Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: The Weeknd, Charlie Houston, Maribou State, Gen, Geologist & D.S. e Eddie Choan.
• The Weeknd – Hurry Up Tomorrow
(XO/Republic Records)
O canadense Abel Tesfaye (a.k.a. The Weeknd) lança Hurry Up Tomorrow, seu aguardado sexto álbum, que representa um capítulo ousado em sua trajetória musical. Este projeto conclui uma trilogia que começou com After Hours e continuou com Dawn FM, explorando profundamente as transformações sonoras, temáticas e pessoais do artista. O álbum traz uma evolução sonora, misturando de forma harmoniosa elementos de synthpop, R&B e influências eletrônicas com uma qualidade cinematográfica marcante. O som característico de Tesfaye é ampliado, mergulhando em temas existenciais e na reinvenção pessoal, contando também com a produção de grandes nomes da música eletrônica, como Justice e Giorgio Moroder (incluindo um sample da magistral trilha sonora de ‘O Expresso da Meia-Noite’). Através de letras introspectivas e uma produção imersiva, ele cria um mundo que é ao mesmo tempo reflexivo e visionário. O álbum começa com “Wake Me Up”, que apresenta uma narrativa intensa e sombria, evoluindo para uma produção épica com batidas disco e baixos pulsantes, reminiscentes de uma versão de “Thriller”, de Michael Jackson. “Cry For Me” se destaca pela abertura com sintetizadores distorcidos e uma bateria marcante, combinando produção atmosférica e uma narrativa emocional sobre uma separação dolorosa. Já “São Paulo”, uma parceria com Anitta, traz o universo de The Weeknd impulsionado pela energia do funk carioca, explorando uma relação de desejo e poder. “Baptized In Fear” é uma reflexão sombria sobre erros passados e o confronto com os demônios interiores, enquanto “Open Hearts” começa com uma sonoridade pop cinematográfica dos anos 80, mas com um toque moderno e confiante, abordando a ideia de encontrar o amor em um lugar sem esperança. “Reflections Laughing” se destaca pelos sintetizadores inspirados nos anos 80, os vocais fantasmagóricos de Florence Welch, delicados acordes de guitarra, instrumentos de sopro e a participação de Travis Scott. “Timeless” brilha com a colaboração de Playboi Carti, combinando seu estilo de rap sutil com melodias etéreas de sintetizadores retrô. Lana Del Rey também marca presença com seus vocais etéreos em “The Abyss”, onde versos sobre um amor efêmero são acompanhados por um piano melancólico e batidas de trap. O álbum termina com a faixa-título, escrita em parceria com David Lynch, que faz referência à primeira música de sua primeira mixtape, “High For This”, criando um momento de ciclo completo. Hurry Up Tomorrow retrata a batalha do artista com questões de identidade, legado e a busca por um vínculo verdadeiro em um mundo que frequentemente se mostra adverso. Será que isso realmente marca o fim de The Weeknd?
• Charlie Houston – Big After I Die
(Arts & Crafts)
A artista canadense Charlie Houston lança seu álbum de estreia, Big After I Die, com nove faixas que exploram a transição entre fases da vida e a busca por autoconhecimento. O álbum é uma jornada introspectiva e emocionalmente intensa, mergulhando nas complexidades da saúde mental, dos relacionamentos e da busca por identidade. “Pink Cheetah Print Slip” é um indie pop energético, que mistura influências de Wet Leg e Le Tigre, narrando a história de uma ex-namorada que a trocou por um cara de uma banda. Houston expressa o desejo de que ele seja ruim no palco e que suas músicas soem todas iguais, enquanto reforça a certeza de que o novo parceiro nunca se comparará a ela. Em “Slut For Excel”, que evoca o estilo pop funk do Talking Heads, ela reflete sobre sua escolha de ser música em vez de trabalhar em um escritório, brincando com a ideia de que a vida seria mais fácil se ela se dedicasse a algo como o Excel. A faixa-título serve como um manifesto existencial, explorando temas de legado e autovalorização. Já “Lighter”, que inspirou várias outras faixas do álbum, captura a profunda ansiedade de Houston em relação à solidão. Suas batalhas com a saúde mental ecoam ao longo do disco, especialmente em “Lewps”, onde ela desabafa sobre os círculos viciosos da mente. O álbum retrata sua dificuldade em lidar com o apego e a constante necessidade de se definir por meio dos outros. Em “Spiral”, uma música mais calma, ela aborda a tendência de buscar segurança nos outros e o medo de ser abandonada por causa de suas próprias imperfeições. Big After I Die é um trabalho honesto e comovente que consolida Houston como uma nova voz respeitável no cenário do indie pop contemporâneo.
• Maribou State – Hallucinating Love
(Ninja Tune)
A dupla britânica Maribou State, formada por Chris Davids e Liam Ivory, descreve o álbum Hallucinating Love como uma obra que aborda superação e união. Durante a criação do terceiro disco, os dois enfrentaram desafios pessoais significativos. Chris lutava contra insônia crônica e foi diagnosticado com malformação de Chiari, uma condição neurológica rara, enquanto Liam lidava com ansiedade severa. Após uma cirurgia delicada em 2023, Chris se recuperou, e o lançamento do álbum foi adiado para garantir sua plena recuperação. Combinando psicodelia, jungle, funk, folk, soul retrô e batidas energéticas em um som mais caloroso e cativante, o trabalho simboliza uma jornada de cura e esperança. A conexão entre os integrantes se fortaleceu, e a criatividade foi revitalizada, especialmente nas parcerias com Holly Walker, no pop cativante “Otherside”, que narra uma história de abandono e transformação, e com Andreya Triana em “All I Need”, uma balada soul que mistura eletrônica com uma melodia cativante, explorando a busca constante por amor e conexão. “II Remember”, que evoca a produção do Jungle, traz uma energia radiante na fusão de soul e percussão intricada. Já “Passing Clouds” é uma faixa ambiente delicada, construída sobre cordas, metais e sintetizadores, enquanto “Rolling Stone” apresenta sintetizadores brilhantes e uma atmosfera pop sonhadora, refletindo sobre uma vida repleta de experiências e a promessa de um retorno acolhedor. Em Hallucinating Love, a música do Maribou State ganhou nova profundidade, com detalhes ricos e uma energia renovada, mantendo a assinatura atmosférica e melódica que consagrou a dupla.
• Gen – MIDNIGHT RAIN
(MIDNIGHT RECORDS)
A produtora e criativa canadense Gen está em uma missão para revolucionar o cenário da música eletrônica, explorando tons sombrios e paisagens sonoras, com batidas influenciadas pelo UK garage, trip hop, pads etéreos e vocais dispersos. E um bom exemplo disso, vem com o lançamento do EP MIDNIGHT RAIN. “BLADE” é um desabafo intenso sobre abandono e sofrimento, pedindo um distanciamento definitivo. “IT’S TOO LATE” mergulha em um submundo sonoro, tema recorrente na discografia sombria e cinematográfica da artista, transmitindo a dor de uma decisão irreversível e a tentativa de evitar o sofrimento. Já “WAITED FOR YOU” expressa a tristeza de alguém que esperou por outra pessoa na chuva, mas essa pessoa nunca apareceu, refletindo solidão e desapontamento. Com sua abordagem única e emotiva, Gen não apenas cria música, mas também um espaço onde a dor, a perda e a busca por libertação se encontram de forma visceral e arrebatadora.
• Geologist & D.S. – A Shaw Deal
(Drag City)
A Shaw Deal é o primeiro álbum colaborativo entre Geologist – projeto de Brian Weitz, mais conhecido por seu trabalho no Animal Collective – e o guitarrista Doug Shaw. Os dois são amigos de longa data, desde antes do envolvimento de Shaw no Highlife e no White Magic, e até mesmo dos primórdios do Animal Collective. Doug lançou sua música sob o nome Highlife com o EP Best Bless em 2010, combinando influências de guitarra africana, folk pop britânico, blues do deserto e uma energia ritualística. Alguns anos atrás, ele começou a postar trechos de suas performances no Instagram. Brian encontrou nessas músicas um refúgio inspirador e as usou como base para criações musicais através de seu sistema modular, ajustando e remixando as faixas originais. O resultado evoluiu para o álbum. A Shaw Deal explora ondas meditativas, com a guitarra de D.S. no centro, criando formas sonoras novas e reconfortantes. O trabalho colaborativo oferece uma experiência profunda e traz uma nova perspectiva, apresentando-se como uma jornada contínua que explora as visões ambiciosas de Weitz e Shaw.
• Eddie Chacon – Lay Low
(Stones Throw Records)
A lenda do R&B Eddie Chacon retorna à cena musical com o álbum Lay Low. Depois de colaborar com John Carroll Kirby em seus dois últimos trabalhos, o artista se uniu a Nick Hakim para produzir essa nova coleção de canções. O álbum mescla elementos de lo-fi, R&B e jazz, abordando temas como perda, luto e esperança em momentos difíceis. A faixa inicial, “Good Sun”, define um clima suave e introspectivo, enquanto “Let You Go” transmite vulnerabilidade e dor com uma beleza melancólica. “Empire”, que conta com a participação de John Carroll Kirby, incorpora nuances de jazz em uma atmosfera revitalizada, e a faixa-título cria um ambiente íntimo e envolvente. Outros destaques incluem “Birds”, uma parceria com Hakim que apresenta uma sonoridade etérea, e “End Of The World”, uma música cativante e repleta de sensibilidade. Já “If I Ever Let You Go”, que encerra o disco, evoca memórias e traz uma sonoridade que remete às produções de Prince. Lay Low marca um retorno brilhante de Chacon à música, apresentando uma obra calorosa e introspectiva.