
A cantora e compositora baiana Luedji Luna surge das profundezas para trilhar os caminhos terrenos do amor em seu quinto álbum de estúdio, Antes Que A Terra Acabe, lançado sem aviso prévio. Em contraste com seu trabalho anterior, Um Mar Pra Cada Um, – lançado a menos de um mês e confirmando que a vírgula no título não era mero acaso -, este novo trabalho revela suas estranhezas, sombras e contradições, aprofundando a busca amorosa que já anunciava.
“Enquanto o primeiro disco ilustra minha busca por amar e ser amada, o segundo revela até onde eu posso ir para resolver essa carência. Em ‘Antes Que A Terra Acabe‘, eu me mostro terrena, humana, ordinária. Nas nossas experiências amorosas, também nos deparamos com as nossas estranhezas, contradições e com a nossa feiura. Ele é um disco que me expõe ainda mais que o anterior”.
O single “Apocalipse”, que abre o projeto, não traz a ideia de um fim, mas sim a revelação do que é estranho, rude e egoico. Neste seu quinto disco, Luedji Luna nos convida a enxergar o amor por uma lupa que expõe as camadas mais sombrias e menos romantizadas do desejo, dando continuidade à sua busca por amar e ser amada, já presente em Um Mar Pra Cada Um,.
Em Antes Que A Terra Acabe, Luna constrói uma narrativa musical que, mesmo ao abordar as complexidades do amor e da existência humana, transborda luz, vitalidade e uma sensualidade contagiante. A artista compartilha uma jornada sonora que celebra o prazer e os desejos mais autênticos, vestindo suas profundas reflexões com roupagens musicais alegres e hedonistas. O álbum se desdobra como um caleidoscópio de ritmos, transitando organicamente entre o lo-fi mais intimista e a bossa nova reinventada, enquanto abraça a energia do afrobeat e a batida característica do amapiano, sem jamais perder a essência do neo soul e do jazz que marcaram seu trabalho anterior.
Essa riqueza musical ganha ainda mais dimensão com as participações especiais de peso: Seu Jorge e Arthur Verocai elevam “Apocalipse” com seus vocais e arranjos de cordas, Alaíde Costa traz sua doçura característica a “Bonita”, Mc Luanna e Rapsody injetam atitude em “Pavão”, enquanto Robert Glasper empresta seu talento pianístico a “Outono”. O resultado é uma obra que convida ao êxtase da dança sem abrir mão da profundidade poética, provando que a música pode ser, simultaneamente, celebração e reflexão, luz e sombra em perfeito equilíbrio.
“Esses dois trabalhos foram desafiadores pela minha coragem de olhar com uma lente aumentada para própria relação com o amor e, também, pela quantidade de músicas e produtores envolvidos no processo. Deu trabalho, mas apesar de tudo foi tranquilo, intuitivo, consegui tomar meu tempo, apesar da pressão pelo lançamento de algo novo. Foi imersivo, meditativo, meditativo, suave e fluido. As canções entraram e saíram até o último momento. Esses dois discos são bem geminianos: mutável, dinâmico e transformador. Um espelho o outro. Eu estou feliz!”