Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Cornelia Murr, Allegories, Stormzy, Doon Kanda, The Eli Experience e grisa.
• Cornelia Murr – Corridor
(Full Time Hobby)
Mergulhado em uma tranquilidade e brilhando com a quietude do amanhecer, as canções iniciais do EP Corridor de Cornelia Murr (mulher de Rodrigo Amarante e responsável por segundas vozes de várias músicas no álbum Drama) falam de belas vistas espaçosas e de paisagens florescendo à luz do sol. A continuação da cantora e compositora para a estreia de 2018, Lake Tear of the Clouds, explora a sua paleta sonora de fantasia folk americana para os reinos do dream pop: como a sonoridade etérea do Beach House casada com o olhar íntimo e romântico de Angel Olsen e Lael Neale. São composições que refletem minuciosamente sobre o romantismo (“All Souls”), os perigos dos relacionamentos e a aceitação do passado. É o paradigma pop atemporal, do amargo e do doce, que Murr abraça com amor e expõe à nudez das emoções. A notável versão do clássico de Dion, “Only You Know”, que encerra o trabalho, é praticamente uma celebração dos acontecimentos.
• Allegories – Endless
(Hidden Pony Records)
O duo canadense Allegories, dos amigos de infância Adam Bentley e Jordan Mitchell, lança o segundo disco de estúdio após quatorze anos da estreia. Diferente do primeira registro e estética noise experiental, em Endless os artistas reaparecem com uma roupagem pop eletrônica dinâmica e complexa, inspirada na história da música eletrônica – com momentos de dance, disco e new wave – e em todo o espectro do gênero, ao canalizar sons retrôs com sensibilidade moderna e subversiva (“It’s A Parade”). As nove faixas oferecem um som em camadas que combina paisagens sonoras sonhadoras (“Pray”) com melodias pop cativantes e batidas dançantes (“Tell Me, Before I Forget”). Com a masterização assinada por Jeremy Greenspan, integrante do grupo de eletropop Junior Boys e colaborador de Jessy Lanza, o produto final é o equilíbrio exato entre o pop e a experimentação que o Allegories necessitava.
• Stormzy – This Is What I Mean
(Universal Music)
Com a sua chegada no selo 0207 Def Jam em 2020, a superestrela britânica do grime Stormzy apresenta o terceiro álbum de estúdio e anunciado como “uma carta de amor íntima à música”. Após a ascensão ao estrelato rastreada por Gang Signs & Prayer de 2017 e Heavy Is The Head, este é um disco intenso, mas notavelmente mais reflexivo e espiritual. A honestidade e a vulnerabilidade do músico podem ser encontradas em terrenos mais melódicos numa paleta diferente dos registros anteriores. Seus pensamentos sobre como os negros são apresentados na mídia, as expectativas acumuladas sobre ele e a importância de sua fé recebem um peso ainda maior em This Is What I Mean. O artista conta com uma lista eclética de colaboradores – como India. Arie, Ayra Starr, NAO, Sampha (“Firebabe”, “Fire + Water”, “Sampha’s Plea”), Jacob Collier (“Firebabe”, “This Is What I Mean”) e os colegas do selo, Debbie (“Give It To The Water”) e Tendai – para entregar o trabalho mais atraente e antagônico da carreira até hoje.
• Doon Kanda – Galatea
(wwwomb)
Jesse Kanda (a.k.a. Doon Kanda), conhecido por trabalhos visuais excêntricos para músicos como Björk, Arca e FKA twigs, retoma as atividades musicais e lança o álbum Galatea, o sucessor de Labyrinth. Com menos de 40 minutos de duração, Galatea passeia por ambientes diversos da música eletrônica e a desconstrói com beats desordenados, distorções e rasuras sonoras (“End”), vozes frouxas e versos familiares (“Dream” soa como uma versão delirante com as frases de “Collapsing At Your Doorstep” do Air France) para criar um universo hipnótico, sinistro e singular.
• The Eli Experience – The Cycles
(Gateway Music)
A música do cantor e compositor dinamarquês ELI leva você a uma viagem íntima por sua mente, onde amor, luxúria e tragédia se enredam em uma atmosfera melancólica e quase solene que traz à mente nomes como Leonard Cohen e The National. Influenciado pela poesia, ELI dá grande importância às letras onde reside o peso emocional da sua obra e melodias elegantes. The Eli Experience é exatamente isso: bela música combinada com poesia moderna.
• grisa – Wet Matchbox
(midsummer madness)
Com uma faixa instrumental e três com letras em inglês, Wet Matchbox é o primeiro lançamento em inglês da a artista brasileira de bedroom lo-fi / shoegaze grisa que sempre compôs em diferentes línguas. O título do trabalho tem a ver com uma particularidade: todas as músicas possuem frases que remetem ao fogo. Além disso, são carregadas de uma confusão temporal, na qual passado, presente e futuro se atordoam, marcado pela desilusão em composições que nascem em momentos de coração apertado e nostalgia. As referências e influências passam por Ulrika Spacek, Deerhunter, Animal Collective e Beak> que segundo a artista são nomes que ouviu bastante na época da composição do compacto, além de outros que vão de Daughter a Bon Iver e Sufjan Stevens.