9 discos para ouvir hoje: Big Thief, Shamir, Alt-J, Kim Petras, Raveena, Foxes e mais

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Big Thief, Alt-J, Shamir, Foxes, Spoon, Mary J. Blige, Raveena, Kim Petras e Tegan and Sara.

Big ThiefDragon New Warm Mountain I Believe In You
(4AD)

O Big Thief parece estar numa missão: atestar seu posto como um dos grupos mais surpreendentes dos últimos anos. Depois de lançar dois álbuns elogiados em 2019 (U.F.O.F. e Two Hands) e seus integrantes experimentarem projetos solo, o grupo de Adrianne Lenker regressa com um material fluído, espontâneo e impecável. Em 2020, a banda decidiu escrever e gravar um relato errante de crescimento como indivíduos, músicos e família em quatro sessões de gravação distintas e despretensiosas – trabalhando com sons e sensações diferentes, com quatro engenheiros distintos em estúdios no norte do estado de Nova York, Topanga Canyon, Rocky Mountains e Tucson, Arizona. Andarilhando por gêneros – com uma gama mais ampla de influências do que nunca para o seu indie folk primordial -, a banda deixa-se levar com entusiasmo por multiplos temas, que vão de mortalidade (“Time Escaping”), otimismo (“Change”) e experiências pessoais (“Simulation Swarm”), para nos transportar numa aventura de novos ambientes – geográficos e líricos – sem um roteiro prescrito.

Alt-JThe Dream
(Infectious Music/BMG)

The Dream tem a mesma relação com a realidade que dos trabalhos antecessores, no entanto, o Alt-J tem mais histórias excêntricas à sua disposição do que nunca: obsessão por crimes reais (“Losing My Mind”), fanatismo por criptomoedas (“Hard Drive Gold”), Chateau Marmont (“The Actor”), perdas durante a pandemia do COVID (“Get Better”) e corporações insidiosas são apenas alguns dos temas que se refletem no registro. Tudo isso, embalado através de um espectro ensimesmado de paisagens sonoras na paleta rock psicodélica, texturas peculiares e vocal suave e luminoso (obcecado por um universo sombrio) de Joe Newman. Mesmo imerso num mundo de fantasias de sua própria criação, a banda nunca soou tão próxima da realidade.

ShamirHeterosexuality
(AntiFragile Music)

Heterosexuality é um disco pessoal, verdadeiro e de autoaceitação de Shamir. O objetivo é curar traumas (“Gay Agenda”) e conflitos de identidade antigos (“Cisgender”) ao expor convicções para uma cultura mais receptiva à expressão de gênero fora do binário tradicional. Ao longo dos anos, desde o lançamento do pomposo single de sucesso “On The Regular” (2014), o artista apresentou-se um camaleão na progressão artística multifacetada e deslumbrante. Cercado por elementos do rock lo-fi, indie pop, trip hop e batidas industrial, o trabalho aponta uma exploração de queerness, sexualidade e identidade, rejeitando a conformidade com tudo menos as próprias certezas. É um álbum catártico, de libertação e braveza, ao enfrentar conflitos internos e externos e, por fim, encontrar a paz.

FoxesThe Kick
(PIAS)

Louisa Rose Allen (a.k.a. Foxes) criou The Kick, via Zoom com o produtor James Greenwood (Kelly Lee Owens), trancada em seu apartamento durante o isolamento na Inglaterra. Do que poderia nascer um disco repleto de melancolia e baladas sombrias, veio uma obra repleta de hinos pop eufóricos e irresisítveis com uma energia contida prepara para pipocar nas pistas de dança. Servindo como uma fuga da realidade, o registro traz faixas que parecem buscar influências nos repertórios de Robyn (“Sister Ray”) e Carly Rae Jepsen (“Dance Magic” e “The Kick”) e no pop neon dos anos 80 (“Body Suit”) e disco house (“Absolute”, “Sky Love”). São músicas que soam como uma celebração, mas que carregam um sentimento introspectivo descendente de um lugar (e tempo) doloroso, de perda e angústia.

SpoonLucifer On the Sofa
(Matador Records)

Com quase 30 anos de carreira e nove disco na bagagem, o grupo indie rock Spoon retorna mais vivo, potente e focado com o registro mais pesado da banda até hoje – mas, com momentos de pura leveza (“Astral Jacket”) – com uma abordagem de banda ao vivo (evidenciada logo de cara na faixa de abertura, “Held”, um cover do Smog). Lucifer On the Sofa transparece uma reinvenção e urgência com elementos de rock clássico (“Wild”), blues (“The Hardest Cut”), pop (“Feels Alright”, “My Babe”) e soul (“The Devil and Mister Jones”) ao acomodar uma estética moderna com cunho nostálgico – de ZZ Top, Neil Diamond, The Kinks, Elvis Costello – na companhia do produtor Mark Rankin (Queens of the Stone Age). Lucifer On the Sofa é um novo respiro na carreira da banda de Britt Daniel. Se Lúcifer tomou um lugar no sofá, o Spoon está longe de querer sentar-se perto dele.

Mary J. BligeGood Morning Gorgeous
(Mary Jane Productions Inc. / 300 Entertainment)

Em seu primeiro álbum em quase cinco anos, a rainha do hip hop soul Mary J. Blige divide parcerias com seus artistas favoritos no sucessor de Strength Of A Woman. No repertório de 13 faixas, há colaborações de Anderson .Paak (“Here With Me”), Dave East (“Rent Money”), DJ Khaled (“Amazing”), Usher (“Need Love”), H.E.R. (“Good Morning Gorgeous”), entre outros. Com uma produção e samples assertivos (“Who Run It” do Three 6 Mafia em “On Top” e uma versão atualizada de “Family Affair” em “Amazing”), a artista encontra uma afirmação positiva para as horas mais sombrias da vida pessoal.

RaveenaAsha’s Awakening
(Warner)

Com um R&B cósmico, eclético e mitológico, Asha’s Awakening é um trabalho conceitual que conta a história de uma princesa alienígena do antigo Punjab que vive há vários séculos e suporta todo o peso emocional de uma vida infinita. Busca inspiração que desafiam o gênero de Alice Coltrane e Asha Puthli (que colabora em “Asha’s Kiss”) dos anos 60 e 70 com Timbaland, Missy Elliott, Neptunes e M.I.A. do início dos anos 2000. Desta forma, Raveena explora uma narrativa romântica e fantasiosa, como um casamento sublime entre o pop/R&B e uma trilha sonora bollywodiana (“Rush” e “Secret” com Vince Staples), para idealizar uma jornada de amor, perda, cura e destruição.

Kim PetrasSlut Pop
(Republican Records)

A estrela pop, conhecida por seus projetos lançados em datas comemorativas (como TURN OFF THE LIGHT durante o Halloween), embarca na ideia do Dia dos Namorados (nos Estados Unidos) e decide soltar algo doce e ousado com Slut Pop. Com um revivalismo pop dos anos 90 (“You Wish Is My Command”), em uma série de músicas espirituosas e safadas (“Treat Me Like A Slut”), a artista flerta com os agradecimentos explícitos a uma série de duplos sentidos no projeto de sete faixas – com músicas como “XXX”, “Throat Goat” e “They Wanna Fuck”. É um lembrete de como ninguém deve ser estigmatizado por ser sexual.

Tegan and SaraStill Jealous
(Sine Records)

Experiência do período do isolamento, a dupla de irmãs Tegan and Sara  apresentam uma versão reimaginada do álbum So Jealous de 2004. O quarto disco contou com o single “Walking With A Ghost”, canção que levou a dupla atingir um público maior do que nunca. E aqui, o conceito é simples: cada faixa reimaginada apresenta Sara cantando uma versão acústica de uma música escrita por Tegan ou vice-versa.