6 discos para ouvir hoje: The Cure, Autre Ne Veut, Katrina Ford, Teto Preto e mais

The Cure / Divulgação

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: The Cure, Autre Ne Veut, mxmtoon, Katrina Ford, Tuxedo e Teto Preto.

The CureSongs Of A Lost World
(Polydor)

Songs Of A Lost World, o aguardado retorno do The Cure após The Cure após 16 anos, transcende a nostalgia ao explorar profundamente os aspectos sombrios da existência, conduzida pela mente de Robert Smith. Com oito faixas, o álbum aborda temas como isolamento, efemeridade, mortalidade e luto pela perda de entes queridos, proporcionando uma experiência surpreendentemente renovada. A faixa de abertura, a épica “Alone”, com uma longa introdução instrumental de tom fúnebre, teclados suaves, sintetizadores atmosféricos, percussão minimalista e as guitarras características da banda, estabelece um clima melancólico, enquanto a voz de Smith reflete sobre a sensação de perda e o fim de um ciclo. “And Nothing Is Forever” traz acordes delicados de piano e cordas fascinantes, abordando o amor e a nostalgia, remetendo a momentos da juventude. “A Fragile Thing” inicia com uma melodia suave de piano e batidas delicadas, intensificada pelo baixo e pelos vocais de Smith, que exploram solidão e arrependimento. “I Can Never Say Goodbye” é uma homenagem ao seu irmão falecido, com letras cheias de vulnerabilidade, enquanto a intensa “Warsong” trata de relacionamentos desgastados, refletindo sobre a natureza humana. “Endsong”, com seus dez minutos de duração, encerra o álbum de forma emotiva, começando com sintetizadores atmosféricos, bateria eletrônica e guitarras reverberantes, que dão espaço à voz marcante do artista em versos sobre morte e envelhecimento, proporcionando uma reflexão profunda. Com a produção sombria de Smith e Paul Corkett, a bateria de Jason Cooper, o baixo de Simon Gallup e as texturas de guitarra de Gabrels, Songs Of A Lost World cria uma atmosfera opaca e comovente, alinhada à temática do álbum, e abre caminho para um novo capítulo esperado (possivelmente) para o próximo ano.

Autre Ne VeutLove, Guess Who??
(Rebel Bodies Music)

Autre Ne Veut, projeto do cantor e produtor norte-americano Arthur Ashin, retorna com seu primeiro álbum em quase uma década. Love, Guess Who??, composto por 12 faixas, é a continuação de Age of Transparency (2015) e completa uma trilogia que investiga as dinâmicas da intimidade humana na era contemporânea, juntamente com o álbum Anxiety (2013). Neste retorno, o artista apresenta uma sonoridade mais contida, com acordes de piano suaves, sintetizadores nebulosos e toques de R&B em canções que abordam relações marcadas pela indiferença e frieza (“World War Pt. 3”), mas sem arrependimentos pelo tempo compartilhado (“Homemaker”). “Itchy Blood” traz uma eletrônica sombria com nuances de soul e R&B, que servem de cenário para a expressão da angústia de um relacionamento instável, onde ambos tentam se salvar. A comovente “Heavy Tho” reflete sobre a sensação de desorientação e a falta de compreensão em um vínculo afetivo, enquanto “Okay” clama por paciência e aceitação em tempos difíceis. “About to Lose”, a faixa que encerra o álbum, apresenta uma eletrônica envolvente, característica do artista, misturada a sintetizadores e texturas brilhantes, além dos emocionantes falsetes de Ashin e um toque gospel nos vocais de apoio nos minutos finais, expressando a dor de uma perda. Love, Guess Who?? explora um tema universal, retratando o amor entre duas pessoas e a resiliência diante das adversidades em um relacionamento.

mxmtoonliminal space
(AWAL)

Desde os 17 anos, mxmtoon tem criado músicas pop cativantes que expressam sentimentos profundos e delicados, muitas vezes mantidos ocultos. Agora, aos 24 anos, sua relação com a composição evoluiu consideravelmente durante a produção de seu terceiro álbum, liminal space, que reflete um período de grandes turbulências, incertezas familiares, perda da juventude e amadurecimento acelerado. A faixa “passenger side” destaca o estilo narrativo da artista, mesclando vivências pessoais com um som suave e introspectivo, abordando uma transição da entrega total para o desapego. “now’s not the time”, uma balada delicada com guitarra dedilhada e participação de Luna Li, reflete sobre a perda da juventude e o rápido amadurecimento, enquanto “rain”, com instrumentação folk minimalista, é uma confissão melancólica sobre a dificuldade de lidar com mudanças e o desejo de retornar para casa. O álbum revela uma mxmtoon mais destemida, com um indie pop introspectivo e envolvente. Embora ela revisite suas raízes, cada faixa reflete uma confiança e clareza renovadas, mesmo em meio às transformações. Antes do lançamento, mxmtoon deu uma amostra com o single “i hate texas”, uma balada pop com toques de country, e “the situation”, uma reflexão existencial em forma de hino pop – como uma atmosfera do álbum autointitulado de Liz Phair -, em parceria com Sarah Bonito, do Kero Kero Bonito. Com uma equipe composta inteiramente por mulheres, o álbum propõe uma imersão profunda no caos confuso, turbulento e, ao mesmo tempo, belo dos sentimentos que envolvem mudanças e transições.

Katrina FordH.E.A.R.T.
(Violin Films)

Katrina Ford, atuante na cena indie underground há 30 anos, é reconhecida por seu trabalho em bandas como Jaks, Love Life, Celebration e Mt. Royal. Em seu álbum de estreia solo, H.E.A.R.T. (acrônimo de “Heart Ember Abuse Resin Trend”), produzido em parceria com Sean Antanaitis, ela une sua voz marcante a influências das técnicas vocais e de gravação de Phil Spector, dos grupos femininos, além do pop experimental de ícones dos anos 80, como Kate Bush e Peter Gabriel, e do punk e do gótico, que compõem sua essência. “World on a Wire”, um pop celestial guiado pela voz melódica e soturna da artista, explora a fragilidade da vida, a dureza da realidade e a busca por equilíbrio em tempos difíceis. “Cry Wolf” é um synthpop cinematográfico e atmosférico com uma estética oitentista, onde vocais etéreos se entrelaçam com bateria e sintetizadores, refletindo sobre destruição, amor e mudança. “Eagle and Dove” se destaca por suas melodias cativantes e vocais vigorosos; “Dundalk Dungeon” cria uma atmosfera de tensão e incerteza, com referências a apostas, riscos e fugas, misturando imagens urbanas e momentos de escapismo; enquanto “Killing It” aborda perdas – não necessariamente físicas, mas de sonhos, amizades e ideias. H.E.A.R.T. investiga fronteiras, seja no espaço, no tempo, ou nos aspectos físicos, emocionais e mentais, tudo envolto em uma sonoridade densa, sombria e teatral, revelando a resiliência, ternura e capacidade mágica de Ford.

TuxedoTuxedo IV
(Funk On Sight)

O músico Mayer Hawthorne e o produtor Jake One, responsáveis pelo projeto Tuxedo, retomam os trabalhos e apresentam seu quarto álbum de estúdio, Tuxedo IV. A coleção mistura G-funk, synth-funk e boogie, com influências de Parliament-Funkadelic e Zapp. O álbum começa com “Hold Up”, um G-funk coproduzido com DJ Battlecat, seguido pela levada nu disco de “This Is 4 You” e o funk groove “Back 4 More”. “Think Twice” é um synth-funk sobre se entregar ao amor sem hesitação, mantendo o ritmo em “Good Time 4 Ever”, que canta sobre viver intensamente ao lado de alguém. “Windows Down” faz referência ao estilo de Zapp, com seu funk pop eletrônico, celebrando a companhia de outra pessoa, com a música tocando alto e uma sensação de liberdade no ar, enquanto “We Made It” apresenta uma sonoridade mais sedutora e lenta, com versos que celebram a superação de desafios em um relacionamento, destacando a felicidade de ter alcançado o sucesso e a estabilidade juntos. Tuxedo IV é uma celebração da vida exuberante da dupla, com músicas dançantes e vocais envolventes, ideais para as pistas de dança, com uma atmosfera de nostalgia, romance e charme.

Teto PretoFALA
(MAMBArec)

Em 2024, a Teto Preto celebra 10 anos com o lançamento do segundo álbum, FALA, pelo selo MAMBArec. A formação conta com CARNEOSSO (Laura Diaz), Matheus Câmara e Sarine, e o grupo apresenta um novo espetáculo coreográfico que destaca a cena independente latino-americana. Com 8 faixas originais e um remix, a banda cria um álbum repleto de personalidades: sensual, versátil, pop, destemido, verborrágico, ruidoso e carinhoso. A música eletrônica se expressa por meio de nuances históricas que mesclam dubstep, afrobeats, trap, drum ‘n’ bass, rock e outros gêneros com a canção brasileira tropical, transmitindo a agressividade carismática do rock indie, entendido como independente das grandes gravadoras. Arranjos complexos ganham vida própria, com dezenas de vozes em aberturas dissonantes que se fundem em uma só. A percussão captura de forma sutil o transe do groove incessante, conduzido pelos eletrônicos e pela guitarra. O álbum conta com participações luxuosas de músicos brasileiros contemporâneos, como Getúlio Abelha (“SEM VERGONHA *.* SV”), Jup do Bairro (“TE COLOCAR NO TEU LUGAR *.* TCNTL”), Saskia (“FALA *.*”) e Thiago França, além de um remix da faixa “TE COLOCAR NO TEU LUGAR” por Clementaum e Rkills. A música “QUEDA PRO ALTO *.* QPA” presta homenagem a Anderson Herzer, cujo único trabalho lançado [‘A Queda Para o Alto’] é o primeiro relato de um homem trans publicado no Brasil. Com letras instigantes e arranjos ousados, FALA representa uma fusão de estilos, reafirmando o grupo como uma potência inovadora no cenário musical contemporâneo.