Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Blondshell, Yaeji, Wednesday, Hayden, Daughter, Daniel Caesar, Ellie Goulding, Billie Marten e Thomas Bangalter.
• Blondshell – Blondshell
(Partisan Records)
Sabrina Teitelbaum (a.k.a. Blondshell) é uma compositora destemida em suas composições cruas, brutais e vulneráveis. As canções que compõem o registro não apenas confrontam traumas, mas também os rasgam pela raiz, trazendo detalhes precisos a sentimentos colossais com nuances de raiva (“Tarmac”, “Kiss City”), desejos destrutivos (“Sepsis“) e relacionamentos complexos (“Dangerous”, “Olympus”). São declarações perspicazes sobre revolver seu caminho em direção à confiança, autocontrole e alívio impulsionadas por melodias faiscantes, e coros gigantes envoltos por guitarras com conotações do rock alternativo dos anos 90 e um frenesi inspirado em PJ Harvey, Liz Phair (de Exile in Guyville) e Hole (de Live Through This). O material representa para Teitelbaum a oportunidade de compartilhar livremente emoções e experiências que estiveram guardadas por anos, proporcionado ao ouvinte uma introdução inquieta de uma artista talentosa, além de um álbum de estreia triunfante.
• Yaeji – With A Hammer
(XL Recordings)
A cantora e produtora Yaeji, natural de Seoul e residente em Nova Iorque, apresenta o álbum de estreia após o lançamento da mixtape WHAT WE DREW 우리 가 그려 왔던. É um afastamento do trabalho anterior, misturando elementos de trip hop, rock e até jazz (“I’ll Remember for You, I’ll Remember for Me”) com influência house para lidar com temas líricos mais sombrios e autorreflexivos. Com treze faixas no repertório, cantadas tanto em inglês quanto em coreano, o material é fruto da experiência da artista em cidades pelo mundo e aborda questões de repressão e libertação pessoal (“Passed Me By”) e social (“Done (Let’s Get It)”). Mescla suas raízes na música eletrônica com rock coreano e pop dos anos 90 e 2000, além de convidar amigos músicos como Loraine James (“1 Thing To Smash”), Nourished By Time (“Happy”), K Wata (“Ready or Not”) e Enayet (“Michin”). Yaeji mergulha profundamente em seu mundo interior, demolindo tudo – com a ajuda de um “martelo” figurado – para reconstruí-lo e assumir a missão de romper ciclos em um caminho para curar a si mesma e o mundo.
• Wednesday – Rat Saw God
(Dead Oceans)
Com título alusivo ao romance de Rob Thomas de 1996 e a um episódio da série de mistério ‘Veronica Mars’, Rat Saw God é o terceiro álbum de estúdio do quinteto norte-americano Wednesday. Fundamentado num som essencialmente country rock, mas construído com ruídos shoegaze e grunge, com pedal steel distorcido e a voz de Karly Hartzman cruzando a barulheira, a banda utiliza-se de memórias da infância (“Chosen to Deserve”), passado e identidade (“What’s So Funny”), estilos de vida mundanos de outras pessoas (“Quarry”) e referências religiosas (“Bath County”) para nutrir uma obra sem filtros que é ao mesmo tempo cômica e trágica. Rat Saw God captura a luminosidade que existe na dor retratando personagens – que buscam a liberdade através do uso de drogas, álcool e sexo em lugares inapropriados – com empatia e honestidade no meio de tanta dor e trauma.
• Hayden – Are We Good
(Hollywood Records)
Hayden, o lendário músico canadense de indie folk, lança o álbum Are We Good, sucessor de Hey Love (2015), escrito, produzido e mixado principalmente pelo artista. Combinando uma vida familiar complexa – ele e sua esposa são pais de uma criança com deficiências de desenvolvimento – com um bloqueio criativo, o músico tentou equilibrar o álbum em uma atmosfera inalcançável de perfeição. Quebrando seus limites, Hayden, que definiu sua carreira de 30 anos com um enfoque incondicionalmente DIY, fez um álbum ricamente inspirado em relacionamentos, desde os primeiros amores até a família, e a música no meio. No trabalho, o artista colabora com Matt Berninger e Aaron Dessner do The National, Feist, o baterista do Big Thief James Krivchenia e o engenheiro Jonathan Low (Taylor Swift, Big Red Machine). Como uma declaração de permanência que persegue as emoções mais fugazes, Are We Good prova que a reinvenção é o maior lembrete da essência do que somos.
• Daughter – Stereo Mind Game
(4AD)
Retornando com o primeiro álbum de estúdio em sete anos, Stereo Mind Game é um novo capítulo de conexão e desconexão para o Daughter. Após mais de uma década retratando as emoções mais sombrias, o trio composto por Elena Tonra, Igor Haefeli e Remi Aguilella apresenta seu trabalho mais otimista até agora (“To Rage”), olhando para um futuro incerto (“Future Lover”), desejando ser amado e diminuir distâncias para perdurar um relacionamento (“Party”, “Be On Your Way”). Pela primeira vez, Tonra não é a única voz presente. Haefeli empresta os vocais em “Future Lover” e “Swim Back”. Notas vocais de amigos e familiares também podem ser ouvidas em “Wish I Could Cross The Sea” e “(Missed Calls)”. Há texturas sonoras e harmonias assombrosas que criam uma experiência fascinante e nova, além da colaboração da orquestra de cordas londrina, 12 Ensemble, em várias faixas do registro. É um trabalho que reconhece a dor e a carência na mesma proporção que constante a necessidade da esperança.
• Daniel Caesar – NEVER ENOUGH
(Republic Records)
O cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista Daniel Caesar navega com facilidade pelos vários estilos do R&B contemporâneo em NEVER ENOUGH. O projeto, que marca o primeiro lançamento completo desde CASE STUDY 01 (2019), encontra-o adotando sons mais desprendidos que buscam inspiração em uma ampla variedade de gêneros e épocas. O trabalho é liderado pelos singles “Do You Like Me?” (coproduzido com Dylan Wiggins e Raphael Saadiq) e “Let Me Go” (coproduzido com Rami Yacoub e Sevn Thomas). O material carrega os mesmos temas de amor, morte e fé que Caesar tratou em trabalhos anteriores, ao mesmo tempo em que explora conceitos de tempo e espaço (“Always” e “Toronto 2014”). O disco conta com uma lista de colaboradores ilustres, como: Omar Apollo (“Buyer’s Remorse”), Mustafa (“Toronto 2014”), Ty Dolla $ign (“Homisexual”) e serpentwithfeet (“Desillusioned”).
• Ellie Goulding – Higher Than Heaven
(Universal Music)
Higher Than Heaven é quinto álbum de estúdio da britânica Ellie Goulding e o menos pessoal, segundo a própria. Contando com a produção de alguns dos melhores nomes da música pop – incluindo Greg Kurstin, Koz e Andrew Wells -, o trabalho apresenta a interpretação única e etérea da artista sobre a música pop moderna com linhas de baixo marcantes, sintetizadores brilhantes e melodias eufóricas. Com uma sonoridade escapistas, as canções carregam uma vibração dos anos 80 (“Easy Love” com Big Sean, “By The End Of The Night” que soa como um número extraído do repertório do The Weeknd), resultando em um material dançante despretensioso repleto de números radiofônicas (“Cure For Love”) com letras amorosas despretensiosas – com rumores, desmentidos, que foram geradas por IA -, mas concebidas com um cuidado para garantir que se destaquem por suas melodias luminosas (“Like A Saviour”).
• Billie Marten – Drop Cherries
(Fiction Records)
Gravado inteiramente em fita, Drop Cherries marca a primeira vez que Billie Marten escreveu e coproduziu (com Dom Monks, responsável por trabalhos de Laura Marling) um de seus discos. O título foi tirado de uma história que ela ouviu de uma amiga pouco antes de começar a criar as músicas do registro. É uma metáfora onde o presente de cerejas significa oferecer a alguém o seu amor; fazendo tudo o que puder para fazê-los felizes. O som do álbum é uma mudança em relação ao experimentalismo do anteriore, retornando às raízes da tradição folk inglesa de Marten (“I Can’t Get My Head Around You”) e uma beleza acústica cristalina. Drop Cherries é descrito como um convite para relaxar e ouvir, com músicas que pintam momentos íntimos e ternos com pinceladas de cor orquestral. As letras têm uma forte temática amorosa (“Bend To Him”) e uma ênfase notória nos relacionamentos (“This Is How We Move”).
• Thomas Bangalter – Mythologies
(Erato/Warner Classics)
Mythologies é a primeira composição de Thomas Bangalter para orquestra, criada a pedido do coreógrafo Angelin Preljocaj para o balé de mesmo nome. Interpretada pelo Orchestre National Bordeaux Aquitaine sob a direção de Romain Dumas, é uma obra grande e lírica em que o artista, cofundador do Daft Punk, reinventa sua relação com a composição e expande horizontes musicais com novas sonoridades e texturas. Desafia as convenções e estereótipos associados à música eletrônica e prova que é um compositor versátil e talentoso em qualquer gênero.
