlands (do The Chemical Brothers), transmite uma poderosa sensação de liberdade e escapismo, resultado da evolução interior da artista após o término de um relacionamento. “Dark Angel” combina vocais magnéticos e reverberantes com batidas pulsantes e sintetizadores radiantes. A faixa-título começa com um ritmo moderado e cresce lentamente para um som hipnótico, entrelaçado pelos sussurros da artista, que se destacam nos minutos finais. “Love You Got” é guiada por um ritmo techno pulsante, com versos que expressam um desejo intenso e uma conexão profunda entre duas pessoas. “Higher” apresenta um techno com influência pop, misturando vocais transcendentais, pads suaves de sintetizador e uma crescente energia, refletindo uma jornada de renovação através de uma nova conexão. Por sua vez, “Time To” incorpora elementos de drum ‘n’ bass à sonoridade atmosférica característica de Owens. “Ballad (In the End)”, coescrita com The Chemical Brothers, começa com acordes suaves de piano e evolui para um clímax de sintetizadores hipnóticos e um coro de vocais com influências celtas, transmitindo uma mensagem sobre as frustrações do amor, mas também a confiança de que a vida é boa e de que algo maior está por vir. “Sunrise” emana a luminosidade e a positividade do verão, repetindo o título da música sobre uma batida vibrante de house, enquanto “Air” soa como uma continuação, com uma eletrônica que evoca um ambiente mais sombrio. Por fim, “Trust & Desire”, a faixa que encerra a obra, destaca as habilidades de produção impecáveis de Owens, com pianos delicados e arranjos de cordas acompanhando versos sobre esperança, desejos e confiança em um amor futuro.
• Japandroids – Fate & Alcohol
(Anti-)
Após sete anos, o duo de indie rock Japandroids retorna com Fate & Alcohol, seu quarto e último álbum completo. O trabalho foca nas guitarras estrondosas e na percussão robusta de seus primeiros lançamentos, mas dá um emocionante passo à frente, mostrando a química que a dupla aperfeiçoou ao longo de 18 anos, além de um amadurecimento em resposta às mudanças da vida. Isso é evidente em “Positively 34th Street”, onde King canta sobre amor e uma vida além da música, expressando a mesma paixão que antes dedicava à cerveja e aos palcos. O objetivo principal do álbum era criar músicas que eles gostassem de tocar ao vivo, sem sacrificar a nuance e a ambição que marcaram seus trabalhos anteriores. Essa intenção fica clara na faixa principal, “Chicago”, cuja energia e romantismo são palpáveis desde os primeiros acordes até as explosões de bateria que sustentam a canção. A eufórica “D&T”, que soa como se Bruce Springsteen liderasse uma banda punk, captura uma experiência emocional turbulenta após uma noite de bebedeira. Já “Alice” narra um encontro intenso e surreal em um bar, enquanto “All Bets Are Off” é um rock hedonista sobre o reencontro de duas pessoas que, apesar do tempo e da distância, ainda sentem uma forte conexão. Se Celebration Rock, o álbum de estreia da banda, funciona como um diário musical de emoções juvenis, Fate And Alcohol apresenta músicos mais centrados e madurados – mas sem perder completamente a qualidade entusiasmada dos trabalhos anteriores.
• ÄTNA – Lucky Dancer
(BMG / LAB344)
O duo alemão de avant-garde pop ÄTNA, formado por Inéz Schaefer e Demian Kappenstein, lança seu terceiro disco de estúdio, Lucky Dancer. O projeto reflete uma ambivalência profunda, contrastando o calor do verão com questões como mudanças climáticas e agitações políticas (“Hold My Fist High”), METOO (“All That I Am”) e a luta pela liberdade das mulheres iranianas (“My Fist High”), permeado por uma sensação de transitoriedade. Com faixas festivas que misturam eletropop, eurodance, R&B dos anos 90 e drum ’n’ bass, suas composições também celebram a transitoriedade da vida. “Number One” é uma meditação sobre os ciclos naturais da vida, abordando temas de dualidade como nascimento e morte, fluxo e refluxo, e yin e yang. “Hiatus” apresenta um pop escapista, impulsionado por letras e vocais etéreos, sintetizadores suaves, sons de pássaros e um groove irresistível de “Sexual Healing”, em que Schaefer retrata uma solenidade cósmica e libertadora. “Major Love” combina a essência devaneante de Moon Safari, do Air, com a vibração indie do The xx e a sensualidade de “Underwater Love” do Smoke City. Lucky Dancer é uma experiência em que a dupla demonstra sua habilidade de experimentar música e emoção com a beleza da natureza e o caos provocado pelas ações humanas.
• Phantogram – Memory Of A Day
(Neon Gold Records / Avenue A Records)
O Phantogram, formado por Sarah Barthel e Josh Carter, retorna com o álbum Memory Of A Day, seu quinto disco de estúdio e sucessor de Ceremony. Conhecido por seu som que desafia gêneros, o duo eletrônico ultrapassa limites mais uma vez, apresentando seu trabalho mais voltado para o rock até agora, com inspirações vindas de David Bowie, Cocteau Twins, The Flaming Lips, entre outros, enquanto explora temas de nostalgia e memórias. A faixa de abertura, “Jealousy”, estabelece uma base melancólica ao explorar a luta contra ciúmes e frustração, enquanto “It Wasn’t Meant To Be” se destaca com sua energia dinâmica e vocais marcantes de Barthel, mostrando a banda em sua melhor forma. “All A Mystery” traz uma sensação de uma valsa encomendada para um filme de David Lynch, e “Ashes” é uma balada com elementos nebulosos que remetem ao Cocteau Twins. “Happy Again” é um pop rock com instrumentações enérgicas e vocais harmoniosos, abordando um período de tristeza e solidão, expressando um anseio pelo fim de anos difíceis e pela chegada de dias mais felizes. “Attaway”, um dos destaques do disco, é um hino escapista que começa tímido e explode em emoção com guitarras vultosas, sintetizadores brilhantes, batidas eletrônicas e vocais elevados de Sarah. Memory Of A Day é um álbum cinematográfico com produção moderna e construção emocional, que cria uma experiência de desalento e esperança.
• Hildegard – Jour 1596
(Chivi Chivi)
Hildegard, o projeto colaborativo das artistas e multi-instrumentistas canadenses Ouri (Ourielle Auvé) e Helena Deland, retorna com Jour 1596, um disco criado durante retiros anuais de uma semana em Quebec, composto ao longo de 1596 dias – o que originou o título – em contraste com os oito dias que levaram para a produção da estreia. O registro explora uma sonoridade mais expansiva, refletindo a resiliência da amizade, a alegria da colaboração e as inspirações musicais e pessoais, guiando os ouvintes de um estado contemplativo para um mais leve. Embora mantenha a essência do álbum anterior, o trabalho afasta-se da eletrônica sombria ao incorporar elementos de jazz, enquanto continua a valorizar texturas e associações musicais. “Bach In Town” estabelece uma atmosfera de reconexão, com uma sonoridade onírica e vocais suaves, refletindo sobre a incerteza de reencontrar alguém. “Cruel”, com sua instrumentação jazzística calorosa e sofisticada, apresenta versos que expressam um amor honesto e puro. “Remember Me” traz uma fragilidade nos versos sobre o valor do tempo e das conexões passadas, complementada pelos sons de harpa e pelos vocais, enquanto “Pour Your Heart Out”, com sua sonoridade jazz e boom-bap, reflete uma conexão íntima e acolhedora. Jour 1596 assegura mais uma vez a sintonia da dupla, explorando novos territórios e sua evolução emocional ao abordar relacionamentos e crescimento pessoal.
• Jordana – Lively Premonition
(Grand Jury Music)
Em seu quarto registro de estúdio, Lively Premonition, a artista Jordana Nye (ou simplesmente Jordana) combina o folk de Laurel Canyon e o yacht rock, com influências de artistas como Carole King, The Mamas & The Papas, The Carpenters e Hall & Oates. Isso confere ao álbum uma sensação retrô com um toque moderno, sem perder a sensibilidade pop dos materiais anteriores. “Like A Dog”, com uma sonoridade teatral no piano picado, sintetizadores ensolarados e um baixo vibrante, explora o tema de se submeter à admiração de alguém, fazendo uma analogia com o comportamento de um cachorro em busca de atenção. “Multitudes Of Mystery”, uma canção que aborda a cultura das festas e o uso de drogas nesse contexto, é um funky groove com sintetizadores psicodélicos, e a artista evoca Daryl Hall na voz. Já “Raver Girl” capta a atmosfera charmosa do funky disco ao explorar o tema da paixão e do desejo em uma pista de dança. “Wrong Love” é uma balada pop sobre manter a esperança em um possível interesse amoroso, mesmo diante de sinais de desinteresse, enquanto “Anything For You” é uma canção de despedida que explora a luta de reencontrar a própria identidade após o término de um relacionamento. Lively Premonition soa como um trabalho atemporal, refletindo sua sonoridade nostálgica e a maturidade da artista ao explorar os ciclos do amor e as esperanças que permanecem.
• Porridge Radio – Clouds In The Sky They Will Always Be There For Me
(Secretly Canadian)
Em Clouds In The Sky They Will Always Be There For Me, o grupo britânico de indie rock Porridge Radio reflete um momento de amadurecimento, abordando temas como burnout, a indústria da música e, principalmente, o amor frenético e desesperado. As letras falam sobre perder a identidade em um relacionamento e as inseguranças que surgem em novas relações. “God of Everything Else”, com seus riffs de guitarra intensos e sons de violinos, é uma explosão de raiva ao lidar com sentimentos de amor e perda. “A Hole In The Ground” começa de forma equilibrada, mas, à medida que avança, torna-se mais caótica, com Margolin transmitindo uma crescente sensação de desespero diante da complexidade dos relacionamentos. “Sleeptalker” é uma balada ingênua no piano jazz e explode em guitarras e percussão caóticas, confrontando versos sobre um sentimento de desolação e apatia, mas também uma conexão profunda e amorosa com alguém especial. “In A Dream I’m A Painting” explora o lado etéreo do Porridge Radio, evocando nomes como Julee Cruise, criando uma atmosfera fantasiosa, em versos em que canta um sonho em que se sente como uma pintura, refletindo a ausência de um lugar e o desejo de estar com alguém especial. “Sick of the Blues”, com vocais que transmitem desespero e paixão, expõe um coração partido que se prepara para redescobrir a alegria e o amor-próprio. Clouds In The Sky They Will Always Be There For Me é uma jornada pela vulnerabilidade emocional e introspecção, através das letras de Margolin, num testemunho sobre reconhecer os erros do passado e aceitá-los para um acerto no futuro.