Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Kimbra, Samia, Sam Smith, SG Lewis, The Arcs e Complete Mountain Almanac.
• Kimbra – A Reckoning
(KIMBRA)
A Reckoning é um álbum reflexivo que captura nosso mundo como um todo em torno do meio ambiente, raça, saúde mental e patriarcado. Mas na essência está o duelo com demônios que Kimbra enfrenta internamente. É o som mais autônomo e confessionalmente cru que a artista já proporcionou, encontrando influência em tudo, desde trilhas sonoras de filmes modernos até eletrônica-industrial, para minar o disco que soa como uma sessão de terapia (“gun”) e aventura pop (“replay!”). O trabalho foi imaginado pela primeira vez em 2018, durante a turnê com o coprodutor Ryan Lott, do Son Lux e que compôs a trilha sonora de ‘Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo’. Seja no funky groove à la Prince de “la type” com Tommy Raps e Pink Siifu, na balada cinematográfica “foolish thinking” ou no vocal da artista distorcido com diversos efeitos para soar mais agressivo nas composições, A Reckoning é frágil e catártico ao deparar-se com um turbilhão de emoções.
• Samia – Honey
(Grand Jury Music)
No segundo disco de estúdio, o sucessor de The Baby, Samia cresceu, deixou de ser um garota ingênua e passou a descobrir a própria identidade em um mundo refutável. Com canções confessionais e desconfortáveis, aborda uma narrativa romântica envolvida de separações, mágoas, inseguranças (“Mad At Me” – com produção de Rostam Batmanglij), raiva e esperança de tornar-se uma pessoa melhor (“Honey”) com um autoconfiança fortificada. Com uma sonoridade folk e pop, que atravessa entre momentos mínimos (“Pink Balloon”) e extasiados (“Amelia”), suas músicas são construídas em sintetizadores, violões, pianos e o vocal arbitrário da artista para revelar uma caminhada de cura pessoal (“Dream Song”).
• Sam Smith – Gloria
(Universal Music)
Sam Smith busca distanciar-se (pelo menos um pouco) das baladas de piano e assumir mais sintetizadores e batidas eletrônicas nas composições de Gloria. Explorando elementos de R&B dos anos 80 (“No God”), dancehall (“Gimme”) e disco (“Lose You”), o artista conta com um número diverso de convidados na missão, como: Kim Petras, Jessie Reyez, Koffee, Ed Sheeran e Calvin Harris. Óbvio que as baladas tacanhas sobre relacionamentos conturbados e de caráter culposo ainda estão todas ali (“Who We Love”), mas há uma sensação de libertação emocional (“I’m Not Here to Make Friends”) e sexual (“Gimme”) notória como o próprio afirma e evidente – como em “Dorothy’s Interlude” que se conectando com os antepassados queer Judy Garland cantando “Over The Rainbow” e o discurso da ativista de direitos trans Sylvia Rivera. Gloria transparece uma natureza mais destemida e astuta da personalidade e musical de Smith.
• SG Lewis – AudioLust & HigherLove
(Universal Music)
O segundo álbum de SG Lewis evidencia o compositor, multi-instrumentista e produtor criando um disco expansivo e ambicioso feito de duas metades. Em uma extremidade do espectro, ele traz um abordagem do tipo de bangers noturnos pensados para as pistas. Por outro lado, acessa um nível mais alto de êxtase pop atemporal, ancorado na quantidade certa de rock e cheio de ganchos, new wave (“Missing You”), french house (“Something About Your Love”), instrumentação orgânica e eloquência vocal. Enquanto AudioLust é a versão do amor mais sombria, luxuriosa, apaixonada, de curta duração e guiada pelo ego, HigherLove representa uma interpretação muito mais profunda, atualizada e realizada do amor. Vale destacar as participações de nomes, como: Charlotte Day Wilson e Channel Tres em “Fever Dreamer”, Ty Dolla $ign e Lucky Daye em “Vibe Like This” e Tove Lo em “Call On Me”.
• The Arcs – Electrophonic Chronic
(Easy Eye Sound)
Em 2015, Dan Auerbach – a cara metade do The Black Keys – entrou em estúdio com Leon Michels, Nick Movshon, Homer Steinweiss e Richard Swift (que faleceu em 2018 e que ganha a faixa “Heaven Is A Place” como tributo) para gravar o álbum de estreia do The Arcs, Yours, Dreamily, em um punhado de sessões despretensiosas durante duas semanas. Agora, oito anos mais tarde, essas mesmas sessões tornam-se a base sobre a qual os integrantes sobreviventes desenvolveram o esperado álbum seguinte, Electrophonic Chronic, uma coleção de rock psicodélico, funk ousado, grooves arrebatadores, soul aliciante e gêneros dos anos 60 somados a novos elementos e ideias musicais.
• Complete Mountain Almanac – Complete Mountain Almanac
(Bella Union)
O Complete Mountain Almanac é um coletivo de quatro integrantes cuja gênese deriva da amizade de longa data da cantora e compositora sueca Rebekka Karijord e da poetisa Jessica Dessner. Assim que a dupla concebeu a ideia de organizar o projeto musical e o desejo de musicar a situação do planeta devido às mudanças climáticas, os irmãos Aaron e Bryce Dessner (ambos integrantes da banda de indie rock The National) juntaram-se ao grupo. Com doze faixas, cada um levando o nome de um mês do ano e na ordem exata do calendário no repertório, o registro engloba um ano civil com atenção especial às estações, ao mundo natural e uma história paralela da jornada de Jessica através do diagnóstico, tratamento e recuperação do câncer de mama. Percorrendo pelo folk, rock, clássico, música de câmara e outros estilos com um cerne dramático, o grupo provoca uma visão fascinante da mudança das estações ao refletir sobre a tristeza e, ainda assim, difundir esperança e alegria.