Water é o álbum de estreia da compositora, cantora e produtora Fie Eike. A obra explora a sabedoria existencial e emocional da água como um meio de cura e transformação, contando uma narrativa sonora sobre a conexão profunda com a natureza das águas e oceanos, a fim de assumir uma identidade única.
Com raízes norueguesas e criada na Dinamarca, a artista traz para o álbum as memórias da natureza nórdica – das florestas dinamarquesas onde cresceu e dos fiordes e montanhas da Noruega onde passou os verões. Essa conexão espiritual com a natureza permeia o ambiente atmosférico do trabalho.
Com 12 faixas, incluindo 7 canções, 3 composições instrumentais e 2 peças vocais, Water apresenta melodias atmosféricas que equilibram luz e escuridão, melancolia e esperança. As composições realçam a voz poderosa e delicada de Fie Eike, acompanhada por piano, texturas eletrônicas e gravações de campo com sons de água e oceano captados em diferentes locais da Dinamarca.
O álbum retrata uma jornada de autodescoberta, simbolizada pela contemplação do oceano como representação do subconsciente (“The Water”). Trata-se de enfrentar o desconhecido, explorar emoções, medos e motivações, deixando que a água purifique o que já não serve, para então emergir como uma expressão autêntica e livre de si mesma.
Fie Eike canta “só a água me libertará” a capella na faixa de abertura “Free”, dando início a uma jornada sonora que mergulha nas profundezas da água e em emoções como medo, luto e melancolia. Já “The Nile” combina art pop, neoclássico e eletrônica em uma paisagem sonora sofisticada e hipnotizante, marcada por um ritmo repetitivo, piano, bateria, violoncelo dramático e vocais envolventes que transmitem emoção e elasticidade, conduzindo rumo ao desconhecido.
“Fluid” explora o estado de “fluidez”, no qual perdemos a conexão com nossa essência ao nos adaptar excessivamente para sentir que pertencemos. A faixa destaca a importância de equilibrar a necessidade de pertencimento com a preservação da identidade autêntica, em uma sonoridade etérea e melancólica que evolui para força e esperança. Enquanto “Deep End” utiliza as profundezas do oceano como metáfora para o subconsciente, explorando sua escuridão, mistério e sabedoria infinita, em uma sonoridade etérea de art pop eletrônico com piano, texturas eletrônicas e vocais intensos e hipnotizantes.
Essas emoções são gradualmente dissolvidas pela vulnerabilidade e esperança, culminando nas faixas finais “Omrids” e “Omrids II”. Omrids, que significa “contorno” em dinamarquês, simboliza o processo de transição de um estado de fluidez para a definição da forma como indivíduo, com uma expressão clara e verdadeira, que nos conecta ao nosso entorno. Essa evolução é inspirada no movimento das ondas que moldam a costa ao longo do tempo, deixando padrões na areia.
Para Fie, a água é essencial para a vida e reflete uma sabedoria emocional e existencial, refletindo os padrões, dinâmicas e contrastes que moldam nossas vidas.