#11. John Grant
(Pale Green Ghosts)
John Grant distancia-se da sonoridade do álbum de estreia Queen of Denmark (2010) e explora o universo synthpop (“Black Belt”) com traços de Depeche Mode e Human League que o Scissor Sisters deveria tomar aulas e o LCD Soundsystem sentir-se honrado (“Sensitive New Age Guy”). Com suas texturas eletrônicas e a participação de Sinead O’Connor em três faixas, o músico nos assombra com confissões de relacionamentos complicados (“Why Don’t You Love Me Anymore?”), a vida gay e a batalha contra a AIDS, sem precisar pagar de bom moço – resgatando a antiga forma em “GMF” – e encontrar forças para curar as cicatrizes. “I’m the greatest motherfucker that you’re ever gonna meet”.
Dica de download: “Pale Green Ghosts” ()
#12. My Bloody Valentine
(mbv)
Foram necessários mais de vinte anos para o My Blood Valentine, um dos expoentes do shoegaze, voltar com sua porção de guitarras distorcidas e abafadas (“only tomorrow” e “is this and yes”) num trabalho íntimo e atemporal. Os vocais nebulosos e sussurrados de Bilinda Butcher, soterrados por uma parede de guitarras (“if i am”), não fogem da linha contrastante do álbum Loveless (1991), mas soam como se a turma de Kevin Shields estivesse tirando a poeira de um catálogo intocável sem precisar buscar uma reinvenção para nos deixar sem fôlego.
Dica de download: “only tomorrow” ()
#13. Janelle Monáe
(The Electric Lady)
O soul, funk e R&B conceitual de Janelle Monáe mantém-se clássico e com um pé no futuro. As participações especiais de nomes consagrados como Prince (em “Givin’ Em What They Love”) e Erykah Baduh (no space-funk feminista “Q.U.E.E.N.”) ou da nova safra do gênero com Solange Knowles (no gingante “The Electric Lady”), Speranza Spalding (na soul jazz “Dorothy Dandridge Eyes”) e Miguel (na romântica “PrimeTime” com sample de “Where Is My Mind?” do Pixies) garantem um toque humano nesta obra sci-fi que ruma ao pop eletrizante épico.
Dica de download: “Dance Apocalyptic” ()
#14. David Bowie
(The Next Day)
Dez anos depois do álbum Reality, David Bowie interrompe o hiato e volta com The Next Day. Já larga logo de cara no refrão da faixa título, um rock clássico e em boa forma, a frase “Here I am not quite dying”. O camaleão reflete insanidade (“Love is Lost”), tristeza (“You Feel So Lonely You Could Die”) e solidão no período em que viveu em Berlim nos anos 70 (na melancólica “Where Are We Now?”) sem perder o foco da sonoridade direta (“I’d Rather Be High”), agressiva (“(You Will) Set The World On Fire”) e com essência do pop atual (“How Does the Grass Grow” e “If You Can See Me”) neste retorno.
Dica de download: “The Next Day” ()
#15. Neko Case
(The Worse Things Get, The Harder I Fight, The Harder I Fight, The More I Love You)
O longo título do sexto álbum de Neko Case – conhecida pelo seu trabalho no The New Pornographers – deixa claro que há muito para colocar na mesa e debater, como evoca com o seu “get the fuck away from me” na firme “Nearly Midnight, Honolulu” ou quando bota em questão a supremacia masculina no rock urgente de “Man”. Das viagens solitárias durante as turnês (“I’m From Nowhere”) aos antigos amores à distância (“Calling Cards”), Case aparece com o seu material mais acessível, transparente e maduro (“Night Still Comes”) com um time que vai de Carl Broeme do My Morning Jacket a M. Ward do She & Him.
#16. Haim
(Days Are Gone)
Days Are Gone é uma homenagem a diversos gêneros da música com espírito espontâneo em suas harmonizações vocais (“Go Slow” e “Running If You Call My Name”) e melodias cativantes prontas para fazer qualquer mortal se apaixonar por estas meninas. Os sintetizadores de aura oitentista da faixa título, o vigor pop (“Don’t Save Me”), a dinâmica R&B (“My Song 5″) e a dramática batalha nos riffs e percussão (“Let Me Go”) garantem uma estreia admirável das irmãs.
Dica de download: “The Wire” ()
#17. Blood Orange
(Cupid Deluxe)
Devonté Hynes (a.k.a. Blood Orange) lança o álbum Cupid Deluxe – o sucessor de Coastal Grooves (2011) – inspirado pela poesia dos subúrbios de Nova Iorque e contemplado por uma atmosfera oitentista para auxiliar a sensibilidade pop/funk (“Uncle Ace” e “No Right Thing”) de composições rodeadas de aflições amorosas (“Time Will Tell”). É de se notar a mente aberta de convidados como David Longstreth (do Dirty Projectors na envolvente “No Right Thing” e que caberia no repertório de Solange), Caroline Polachek (do Chairlift), Samantha Urbani (do Friends), Clams Casino e Adam Bainbridge (a.k.a. Kindness) que se permitem a entrar de cabeça no território de Hynes.
Dica de download: “You’re Not Good Enough” ()
#18. The Knife
(Shaking the Habitual)
Karin Dreijer Andersson e Olof Dreijer, os irmãos responsáveis pelo The Knife, voltam em Shaking the Habitual com sua eletrônica esquizofrênica (“Full of Fire”) e sonoridade desafiadora (“Fracking Fluid Injection”) praticamente calculada. O trabalho é moldado para transformar pistas de dança em cenários macabros no seu abuso de sintetizadores tribais e ritualísticos (“Without You My Life Would Be Boring”) guiados pelo vocal exorcizado (“Wrap Your Arms Around Me”) de Andersson em temas que envolvem gênero, feminismo e políticas sexuais. Shaking the Habitual é uma criança levada da união de Aphex Twin com Kate Bush criada em um universo particular.
Dica de download: “Raging Lung” ()
#19. Savages
(Silence Yourself)
O post-punk sensação das meninas do Savages é firme na sonoridade explosiva e precisa que busca influências nítidas aos ouvidos de Joy Division e Siouxsie and the Banshees. Com sua energia visceral (“Shut Up”), feroz (“I Am Here”), paranóica (“Husbands”) e regada de luxúria (“Strife”), as guitarras cortantes (“Waiting for a Sign”) e os baixos sem tréguas de Silence Yourself exalam fúria dramática. E sim, são capazes de deixar muitos meninos com inveja da atitude e presença destas roqueiras.
Dica de download: “Husbands” ()
#20. Waxahatchee
(Cerulean Salt)
O rock lo-fi do Waxahatchee, projeto solo de Katie Crutchfield, canaliza ressentimentos em Cerulean Salt e soa familiar a obras reveladoras dos anos 90. As guitarras e versos confessionais (“Hollow Bedroom” e “Blue Pt. II”) parecem ser presenciadas por uma Liz Phair da era “Exile in Guyville” (em “Misery Over Dispute”) e Veruca Salt, através de melodias que procuram manter o encanto e serenidade nas batidas simples (“Coast to Coast”) para acompanhar um turbilhão de arrependimentos tratados como morte de espírito.