9 discos para ouvir hoje: Snail Mail, ABBA, Aimee Mann, Hana Vu, HARD FEELINGS e mais

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Snail Mail, Aimee Mann, ABBA, Hana Vu, Diana Ross, HARD FEELINGS, Joan As Police Woman, Monoswezi e Tasha.

Snail MailValentine
(Matador Records)

Valentine foi escrito e produzido por Lindsey Jordan (a.k.a. Snail Mail) e coproduzido por Brad Cook (Bon Iver, Waxahatchee). O indie rock disciplinado da artista aborda estágios do amor (“Valentine”, “Madonna”), tratamentos em clínicas de reabilitação (“Ben Franklin”), crises existenciais (“c. et. al”) e sensação de vulnerabilidade diante de uma série de acontecimentos de forma reflexiva como se estivessem sido extraídas de diários. São números guiados por sintetizadores, guitarras, percussão e o vocal cru de Jordan que evoca uma nostalgia dos anos 90 com sonoridade prestigiada. Snail Mail pode até sentir-se insignificante no mundo, mas suas composições manifestam uma garota com uma obra triunfante nas mãos.

Aimee MannQueens Of The Summer Hotel
(SuperEgo Records)

Em Queens Of The Summer Hotel, o sucessor de Mental Illness, Aimee Mann transforma ‘Garota Interrompida’, livro de memórias de Susannah Kaysen sobre sua hospitalização psiquiátrica no final dos anos 1960, em canções que deveriam estar nos palcos da Broadway se não fosse a pandemia. A artista e o frequente colaborador, produtor, arranjador e compositor Paul Bryan, concentram-se no som na década de 1960 com acenos da música clássica nas melancólicas e majestosas orquestrações como um encontro de Randy Newman com Joni Mitchell. Embora ela admita se sentir “possuída” ao escrever sobre as memórias de outra pessoa, a saúde mental das personagens (“Suicide Is Murder”, “Burn It Out”, “I See You”) e terapias de choque (“Give Me Fifteen”), Mann definitivamente toma para si as tragédias do romance de Kaysen.

ABBAVoyage
(Universal Music)

O nono álbum de estúdio do ABBA – e o primeiro lançamento em 40 anos – está finalmente entre nós. Voyage foi escrito e produzido por Benny Andersson e Björn Ulvaeus, seus arranjos e letras foram complementados através dos vocais inconfundíveis e atemporais de Agnetha Fältskog e Anni-Frid Lyngstad. Liderado pelos singles “I Still Have Faith In You” e “Don’t Shut Me Down”, a obra captura elementos característicos das composições do grupo. Há inúmeros acenos ao passado com “S.O.S.” ecoando no final de “Keep An Eye On Dan”, “Chiquitita” em “Bumblebee” ou em “Just A Notion” – um descarte do Voulez-Vous – que mantém a fórmula do ABBA requintada, intacta e familiar mesmo com o passar do tempo.

Hana VuPublic Storage
(Ghostly International)

O bedroom pop dos EPs (How Many Times Have You Driven By e Nicole Kidman / Anne Hathaway) da musicista Hana Vu ganham uma atmosfera rock bombástica (“Heaven”) no disco de estreia, mas sem perder a sensibilidade própria. A artista varia de sintetizadores delirantes (“Keeper”), arranjos folk à la Sufjan Stevens, riffs de guitarra inspirados no grunge (“Gutter”) e indie rock ao explorar temas existenciais, fracassos, miséria coletiva (“Everybody’s Birthday”), medo de envelhecer, solidão e inseguranças (“World’s Worst”). Chega ao ponto de implorar por uma intervenção divina em sua vida (“Maker”) numa coleção de notas pessoais que sentiu ao longo dos anos. Public Storage transmite as desilusões de uma jovem encarando a vida adulta e expondo cada descoberta de maneira visceral nas composições.

Diana RossThank You
(Decca / Universal Music)

Com uma carreira musical de sucesso que se estende por mais de seis décadas, Diana Ross não tem que provar nada. Em seu 25º álbum de estúdio, Thank You, a lendária cantora usa sua voz para propagar esperança, amor e alegria em um trabalho especialmente dedicado aos fãs. Há momentos de pura euforia (“If The World Just Danced”), lembranças da era disco (“I Still Believe”, “Let’s Do It”) e baladas introspectivas (“Count On Me”) num resgate da obra da artista. Thank You é uma demonstração de como Ross é talentosa mesmo após uma ausência de duas décadas.

HARD FEELINGSHARD FEELINGS
(Domino Records)

HARD FEELINGS é o projeto colaborativo entre Joe Goddard (do Hot Chip) e Amy Douglas (que escreveu a faixa “Something More” de Róisín Murphy). Para todos os efeitos, o álbum de estreia homônimo é “uma ópera de sons tristes” como o duo define. O material é uma experiência cinematográfica imersiva e blindada pelos anos 1980 com interseções de new wave (Sister Infinity”), eletropop (“Take You Down”), soul, house (“Holding On Too Long”) e dance (“You Always Know”, “About Us”) para expor uma série de amores riscosos (“Dangerous”) e seus efeitos.

Joan As Police WomanThe Solution Is Restless
(PIAS)

The Solution Is Restless é um álbum colaborativo de Joan Wasser (a.k.a. Joan As Police Woman), Dave Okumu e Tony Allen (realizado pouco antes de ele falecer). O trabalho é uma coleção de gravações improvisadas durante o confinamento num estúdio em Paris. Com uma ambiência funk sedutora, dub sombria e jazz progressiva (“Restless”), o material assenta as últimas realizações do lendário baterista e um dos principais co-fundadores do gênero de música afrobeat. As canções manifestam um caráter de espontaneidade e psicodelia em números sedutores (“Geometry Of You”) e políticos (“Take Me To Your Leader”) nas guitarras, baixos, pianos, orquestrações e vocal enigmático de Wasser. Destaque para “Get My Bearings”, com Damon Albarn nos vocais  e escrita após a morte de Tony, que se revela uma evocação da membrana fina entre a vida e a morte.

MonosweziShanu
(Riverboar Records)

Dada a natureza de sua formação, com integrantes de quatro diferentes nacionalidades, Monoswezi é um coletivo musical em constante evolução. Shanu reforça essa característica ao incorporar elementos eletrônicos – pouco usuais ao seu som – à bagagem de jazz nórdico do grupo. As letras revelam uma rica gama de diferentes temas, característica principal da vocalista e instrumentista Hope Masike, uma contadora de histórias nata, com canções sobre perder as raízes e se distanciar da própria herança (“Tsika Dzako”). Ou sobre o problema contínuo da desigualdade entre gêneros, penoso para as mulheres (“We Crown You Nehanda”) e da ganância e egoísmo dos governantes (“Zvorema”).

TashaTell Me What You Miss The Most
(Father / Daughter Records)

O segundo álbum da musicista e poeta Tasha, Tell Me What You Miss The Most, traz números de introspecção em torno de sua personalidade em canções sobre amor próprio (“Sorry’s Not Enough”), desejos, sonhos (“Perfect Wife”), relacionamentos conturbados e saudades. Quer seja morando na batida triste de um rompimento iminente ou na valsa vertiginosa e acelerada de uma nova paixão, o álbum traça a relação de uma artista consigo mesma no amor. São números traçados pelo folk, indie pop e R&B auxiliados de instrumentações brilhantes. Cheio de inspirações profundas e revigorantes, o disco reflete o crescimento e maturidade da artista com sua música.