A dupla franco-cubana Ibeyi, das irmãs gêmeas Lisa-Kaindé e Naomi Diaz, é conhecida por sua série de mantras e cânticos poderosos que retratam argumentos pessoais como amor, relações familiares conturbadas ou luto em seus dois registros de estúdio: Ibeyi (2015) e Ash (2017).
O duo, que carrega em seu repertório elementos tribais, percussão marcante, eletrônica minuciosa e uma sonoridade inquieta, volta ao Brasil para subir ao palco do Rock in Rio com o rapper Emicida, com quem gravou duas faixas (“Hacía El Amor” e “Libre”), no dia 03 de outubro.
Com a sua chegada ao país, elas encontram um tempo para conversar com exclusividade com o TECOAPPLE.com:
Como se sentem prestes a tocar pela primeira vez no Rock in Rio com Emicida, provavelmente o irmão de alma de vocês como ele declara em entrevistas?
Lisa-Kaindé: Sim! Emicida é definitivamente o nosso irmão de alma brasileiro.
Naomi Diaz: Nós estamos muito animadas e vai ser louco, incrível e divertido.
Lisa-Kaindé: E eu acho que vai ser muito significativo, vai ser um dos shows que define nossa história com o Brasil. Nós já fizemos um show no país. A nossa primeira vez foi no Rio, no Circo Voador, e até hoje é um dos nossos shows favoritos da vida. E acho que o Rock in Rio será, provavelmente, neste nível. Mal podemos esperar.
Vocês foram criadas parte de sua vida em Cuba, certo? Vocês sentem uma energia ou conexão com o Brasil?
Naomi Diaz: Nós fomos criadas entre Paris e Havana, então Cuba sim. E, realmente, sentimos essa energia quando chegamos ao Brasil, porque nós temos os mesmos ancestrais e a energia é muito similar. Mais no Rio do que em São Paulo, eu preciso dizer. E claro, na Bahia.
Lisa-Kaindé: Eu acho incrível ir para outro país e sentir-se em casa. É realmente como me sinto aqui. Toda hora que encontro nossos fãs e nosso público parece que nos conhecemos há anos. Parece que fomos alimentados pela mesma mãe. É fantástico.
Muitas de suas canções soam como mantras. Qual seria o mantra para o público do show de vocês?
Lisa-Kaindé: Vou te dizer agora “libre, libre, libre, libre, libre,…” (as duas cantam o refrão de “Libre”). Esse é o próximo mantra e nós somos imortais para sempre. Para sempre.
Vocês já lançaram duas músicas com o Emicida em uma espaço curto de tempo. Como foi o processo de composição e gravação dessas músicas?
Lisa-Kaindé: Na realidade foi algo bem natural e orgânico. Foi fácil. Nós tínhamos a mesma compreensão de ritmo, de música tradicional, mas também hip hop e um fascínio por “bangers” em fazer algo significativo. Então foi fácil, mas também satisfatório, forte e poderoso.
E como foi cantar “Libre”, um hino carregado de energia com uma batida de funky brasileiro?
Naomi Diaz: Eu, Naomi, queria fazer um funk brasileiro. Então falei para Emicida e disse “escutem todos… nós precisamos fazer isso”. Eles acreditaram em mim e disseram sim. E foi a primeira vez que cantei rap.
Lisa-Kaindé: Eu fiquei impressionada. Eu ficava com um sorriso no rosto, pois era divertido assistir minha irmã fazendo algo novo. Ontem, apresentamos a música pela primeira vez ao vivo e foi incrível fazê-la e ver as pessoas sorrindo.
Vocês estão trabalhando em músicas novas? Podemos esperar um terceiro disco para em breve?
Naomi Diaz: Em breve, não! Em breve, não! Nós precisamos descansar pela primeira vez em seis anos.
Lisa-Kaindé: Na verdade, já estamos trabalhando e estávamos falando disso 10 minutos atrás sobre canções e o que queremos fazer. Nós sabemos que esses seis anos de preparação para esse disco vai ser absolutamente incrível.
E acreditam que a cultura brasileira e suas visitas ao país podem influenciar em um novo material?
Lisa-Kaindé: Sempre. Tudo influencia em um novo material. Especialmente essa convivência completa com outros seres humanos e é isso que estamos vivendo e isso que estamos preparando para o Rock In Rio.
Que outros artistas brasileiros, ou não, vocês ainda gostariam de colaborar?
Naomi Diaz: Uma tonelada! Alguns querem trabalhar conosco e nós com outros.
Lisa-Kaindé: Se são brasileiros ou não sempre estamos abertas para colaborar. E algumas colaborações já foram feitas e ainda não foram lançadas. Mas vão acontecer. Vocês vão ouvir sobre nós.
E por último, mas não menos importante, o que vocês estão escutando, os discos em seus fones de ouvido nesses dias?
Naomi Diaz: Deixem a gente tirar nossos fones e contar para vocês. Nós amamos a Charlotte Day Wilson e ela acaba de lançar uma música chamada “Mountains” que é bela. E também tem um rapper incrível e uma dupla de gêmeas que lançou uma música chamada “Libre”, vocês deveriam escutar. E tenho escutado muito reggaedance e afrobeat.
Lisa-Kaindé: E eu vou buscar nas antigas e dizer que tenho escutado muito Whitney Houston ultimamente. (Lisa canta um trecho de “How Will I Know” e diz ser a melhor música da vida). E há uma música incrível que descobri chamada “Angelitos Negros” que é uma história sobre um pintor que nunca pinta com tinta preta e anjos nesta cor.
Naomi Diaz: E também YBN Cordae lançou um álbum chamado The Lost Boy. Incrível.
Lisa-Kaindé: E por último e não menos importante, preciso dizer que “10 Seconds” da Jazmine Sullivan é um banger absoluto.