SAULT “ressuscita” na madrugada de Páscoa e lança o álbum ’10’

SAULT / Divulgação

Após o lançamento surpresa de Acts of Faith no Natal (que chegou as plataformas de streaming oficialmente só em dezembro, embora já estivesse disponível há meses), o enigmático coletivo SAULT, comandado pelo produtor Inflo (Little Sim, Michael Kiwanuka), reaparece durante a Semana Santa com sua característica aura de mistério. O álbum 10 surge brevemente nas plataformas na sexta-feira (18), desaparece subitamente e “ressuscita” na madrugada de Páscoa, como se fosse um ritual musical contemporâneo, reforçado pelos títulos enigmáticos das faixas, todas apresentadas em forma de siglas.

A abertura do registro, “T.H.” (The Healing), começa com murmúrios e percussão orgânica, evoluindo para um soul-funk energético em que baixos profundos, sintetizadores expansivos e metais brilhantes abrem caminho para a voz iluminada de Cleo Sol, que transmite uma mensagem sobre cura interior e laços humanos. “R.L.” (Real Love) é uma viagem à era disco, com guitarras reluzentes e metais de influência jazzísticos, enquanto “K.T.Y.W.S.” (Know That You Will Survive) evoca a aura de Stevie Wonder com um groove irresistível, sustentado por um baixo pulsante, harmonias gospel fluidas e a voz cativante de Sol, que canta sobre resiliência e esperança.

“P.” (Power) é uma fusão de afrobeat e funk com toques à la James Brown, destacando-se pelos riffs de guitarra e harmonias vocais. Já “L.U.” (Look Up) e “S.I.T.L.” (Sorry It’s Too Late) mergulham em um R&B sensual e intimista, enquanto “W.A.L.” (We Are Living) exala uma energia punk-funk dos anos 80, contrastando com momentos de soul sereno. O encerramento, “S.O.T.H.” (Sounds Of The Healing), soa como uma versão eufórica da faixa de abertura, remetendo às produções clássicas de Quincy Jones para Michael Jackson, em Off the Wall, com uma batida funk contundente, baixo sensual e uma percussão que exala uma brasilidade ao longo da melodia, permitindo que os vocais etéreos de Sol iluminem a música.

Com produção impecável e letras profundas, 10 consolida o SAULT como um dos projetos mais relevantes da música contemporânea, equilibrando influências clássicas com uma abordagem moderna e reverente. Cada faixa é um testemunho do poder transformador da música – e mais uma prova de que o coletivo não tem pressa em revelar seus mistérios, apenas em compartilhar sua arte.