Do R&B das meninas do FLO ao folk fantasioso de Cornelia Murr, passando pelo future pop de Haich Ber Na ao som moderno e místico de Daniela Lalita, confira os 10 Melhores EPS de 2022.
10. FLO
(The Lead)
O trio londrino FLO apresenta-se ao mundo com o EP de estreia The Lead e com produção executiva do talentoso MNEK. O grupo concebe com charme o estilo tingido pelo R&B dos anos 90, com influência de nomes como Destiny’s Child e TLC (“Cardboard Box” e “Immature”), através de batidas metalizadas (“Not My Job”), vibrações nostálgicas – a acústica “Another Guy” busca inspiração em Aaliyah – e assentidas pelo pop contemporâneo (“Summertime”) com uma notável oferta sensual (“Feature Me”).
• Coloque para tocar: “Cardboard Box”
09. Cornelia Murr
(Corridor)
Mergulhado em uma tranquilidade e brilhando com a quietude do amanhecer, as canções iniciais de Corridor, de Cornelia Murr (mulher de Rodrigo Amarante e responsável pelas segundas vozes de várias músicas no álbum Drama), falam de belas vistas espaçosas e de paisagens florescendo à luz do sol. A continuação da estreia de 2018, Lake Tear of the Clouds, explora a paleta sonora de fantasia folk americana para os reinos do dream pop: como a sonoridade etérea do Beach House casada com o olhar íntimo de Angel Olsen e Lael Neale. São composições que refletem minuciosamente sobre o romantismo (“All Souls”), os perigos dos relacionamentos e a aceitação do passado. É o paradigma pop atemporal, do amargo e do doce, que a artista abraça com amor e expõe à nudez das emoções.
• Coloque para tocar: “Changed”
08. Montell Fish
(Her Love Still Haunts Me Like a Ghost)
O cantor e compositor Montell Fish lança o EP Her Love Still Haunts Me Like A Ghost, uma ponte de emoções entre o disco de estreia deste ano, JAMIE, e o próximo trabalho de estúdio, CHARLOTTE. As sete faixas do compacto trazem o artista elevando seu som DIY despreocupado em uma nova direção, introduzindo sintetizadores fatigantes (“Every Night”), instrumentação esfolada em guitarras (“Exscape”, “Pretend Lovers”), ritmos prontos para a pista de dança (“Every Night”) e lirismo repleto de auto-exploração num anseio por um amor perdido.
• Coloque para tocar: “Hotel”
06. Haich Ber Na
(When We Knew Less)
Em When We Knew Less, Haich Ber Nach desfruta com expertise influências da música eletrônica, soul, funk, future pop e psicodelia em canções que exploraram as provações e tribulações dos relacionamentos humanos. “St. Leville” é uma faixa surreal e cativante que provoca a reflexão sobre a percepção da felicidade no mundo de hoje. “The Last Time I Saw You” – que soa como um encontro eufórico entre Blood Orange e Tame Impala numa danceteria – busca livrar um amigo de um ciclo de depressão. Enquanto “So Sick of Me” é sobre se apaixonar por alguém e seguir os sentimentos mesmo que sejam destrutivos.
• Coloque para tocar: “The Last Time I Saw You”
05. Ela Minus & DJ Python
(♡)
A artista colombiana Ela Minus e o DJ e produtor Brian Piñyero (a.k.a. DJ Python) uniram-se para uma primeira colaboração: o EP ♡ (referido como “corazón”). As três canções comoventes e introspectivas do compacto apresentam os instrumentais imersivos e em declínio de DJ Python, enquanto Minus canta sobre a libertação, intimidade e reciprocidade que florescem no amor.
• Coloque para tocar: “Pájaros en Verano”
04. Empress Of
(Save Me)
Lorely Rodriguez (a.k.a Empress Of) lança o EP Save Me com o propósito de desviar-se da zona de conforto: apresentando cordas ao vivo pela primeira vez (na urgente e sexual “Save Me”), uma parceria com o produtor Jim E-Stack (na densa e agitada “Turn the Table”) e manifestando um desempenho efervescente (em “Dance For You”, um ato extraordinário com elementos de disco, eletropop e uma aura das obras de Robyn) na produção. Criado durante a pandemia após o fim de uma relação amorosa turbulenta, Save Me é uma injeção de furor e dance pop para elucidar as declarações de um coração partido antes de colocá-lo de volta ao jogo (e nas pistas de dança).
• Coloque para tocar: “Dance for You”
03. Doechii
(she / her / black bitch)
A rapper e cantora recém contratada pelo selo Top Dawg Entertainment lança o provocante e sedutor EP she / her / black bitch – coleção que precede o álbum de estreia na casa nova – e traz no repertório colaborações com a rapper pop punk Rico Nasty, o novato Jst Ray e a talentosa SZA (no house solto “Persuasive”). Alternando entre vocais suaves (“Bitches Be”) e agressivos em fluxos ágeis (“Swamp Bitches”) ao abraçar sua negritude, estranheza e todas as interseções de si mesma. Doechii é um dos novos talentos mais desenfreados e versáteis que aparecem na área neste ano. “Muitas vezes fui chamada de ‘vadia’ como uma forma de me tirar de certos espaços. Então eu decidi me apropriar da ‘vadia preta’ e recuperar esse poder filho da puta” disse a artista sobre o título do compacto.
• Coloque para tocar: “Persuasive”
03. Sun’s Signature
(Sun’s Signature)
O Sun’s Signature é o projeto de Elizabeth Fraser, ex-integrante do Cocteau Twins, e o companheiro Damien Reece, que foi integrante de grupos como Spiritualized, Echo and the Bunnymen e Lupine Howl. Depois da dupla se apresentar pela primeira no Meltdown Festival, de ANOHNI, em 2012, passou uma década trabalhando no material autointitulado. Descrito como a “viagem de Alice no País das Maravilhas através da vida e da música”, o compacto é recheado de reflexões sobre amor e natureza através de uma produção etérea e vocais celestiais e acrobáticos de Fraser.
• Coloque para tocar: “Underwater””
02. aboynamedblu
(I Heard You Tried to Fight the Sky)
O cantor, compositor e produtor sul-africano Desmond Orrill Legg (a.k.a. aboynamedblu) revela uma sensibilidade pop que flerta com os universos de Frank Ocean e James Blake. O artista combina sons delicados de piano elétrico, guitarras astuciosas e batidas acentuadas para construir melodias impecáveis junto ao seu vocal afetivo em cada uma das canções. I Heard You Tried to Fight the Sky é cercado de melancolia em letras sobre sentir-se sufocado pelo mundo (“Super Grassy”), perdas pessoais (“You Don’t Live Here Anymore”, escrita para um tio que faleceu) e relações pessoais (“Oh No!”) na tentativa de chegar a um acordo tolerável com o próprio destino (“Only for Display”).
• Coloque para tocar: “Super Grassy”
01. Daniela Lalita
(Trececerotres)
A multiartista peruana Daniela Lalita lança o EP de estreia Trececerotres. O título é uma referência direta ao apartamento, 1303, no Peru, onde a artista cresceu com a mãe e avó. Trececerotres está enraizado na magia, ritual, cura e na relação matrilinear.
Cada música em Trececerotres parece um modo diferente de canalização ancestral. A criativa artista estende sua voz a profundidades cruas e guturais, atingindo alturas brutalmente emocionais ao longo do disco com um efeito surpreendente. Uma prova de um talento infantil de aprender a fazer vozes diferentes para comerciais de TV como seu primeiro trabalho, as distorções vocais de Lalita se misturam com bateria, eletrônica rangente e glossolalia esotérica para criar um som moderno e místico.
Trabalhando com o sintetizador buchla, a artista encontrou um mundo sem limitações de escalas tradicionais, proporcionando experimentações sem limites para criar uma multiplicidade de universos sonoros.
• Coloque para tocar: “Tenía Razón””