7 discos para ouvir hoje: Nikka Costa, Tinashe, Shelby Lynne, Foster the People e mais

Nikka Costa / Bobbi Rich

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Nikka Costa, Tinashe, Shelby Lynne, Foster the People, Charly Bliss, Wishy e Telenova.

Nikka CostaDirty Disco
(Go Funk Yourself)

Nikka Costa, conhecida por seu trabalho desde os anos 80 e pelo álbum Everybody Got Their Something (2001), está de volta com seu nono trabalho de estúdio, Dirty Disco. Após um hiato de seis anos desde seu último lançamento de originais, Pebble To A Pearl, Costa retorna às suas raízes com um trabalho recheado de funk e soul contagiante e sensual, que mistura a alegria dos anos 70 e 80, influenciado por Prince e George Clinton, enriquecido por uma energia pop contemporânea (“Keep It High”). A faixa-título é eufórica, com sintetizadores reluzentes e guitarras dançantes, onde a artista celebra a diversidade e a união através da música e da dança. O álbum mantém o ritmo energético com faixas como “Dance ‘N Forget”, um convite à pista de dança, e “It’s Just Love”, uma celebração do amor em suas diversas formas, inspirada por uma experiência pessoal com homofobia. Em “Satellite Girl”, Nikka revisita sua essência mais roqueira, da era Butterfly Rocket (1996), em um hino que incentiva as pessoas a brilharem e serem autênticas, enquanto “Slow Emotion” demonstra sua habilidade em criar baladas envolventes e sedutoras. Se “Glitter In My Eyes” se revela um número otimista sobre encontrar maneiras de se sentir vivo e conectado com os outros, apesar das adversidades, “Unsubscribe” se destaca por sua mensagem sobre focar energia em aspectos positivos da vida, especialmente após a pandemia. Dirty Disco é um álbum animado e confiante, feito por alguém que se mantém cada vez mais ativa e resistente na indústria da música, pronto para agradar antigos e novos públicos.

TinasheQuantum Baby
(Tinashe Music / Nice Life Recording)

Desde sua saída de uma grande gravadora, Tinashe exibe com entusiasmo uma liberdade criativa e reconfortante como artista independente. Em seus álbuns independentes de 2019 e 2021, Songs for You e 333, ela explorou diversos territórios musicais, do drum ’n’ bass ao funk retro-futurista, intercalando canto e rap. Em Quantum Baby, ela mantém esse espírito enquanto introduz refinamentos sutis. É impulsionado pelo sucesso de “Nasty”, um pop e R&B alternativo sedutor, construído sobre uma batida futurística, sintetizadores suaves e os vocais sedutores da artista, que trazem versos de autoconfiança, desejo e prazer físico. A voz de Tinashe se destaca sobre batidas que variam entre eletrônica e pop, como em “Getting No Sleep”, que descreve uma cena de intimidade e excitação entre duas pessoas, com noites sem dormir e o desejo de viver intensamente, com batidas de drum ‘n’ bass, sintetizadores suaves e cordas disco. Em “Cross That Line”, ela reflete sobre a possibilidade de um grande amor, e em “No Broke Boys”, expressa uma atitude segura e independente após o término de um relacionamento. “Red Flags” é uma música envolvente e minimalista com sintetizadores etéreos, na qual Tinashe explora a frustração com um relacionamento prejudicial, reconhecendo os sinais de alerta que ignorou e enfrentando a dificuldade de terminar a relação. Quantum Baby é um álbum sucinto, com 8 faixas em 22 minutos, que exibe o valor de Tinashe como uma artista independente e singular.

Shelby LynneConsequences of the Crown
(Monument Records)

Consequences of the Crown é o primeiro álbum de Shelby Lynne desde seu retorno a Nashville após 25 anos. O álbum, o mais cru e autêntico de sua carreira, apresenta 12 faixas que misturam gêneros e exploram as complexidades da humanidade, abordando experiências de desamor e perda (“Over and Over”), temas familiares (“Mr. Regular”, uma canção afetuosa sobre seu pai) e a transformação e o crescimento poderosos que acompanham esses momentos (“Butterfly”). O álbum, coproduzido e coescrito com Ashley Monroe, Karen Fairchild e Gena Johnson, explora o passado e o presente em suas músicas, como em “But I Ain’t”, em que interpola sons de “Dreamsome”, um dos sucessos de seu trabalho de 1999, I Am Shelby Lynne, e “Gone to Bed”, que remete a uma dor antiga com uma pegada pop dos anos 60. Embora Shelby seja mais conhecida como cantora country, sua voz expressa emoções com intensidade e um senso de consolo, sugerindo também influências do blues (“Shattered”), incorporando efeitos eletrônicos (“Good Morning Mountain”) e ritmos contemporâneos (“Keep The Light On”), conferindo à música uma sensação mais contemporânea de R&B (“Dear God”). Consequences of the Crown é um disco encantador que remete à época em que Lynne estava no auge da fama, há mais de duas décadas, com um Grammy em mãos.

Foster the PeopleParadise State of Mind
(Atlantic Records)

Após um hiato de sete anos, o Foster the People, composto por Mark Foster e Isom Innis, retorna com o quarto álbum de estúdio, Paradise State of Mind. O registro traz uma sensação de nostalgia, com uma sonoridade alegre e letras que expressam uma crescente angústia. A animada “See You in the Afterlife”, um funk disco com guitarras e sintetizadores inspirados nos anos 80, oferece uma visão crítica e introspectiva sobre o estado do mundo, com manchetes assustadoras e referências à guerra na Ucrânia. “Lost in Space” combina elementos cósmicos, cordas dramáticas da era disco e vocais cativantes, em uma composição que explora o sentimento de estar perdido e em busca de significado. “Take Me Back” mergulha na sonoridade funk soul dos anos 70, combinada com o brilhante magnetismo pop da banda, enquanto canta sobre a busca por momentos felizes e a reconexão com a alegria da infância. “Feed Me” retrata o desejo e a conexão na era digital. “Let Go” e “Chasing Low Vibrations” evocam a aura psicodélica do Tame Impala e refletem pensamentos que nos prendem ao passado, enquanto “A Diamond to be Born” transparece a motivação de Mark Foster, com a ideia de que o amor pode transformar as dificuldades em algo valioso, para toda essa fascinante singularidade e jornada presente no álbum.

Charly BlissForever
(Lucky Number)

Após cinco anos, o Charly Bliss retorna com o terceiro álbum de estúdio, Forever. Produzido por Jake Luppen (Hippo Campus) e Caleb Wright (Samia), juntamente com Sam Hendricks, da banda, o trabalho está repleto do power pop mais grandioso e brilhante da banda até o momento (“Tragic”, com suas guitarras harmoniosas e sintetizadores cativantes), mas é uma evolução, não um afastamento. Descrito como ‘bubblegrunge’, Forever é moldado por guitarras distorcidas (“I Don’t Know Anything”), baladas confessionais (“Easy To Love You”, “Nineteen”) e energia pop (“Back There Now”), com uma sonoridade vibrante e refrões irresistíveis (“Here Comes The Darkness”). Semelhante ao trabalho anterior, Young Enough, as canções exploram temas de amor – inclusive para seus companheiros de banda -, juventude e vulnerabilidade, através de uma perspectiva nostálgica. Forever, caracterizado por emoções intensas e um som eufórico, é uma verdadeira mina de ouro pop.

WishyTriple Seven
(Winspear)

Após muita expectativa e um EP na bagagem, a banda Wishy apresenta seu álbum de estreia Triple Seven. O registro mistura elementos de shoegaze (“Little While”), indie pop (“Just Like Sunday”) e dream pop (“Triple Seven”), com influências de rock alternativo dos anos 90 (“Persuasion”) e punk (“Game”). Embora as letras explorem temas de amor e autodescoberta, nem sempre refletem o conceito de “despertar espiritual” sugerido pelo título do álbum. O disco é uma coleção de vinhetas e instantâneos que retrata um período turbulento na vida dos músicos – saindo da pandemia, iniciando um projeto embrionário e conciliando seus passados musicais enquanto constroem um futuro juntos, em uma jornada de autoaceitação (“Sick Sweet”) e autocompreensão (“Love On The Ouside”). Às vezes lindo, às vezes perturbador e sempre catártico, Triple Seven é um documento vibrante e emocionante de autodescoberta, com a grandiosidade dos álbuns de rock de grandes orçamentos do passado que o inspiraram.

TelenovaTime Is A Flower
(EMI)

A banda australiana Telenova, formada por Angeline Armstrong, Joshua Moriarty e Edward Quinn, lançou sua música pela primeira vez em 2021 após se conhecerem em um acampamento de composição. Agora, com o lançamento de seu álbum de estreia, Time Is a Flower, o grupo alcança um marco significativo em sua carreira. O trio se destaca com seu som majestoso, que mistura trip hop, trance, indie, soul, pop e disco. O destaque do álbum, “Margot”, apresenta uma batida envolvente com uma voz suave e termina com guitarras distorcidas e ecos vocais, lembrando o new wave e o acid pop dos anos 60, ao explorar a figura da personagem-título, uma mulher que aparenta superficialidade, mas provoca sentimentos intensos e conflitantes no narrador. “Preamble” revela um som psicodélico com uma abordagem mais sinistra, repleta de sentimentos de déjà vu e introspecção. “Discotheque Inside My Head” adiciona um toque mais funky e despojado ao material, enquanto “Power” é marcada por cordas melodramáticas e uma influência disco. Time Is A Flower é um pop alternativo grandioso e cinematográfico, totalmente fascinante.