8 discos para ouvir hoje: Sigur Rós, Queens of the Stone Age, Quadra, Django Django e mais

Sigur Rós / Tim Dunk

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Sigur Rós, Queens of the Stone Age, Quadra, Django Django, Creep Show, Me’Shell Ndegéocello, Killer Mike e Elizabeth Hume.

Sigur RósÁTTA
(BMG)

A banda islandesa Sigur Rós retorna com seu primeiro álbum de inéditas em dez anos, intitulado ÁTTA. Após um hiato e caminhos separados, os integrantes se reuniram de forma inesperada para criar este projeto. Embora tenha sido interrompido pela pandemia, o baixista original Georg Hólm se juntou ao grupo para retomá-lo. ÁTTA combina instrumentos acústicos e eletrônicos, com letras em islandês ou Vonlenska – termo designado para a linguagem vocálica que Jónsí usa nas canções – acompanhado da London Contemporary Orchestra de 32 membros, regida por Robert Ames, trazendo de volta o espírito glorioso e dramático da banda, com uma redução significativa de guitarras e baterias, dando destaque às cordas. As músicas são emocionais e expressivas, transmitindo uma série de sentimentos discordantes. Desde a poderosa faixa de abertura “Glóð”, passando pela atmosfera sombria de “Mór”, a melancolia de “Blóðberg”, a espiritualidade de “Klettur”, a intensidade de “Skel” no falsete angelical de Jónsi, a delicadeza apaixonante de “Fall” e a otimista de “8”, ÁTTA retoma de onde os islandeses pararam, com dez faixas deslumbrantes. Em comunicado, o multi-instrumentista Kjartan Sveinsson comenta: “queríamos nos permitir ser um pouco dramáticos e ir longe com esses arranjos. O mundo precisa disso agora. É difícil descrever, mas para mim tudo está sempre aberto à interpretação. As pessoas podem pensar e sentir como quiserem”. E nós sentimos, cada um de forma subjetiva, essa mágica dimensional.

Queens of the Stone AgeIn Times New Roman…
(Matador Records)

Seis anos após o lançamento do álbum Villains, produzido pelo renomado Mark Ronson, o Queens of the Stone Age está de volta com seu oitavo álbum de estúdio. Escrito durante um período tumultuado para o líder Josh Homme, que sobreviveu a uma cirurgia, enfrentou a perda de amigos como Mark Lanegan e Natasha Shneider, além de uma batalha judicial pela custódia de seus filhos com sua ex-esposa Brody Dalle (“Emotion Sickness”, “Negative Space”), o músico também superou um câncer (“Carnavoyeur”). A banda retorna triunfante ao produzir o próprio trabalho no estúdio. In Times New Roman… é cru, massivo, sombrio e urgente, com guitarras distorcidas, ritmos poderosos e desconcertantes, sintetizadores psicodélicos, cordas orquestrais (“Obscenery”) e o falsete amargurado e honesto com a atitude singular de Homme. Na tentativa de sair dessa tormenta de traumas, o QOTSA apresenta letras ácidas impulsionadas pela sua identificável assinatura sonora, ampliada e enriquecida com reviravoltas novas e sem precedentes em praticamente todas as canções. Com In Times New Roman…, é preciso olhar além das cicatrizes e feridas para ver a beleza, e às vezes as cicatrizes e feridas são a própria beleza.

QuadraSelva
(QuadraRecords)

Quadra é uma banda instrumental composta por Sérgio Alves (baixo), Gonçalo Carneiro (guitarra), Hugo Couto (bateria), Sílvio Ren (guitarra) e Lucas Palmeira (sintetizadores). O grupo português lança o seu terceiro álbum de estúdio, seguindo os trabalhos anteriores Cacau e Chili. Em Selva, eles exploram um lugar imaginário que combina estilos musicais diversos e fórmulas musicais flexíveis, resultando em um som intenso, vibrante e poderoso. O trabalho tem como base o indie pop, mas também incorpora influências de dance, house, french touch, disco, funk, rock, eletrônica e drum ‘n’ bass (“Jarra”). Além da parte instrumental, o registro conta com participações especiais de diversos artistas, como Miguel Santos em “Tropicália”, “Sahara”), Gonçalo Ferreira em “Solar Explosion”, Ronaldo Fonseca em “Tigre de Papel” e TYROLIRO em “Oculto”.

Django DjangoOff Planet
(Because Music)

Off Planet é o quinto álbum de estúdio da banda de art pop Django Django, composto por 21 faixas. Originalmente concebido como quatro EPs experimentais, o projeto rapidamente se transformou em um ambicioso álbum completo quando os integrantes perceberam o potencial das sessões de gravação. O resultado é um material empolgante e dinâmico, que mostra o retorno do grupos às suas raízes ais experimentais e eletrônicas. O material apresenta participações especiais emocionantes de artistas, como Self Esteem que traz sua magia pop no empolgante breakbeat dos anos 90 em “Complete Me”, Jack Peñate em um pop garage em “No Time”, Toya Delazy no envolvente house de “Galaxy Mood”, a rapper japonesa Yukko Sings em “Don’t Touch That Dial”, a artista de alt-soul/jazz Bernardo em “Who You Know” e outros. O foco está nos estilos do techno, rave, acid jazz, synthpop, hip hop e outros gêneros impulsionados por batidas, em faixas cantadas ou instrumentais como “Osaka” e “Squid Inc.”. Off Planet é uma jornada fascinante e sonora, uma verdadeira exploração do universo musical completo do Django Django, proporcionando uma experiência caleidoscópica.

Creep ShowYawning Abyss
(Bella Union)

O Creep Show, uma colaboração entre o projeto de dark eletro analógico Wrangler (Stephen Mallinder / Phil Winter / Benge) e o cantor e compositor John Grant, retorna com o segundo disco de estúdio. Cinco ano após o álbum de estreia, Mr Dynamite, o grupo mantém a coesão e reflete as mudanças do mundo nesse período: a crise do custo de vida, os colapsos políticos, o aquecimento global e, acima de tudo, as guerras. Embora se espere um trabalho carregado de fúria e tensão, o registro traz uma abordagem mais direta e até mesmo divertida. A parceria entre Wrangler e Grant continua rendendo frutos, explorando uma mistura de sintetizadores vintage e experimentações musicais. O vocal de Grant é apresentado de forma mais clara e os arranjos criam uma atmosfera cativante. Faixas como “The Bellows”, “Moneyback” e o festivo eletro breakdance “Yahtzee!” mostram um som enérgico. No entanto, Yawning Abyss também mergulha em territórios mais sombrios, com letras impactantes em faixas como “The Crackdown”, mas encontrando austeridade na produção peculiar – influenciada por techno, eletropop, funk e industrial – e efeitos vocais inspirados nos anos 80.

Me’Shell NdegéocelloThe Omnichord Real Book
(Blue Note)

A renomada multi-instrumentista, cantora e compositora vencedora do Grammy, Me’Shell Ndegéocello, faz sua estreia na gravadora Blue Note Records com o álbum The Omnichord Real Book. Este trabalho visionário e expansivo é profundamente influenciado pelo jazz, marcando o início de um novo capítulo em sua carreira. O disco apresenta uma variedade de estilos musicais, desde a dinâmica de viagem intergaláctica e pulsante de “Virgo”, até o soul inspirado em Sly Stone de “Clear Water” ou a a exploração de sua conexão com a cultura e ritmos africanos em “Vuma”. Após o lançamento do álbum de covers Ventriloquism em 2018, a artista retorna com um material original que mergulha em suas raízes musicais e reflete como sua relação com o passado mudou após a morte de seus pais. The Omnichord Real Book foi produzido por Josh Johnson e apresenta uma variedade de artistas convidados, incluindo Jason Moran, Joan As Police Woman, Ambrose Akinmusire, Joel Ross, Jeff Parker, Mark Guiliana, Cory Henry, Thandiswa e outros.

Killer MikeMICHAEL
(Loma Vista Recordings)

MICHAEL é o primeiro álbum solo do rapper Killer Mike em mais de uma década, desde a formação do Run the Jewels com El-P (que aparece na faixa “DON’T LET THE DEVIL”). Diferente dos trabalhos colaborativos do duo, o trabalho destaca a herança de Atlanta do artista ao resgatar várias eras de ritmos do rap sulista, serviços de igreja aos domingos na sonoridade gospel e influências de blues. MICHAEL é um projeto reflexivo e autobiográfico, explorando o passado, presente e futuro do rapper de forma emocionante, abordando tanto suas experiências pessoais (como na tocante faixa “MOTHERLESS”) quanto questões mais amplas (“TALK’N THAT SHIT!). O álbum conta com colaborações especiais, como André 3000 (do Outkast) e Future em “SCIENTISTS & ENGINEERS” e CeeLo Green em “DOWN BY LAW”, mas tudo isso se resume a como é ser Mike e sua história fascinante como um livro aberto. Embora o sucesso do Run The Jewels o tenha impulsionado na cena do hip hop para defender causas sociais e questões caras, é com MICHAEL que ele reafirma sua grandeza como um dos melhores rappers do Sul.

Elizabeth HumeWake Me Up When I’m Older
(Elizabeth Hume)

A jovem artista de indie pop norte-americana, Elizabeth Hume, lança o EP de estreia intitulado Wake Me Up When I’m Older. Produzido por Nolan Garrett e pela própria Elizabeth, o trabalho foi desenvolvido durante o período de gravação após o término do ensino médio. Com uma estética de dream pop e folk, o EP combina sintetizadores envolventes, violões dedilhados, batidas acolhedoras e os vocais sedutores de Hume, resultando em uma sonoridade intima e reconfortante. As faixas abordam temas como saúde mental (“August”, “Somewhere in Arizona”), relacionamentos (“Mindless Habit”), sentimentos em relação ao amor (“Breathing”) e descoberta da própria identidade (“Wanted to Be”).