5 discos para ouvir hoje: Bad Bunny, Franz Ferdinand, Lambrini Girls, Moonchild Sanelly e mais

Bad Bunny / Eric Rojas

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Bad Bunny, Franz Ferdinand, Lambrini Girls, Moonchild Sanelly e Sondre Lerche.

Bad BunnyDeBÍ TiRAR MáS FOToS
(Rimas Entertainment)

O álbum DeBÍ TiRAR MáS FOToS, de Bad Bunny, é uma carta de amor à sua terra natal, Porto Rico, celebrando as alegrias do cotidiano e a rica herança musical do país. Diferente de seus trabalhos anteriores, o disco foca em gêneros tradicionais como reggaeton, jíbaro, salsa e dembow, deixando em segundo plano a mistura de trap e música de club que definiu sua carreira. Nas letras, o registro trata de romances marcantes, reflexões sobre a saudade e a relação do artista com o país. Com referências ao passado e um olhar para o futuro, o álbum revela Benito como um artista que se aprofunda em suas raízes enquanto expande suas possibilidades criativas. “NUEVAYoL” homenageia os clássicos da salsa dos anos 70 ao interpolar “Un Verano en Nueva York”, de El Gran Combo de Puerto Rico e Andy Montañez, com uma batida envolvente de house e dembow, trazendo à tona a história das pessoas que, por necessidade, se mudaram para os EUA e ainda sonham com sua terra natal. “BAILE INoLVIDABLE” faz uma homenagem à salsa, falando sobre uma mulher com quem teve um relacionamento romântico e que ainda não consegue esquecer. “WELTiTA”, em colaboração com o grupo Chuwi, mistura vocais melódicos e influência caribenha com grooves sintetizados. “EL CLúB” combina batidas de house com guitarras no estilo folk clássico de Porto Rico, abordando um antigo amor, enquanto o reggaeton sintetizado de “KETU TeCRÉ” segue o tema de uma mulher que age de forma indiferente após seguir sua vida. “BOKeTE” e o bolero “TURiSTA” expressam a tristeza e a vulnerabilidade romântica de Bad Bunny. “CAFé CON RON” apresenta uma versão da plena com Los Pleneros de la Cresta, enquanto em “PIToRRO DE COCO” oferece uma interpretação melancólica da música jíbara, ao interpolar um clássico de Chuíto el de Bayamón para destacar a realidade dos pobres rurais e da classe trabalhadora. Em faixas como “LO QUE LE PASÓ A HAWAii” e “LA MuDANZA”, o artista reflete sobre colonização, história familiar e identidade. A mensagem final é clara: sua conexão com Porto Rico é inabalável, e ele promete continuar firme na terra que moldou quem ele é. Outras parcerias, como com RaiNao (“PERFuMITO NUEVO”) e Omar Courtz (“VeLDÁ”), reforçam seu entusiasmo em promover artistas latinos. DeBÍ TiRAR MáS FOToS é um trabalho que celebra a memória, a cultura e a música de Porto Rico, jogando-as para o mundo inteiro.

Franz FerdinandThe Human Fear
(Domino)

O sexto álbum do Franz Ferdinand exibe ao máximo sua sensibilidade artística e paixão por riffs grandiosos e refrões marcantes. Produzido por Mark Ralph, que já havia trabalhado com a banda no álbum Right Thoughts, Right Words, Right Action de 2013, The Human Fear mostra o grupo em sua forma mais imediata, energética e vibrante, recuperando a energia pop do início da carreira. Nas faixas, Alex Kapranos e seus colegas exploram os medos humanos em suas diversas formas e como superá-los e aceitá-los. “Audacious” traz uma vibe nostálgica com o retorno da banda às suas raízes no art rock, alternando ritmos, riffs de guitarra angulares, melodias de piano inspiradas nos anos 70 e os vocais descontraídos de Kapranos, que canta sobre a sensação de que algo está fora de controle. “The Doctor” é um dance rock extremamente cativante, enquanto “Hooked” é um synthpop vibrante e retrô, impulsionado por pads de bateria eletrônica e uma inspiração nas colaborações com o Sparks. “Build It Up” traz um groove irresistível, abordando a falta de comunicação de maneira descontraída. A vibrante fusão de yacht rock com influências disco de “Night Or Day” celebra o amor e as parcerias como fontes de força e alegria diante dos desafios da vida. Já “Tell Me I Should Stay” traz uma sensibilidade pop com um piano delicado que explode em um refrão com uma qualidade de The Beach Boys, num apelo emocional para permanecer junto diante de uma despedida iminente. Em “Black Eyelashes”, com uma qualidade vaudeville, Kapranos explora sua identidade grega e relembra uma viagem à Grécia, destacando que, embora tenha nascido na Inglaterra e crescido na Escócia, e seu pai seja grego, ele nunca é considerado “grego o suficiente” pelos gregos. Por fim “The Birds” traz um som mais retrô dos integrantes, com suas linhas de guitarra angulares e riffs destacados, refletindo sobre a busca por aceitação e perdão, lidando com arrependimentos e a indiferença do mundo ao nosso redor. Após duas décadas, o Franz Ferdinand não perdeu sua ousadia, apenas mantém-se em terreno seguro.

Lambrini GirlsWho Let The Dogs Out
(City Slang)

Who Let The Dogs Out é o álbum de estreia do Lambrini Girls, uma dupla de punk formada por Phoebe Lunny e Lilly Macieira. Gravado com o produtor Daniel Fox (Gilla Band), o disco aborda temas como a injustiça no sistema policial (“Bad Apple”), o assédio sexual no trabalho (“Company Culture”) e a crise habitacional, com letras afiadas e um humor ácido. Em “Filthy Rich Nepo Baby”, Lunny canta sobre o privilégio dos “nepo babies” e as injustiças na indústria musical, enquanto “Big Dick Energy” expõe a falsa atitude de aliados masculinos que tentam se aproveitar das mulheres. A frenética “Love” explora uma atração por pessoas que não oferecem nada de bom, fazendo com que se acredite que uma relação tóxica é amor, e o synthcore afirmativo Cuntology 101″ trata de temas como sexo casual, terapia e até fazer necessidades na casa dos amigos. A banda transita entre o pop punk animado (“No Homo”), tons sujos de grunge (“Special, Different”) e o pós-punk dissonante, com toques de noise pop que celebram o autocuidado. Além do humor e do estardalhaço sonoro, há um momento de reflexão tocante com um interlúdio que apresenta as vozes dos ativistas Kwame Ture e Angela Davis em “Scarcity Is Fake (communist propaganda)”. Com instrumentais arrebatadores e explosivos, vocais que exalam fúria e versos diretos, Who Let The Dogs Out é uma estreia caótica e charmosa, sem concessões, de uma das bandas mais divertidas e destemidas do Reino Unidoo.

Moonchild SanellyFull Moon
(Transgressive)

Após colaborar com o Self Esteem, no single “Big Man”, a musicista sul-africana Moonchild Sanelly, reconhecida por seu estilo vibrante, inconfundível e letras afirmativas, lança seu terceiro álbum de estúdio, Full Moon. O disco traz uma seleção de 12 músicas que evidenciam a marca sonora única da artista, sua postura energética, vocais distintos e hits que transitam por diversos gêneros, com batidas perfeitas para as pistas de dança. O som oscila entre eletrônico, afro-punk, pop ousado, amapiano e influências de hip hop. Da energia contagiante de “Do My Dance”, passando pela balada “Falling”, até as harmonias suaves e celestiais de “Mntanami” – uma música pessoal sobre seu relacionamento conturbado com o pai, cantada em Xhosa -, o club dance em “To Kill a Single Girl (Tequila)” – que fala sobre o fim de um romance e os perigos da tequila quando se sente falta de um ex – e a mistura eclética de afro-punk com grooves eletrônicos de “In My Kitchen”. Com a atitude feroz e cativante de “Sweet & Savage”, “Gwara Gwara” (uma dança de Durban que se tornou global nas redes sociais) evoca momentos da euforia rave de “XR2” de M.I.A., além da poesia declamada em “I Love People”, acompanhada por uma produção afrobeats minimalista e sedutora, Full Moon é uma exibição introspectiva e enérgica da versatilidade da artista. O resultado é uma celebração da identidade e criatividade, reunindo as experiências de vida de Moonchild Sanelly, contadas por meio de uma gama de sons e histórias.

Sondre LercheSea Of Sighs
(PLZ)

Sea Of Sighs é um EP instrumental e experimental do músico norueguês Sondre Lerche, que combina música ambiental e colagens orquestrais. O projeto teve início durante uma turnê no Japão, quando o artista passou alguns dias sozinho em Tóquio no último outono, sendo concluído pouco antes do Natal em Bergen, após sessões em Oslo e Veneza. Inspirado por artistas japoneses como Ryuichi Sakamoto, Hiroshi Yoshimura e Chihei Hatakeyama, Lerche também destaca influências de Gigi Masin, Suso Saiz, Biosphere, Kali Malone e Max Richter. Sua afinidade com a música abstrata e experimental é evidente desde a trilha sonora de ‘O Sonâmbulo’ (2014) e no álbum Please do mesmo ano, seguindo nos recentes Patience (2020) e Avatars Of Love (2022). Em Sea Of Sighs, Lerche adota um minimalismo majestoso, combinando elementos pré-existentes com arranjos criados especialmente para cada peça. O EP inclui uma nova versão de “Sentimentalist”, agora um dueto com a cantora norueguesa-brasileira Gabriela Garrubo, produzida em colaboração com Vetle Junker. O projeto também conta com contribuições de Kato Ådland, Jørgen Træen, Alexander von Mehren (vibrafone e piano), e Solveig Wang (clarinete). Com 35 minutos de música romântica e dissonante, Sea Of Sighs oferece uma jornada atmosférica que é ao mesmo tempo tranquilizadora e perturbadora.