12 discos para ouvir hoje: Japanese Breakfast, Greentea Peng, The Horrors, Glazyhaze e mais

Japanese Breakfast / Pak Bae

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Japanese Breakfast, Greentea Peng, Desire, Glazyhaze, The Horrors, Loonie Holley, Brian D’Addario, Güner Künier, Ora the Molecule, Flying Lotus, YHWH Nailgun e Ben L’Oncle Soul.

Japanese BreakfastFor Melancholy Brunettes (& sad women)
(Dead Oceans)

Japanese Breakfast, projeto liderado pela cantora e compositora Michelle Zauner, retorna com o álbum For Melancholy Brunettes (& sad women). A obra pondera o tom vibrante e extrovertido de Jubilee, seu antecessor, mergulhando em uma sonoridade densa e atmosférica que reforça o lirismo poético da artista, já celebrado em seu best-seller ‘Aos Prantos no Mercado’. A faixa “Orlando in Love” inspira-se no poema renascentista ‘Orlando Innamorato’, de Matteo Maria Boiardo, e constrói uma canção delicada, com arranjos de cordas refinados e vocais suaves. A letra narra a história de um poeta melancólico que, enfeitiçado pelo canto de uma sereia, é levado a um destino trágico. “Honey Water” combina guitarras distorcidas e uma aura etérea, evocando influências como Kate Bush ao explorar a desconfiança e a traição em um casamento fragilizado. Já “Mega Circuit” mescla folk, rock e soul, abordando as desilusões da juventude e a busca por afeto em meio a relacionamentos tóxicos. “Little Girl’ é uma balada acústica repleta de melancolia, enquanto “Leda”, conduzida por um violão dedilhado e camadas sutis de cordas, retrata um amor corroído pelo alcoolismo e a frágil esperança de redenção. “Picture Window” traz um ritmo mais pulsante, com metais e guitarras marcantes, versando sobre um amor assombrado por inseguranças e fantasmas do passado. Em “Men in Bars”, Michelle conta com a participação especial do ator Jeff Bridges em uma canção serena com toques de country, refletindo sobre decisões afetivas. Por fim, “Winter in LA” homenageia o pop clássico de Phil Spector, embalado por uma melancolia que explora o desejo de se tornar uma companheira mais presente. Com produção de Blake Mills (Fiona Apple, Bob Dylan, Perfume Genius), o álbum consolida Zauner como uma artista absoluta, capaz de compartilhar narrativas emocionais que transitam entre a tragédia e o contentamento.

Greentea PengTELL DEM IT’S SUNNY
(AWAL)

Enquanto o álbum de estreia da britânica Greentea Peng, MAN MADE (2021), refletia sobre questões universais e vivências compartilhadas, TELL DEM IT’S SUNNY se volta em uma jornada introspectiva, explorando a essência humana e as complexidades do indivíduo ao longo de suas 14 faixas. A obra mescla, com destreza, diversos estilos musicais – desde hip hop, jazz e neo soul até trip hop, rock, dub e drum ‘n’ bass -, todos unidos por sua voz aveludada e profunda, que evoca os primeiros trabalhos do Massive Attack e do Tricky, mas com a força emocional de Amy Winehouse. “TARDIS (hardest)”, o primeiro single do registro, é um manifesto ousado que destaca a habilidade lírica única da artista, sobre uma produção que equilibra o místico e o urbano. “One Foot” flui com naturalidade pelo R&B dos anos 90, o nu soul e hip hop clássico, encontrando um ponto de equilíbrio entre o melancólico e o soul. Já “Stones Throw” combina reggae com toques psicodélicos, incorporando elementos de ska e funk em uma letra que aborda vulnerabilidade, superação e mudança. “Green” traz uma atmosfera serena e introspectiva, lembrando Portishead, enquanto celebra a capacidade de transformar dor em potência. Em outros momentos, Greentea busca um senso de pertencimento no synthpop em “Nowhere Man”, expõe o desgaste físico e emocional na sombria “My Neck” (em parceria com Wu-Lu), reflete sobre o poder da escolha em meio a batidas industriais e riffs pesados em “CREATE OR DESTROY 432” e encontra paz na aceitação da própria humanidade na levada drum ‘n’ bass de “The End (Peace)”. Assim como o processo de autoconhecimento, TELL DEM IT’S SUNNY resulta em uma experiência transformadora.

DesireGames People Play
(Italians Do It Better)

Diferente do álbum anterior, Escape, que demorou mais de dez anos para ser lançado após a estreia do Desire, projeto da vocalista Megan Louise e do produtor Johnny Jewel (Chromatics), Games People Play chega em menos de três anos desde o último trabalho. O terceiro disco da dupla, conhecida pela icônica “Under Your Spell” na trilha sonora de ‘Drive’, é impulsionado pela produção etérea de Jewel, que mergulha em uma estética synthpop neon, influenciada pelo italo-disco e pela new wave dos anos 80, tudo envolto em uma aura melancólica e romântica. Os vocais hipnóticos e mágicos de Louise completam as vinte faixas, que parecem feitas para corações ardentes e partidos. Além de canções que resgatam a essência cativante do duo, como “I Know” e “Dangerous Drug”, o grupo também experimenta novos caminhos: incorpora batidas house dos anos 90 em “Drama Queen”, nuances de techno em “Dream Girl”, arranjos grandiosos em “Cold As Ice” e uma releitura delicada de “Tell It To My Heart”, sucesso de Taylor Dane na década de 80. Com a atmosfera cinematográfica típica de Johnny Jewel e a voz enigmática de Megan Louise, Games People Play se torna uma jornada emocional intensa, explorando o lado sombrio e viciante do amor.

GlazyhazeSONIC
(Glazyhaze)

A banda italiana Glazyhaze, formada por Irene Moretuzzo, Lorenzo Dall’Armellina, Francesco Giacomin e Vsevolod Prokhorov, lança seu segundo álbum de estúdio, seguindo o aclamado Just Fade Away. O registro explora a complexidade do amor, traçando uma jornada íntima de autoconhecimento e emoções contrastantes, dividida em duas partes que simbolizam luz e escuridão, com elementos de shoegaze, post-punk e alt-rock. Sua primeira metade traz melodias brilhantes e envolventes, enquanto a segunda parte se aprofunda em um clima sombrio e introspectivo. A faixa de abertura, “WHAT A FEELING”, marca uma mudança radical no estilo do quarteto, trocando o som atmosférico por uma abordagem mais crua e urgente, com guitarras distorcidas, batidas marcantes e vocais intensos. Em “BREATH”, as camadas instrumentais refletem os paradoxos do amor e seus sacrifícios, enquanto “FORGIVE ME”, uma balada repleta de guitarras fluidas e vocais etéreos de Moretuzzo, aborda o amor e a dor de forma melancólica. Já “DWELL”, com sua sonoridade abundante, captura a emoção de despedir-se de um lugar especial. “NIRVANA” se destaca pelo contraste entre vozes – uma direta e impactante, outra delicada e melancólica – criando uma dualidade que amplia a carga emocional da música. A faixa-título abre a segunda metade do álbum, mais sombria, retratando uma presença perturbadora que gera dúvidas e confusão. Em “SLAP”, o grupo explora a tensão entre a calma aparente e a ansiedade interna, enquanto “WARMTH”, com suas guitarras tênues e profundas, revela uma relação marcada pelo distanciamento. SONIC é uma experiência sonora vibrante, mesclando texturas ricas e emoções profundas em cada faixa.

The HorrorsNight Life
(Fiction)

Ao longo de sua trajetória, The Horrors nunca deixou de evoluir, mantendo sempre sua essência. Do post-punk frenético do álbum Strange House ao rock atmosférico de V, passando pelos experimentos industriais em EPs como The Against The Blade, a banda construiu um caminho marcado por transformações audaciosas. Agora, em Night Life, compartilham uma fusão de goth, synthwave e shoegaze, resultando em uma experiência obscura e hipnótica. A faixa “Ariel” revela uma atmosfera sinistra e eletrônica, conduzida pela voz profunda de Faris Badwan. Já “Silent Sister” é uma explosão de tensão, com distorções industriais e um toque gótico que remete aos anos 1990. Em “The Silence That Remains”, a estética cinemática e pulsante ganha vida com um baixo marcante e um dueto vocal entre Badwan e a tecladista Amelia Kidd, acrescentando camadas de dramaticidade. “Trial By Fire” é uma investida brutal de goth rock, com guitarras cortantes, batidas potentes e sintetizadores ameaçadores, enquanto os vocais soam intensos e crus. Em contraste, “The Feeling Is Gone” traz sintetizadores expansivos e uma sonoridade arrepiante, lembrando o estilo de Tricky. “Lotus Eater” destaca-se como um épico de sete minutos, construído sobre uma base eletrônica minimalista, com batidas dançantes e letras que refletem sobre a passagem do tempo. “More Than Life”, inspirada na arquitetura futurista de Londres, explora o desejo por conexão e as dificuldades emocionais em relacionamentos. “When The Rhythm Breaks” adota um tom mais introspectivo, com teclados brilhantes e vocais suaves, refletindo sobre saudade e transitoriedade. Por fim, “LA Runaway” encerra o álbum com um indie rock nostálgico, influenciado por Simple Minds, abordando temas de fuga e liberdade. Night Life é um álbum nebuloso, onde a banda abandona a grandiosidade de materiais anteriores para explorar a melancolia e os prazeres efêmeros que surgem com a chegada apavorante da noite.

Loonie HolleyTonky
(Jagjaguwar)

Dois anos após o aclamado Oh Me Oh My, o lendário artista Lonnie Holley, aos 75 anos, retorna com Tonky – título que remete a um apelido de infância e simboliza sua trajetória de reinvenção e resiliência. O álbum expande ainda mais suas fronteiras sonoras, mesclando experimentalismo, soul e narrativas profundamente pessoais. A abertura grandiosa, “Seeds” (com seus impressionantes nove minutos) começa com cordas dramáticas, fundindo-se a uma batida eletrônica pulsante, camadas vocais e teclados etéreos. Holley narra sua adolescência traumática, vivida em um reformatório onde enfrentou condições análogas à escravidão. Em “Protest With Love”, uma mensagem simples de amor e resistência ganha vida sobre uma base musical que evoca clássicos da Motown e a urgência do TV on the Radio. Já “The Burden” apresenta uma fusão de jazz e eletrônica, com ritmo lento e intenso, onde ele explora traumas geracionais enquanto o clarinete suave de Angel Bat Dawid contrasta com batidas densas. A impactante “The Same Stars” é uma reflexão visceral sobre a diáspora africana, imaginando corpos acorrentados em navios negreiros contemplando o mesmo céu estrelado. Em “Kings In The Jungle, Slaves In The Field”, o artista contrasta a liberdade ancestral com a violência da escravidão, criando um painel histórico emocionante. “What’s Going On?” (com participação de Isaac Brock, do Modest Mouse) une jazz e rock psicodélico em uma crítica social contundente. Enquanto isso, “I Looked Over My Shoulder” (com billy woods) adentra territórios sombrios e experimentais, com sintetizadores que criam um ambiente hipnótico e perturbador. Em “That’s Not Art, That’s Not Music”, ele questiona o preconceito contra arte autodidata negra, sobre uma base de trompas atmosféricas, flautas e marimbas. O álbum se encerra com “A Change Is Gonna Come”, uma ode poderosa à esperança, onde o artista conecta passado, presente e futuro, reafirmando sua crença na transformação. Contador de histórias excepcional, Lonnie Holley tece narrativas sólidas e poéticas, transformando Tonky em uma experiência sonora turbulenta, porém otimista.

Brian D’AddarioTill the Morning
(Headstack Records)

Brian D’Addario, o irmão mais velho da dupla The Lemon Twigs, apresenta seu primeiro álbum solo, Till the Morning. Diferente do que costuma acontecer em projetos individuais, este trabalho não nasceu de um afastamento da banda, mas sim de uma colaboração próxima com seu irmão Michael, que participou da produção, fez harmonias vocais e até assumiu os vocais principais em duas faixas. O disco conta ainda com uma parceria especial: o poeta Stephen Kalinich, conhecido por seu trabalho com os Beach Boys, que escreveu as letras de duas canções: “Song of Everyone” que apresenta uma vibe descontraída e cativante, enquanto “What You Are Is Beautiful” é uma declaração de amor delicada e sincera. A faixa-título, que abre o álbum, é um pop retrô envolvente sobre viver o presente e celebrar os breves momentos de felicidade, mesmo em meio ao caos do dia a dia. Já “One Day I’m Coming” mistura influências country com uma mensagem de esperança, e “Only To Ease My Mind” destaca-se pelas guitarras suaves e harmonias que retratam um amor conflituoso. Em “Company”, Brian reflete sobre a solidão disfarçada de falsa alegria, com arpejos de piano e camadas orquestrais que elevam a emotividade da música, enquanto “Useless Tears” é um lamento politizado sobre desigualdade social, com arranjos de cordas que lembram clássicos como “Eleanor Rigby”. O álbum se encerra com “Spirit Without a Home”, uma canção tocante sobre a perda de seu tio para o Alzheimer, onde o piano melancólico intensifica a carga emocional. Com um pop nostálgico que bebe da fonte dos anos 60 e dialoga com o legado dos Beatles e Beach Boys, Till the Morning não reinventa a fórmula que o músico já havia explorado no The Lemon Twigs, mas consolida seu talento com um trabalho primoroso e profundamente sentimental.

Güner KünierYaramaz
(Flirt 99)

A artista germano-turca Güner Künier lança o álbum Yaramaz. O título, em turco, pode ser traduzido como “inútil” ou “travesso”, um termo comumente usado para descrever crianças que aprontam. Künier escolheu esse nome para seu segundo disco, usando-o como metáfora de sua própria jornada de crescimento. O registro tem como base o pós-punk e o minimal synthwave, mas também incorpora elementos de outros estilos. Há camadas densas de shoegaze, nuances de krautrock e referências ao movimento riot grrrl. Em “Cash Cash Exercise”, com um som que remete a Le Tigre e Peaches, a artista aborda as dificuldades financeiras, questões identitárias e descontentamentos com a sociedade. Já “Akşam Vakti” (que significa “Hora do Anoitecer” em turco) traz uma energia caótica, com Künier cantando sobre a coragem de romper com normas opressivas e reconquistar a autoestima. “Down Down” combina batidas aceleradas, sintetizadores pulsantes e guitarras distorcidas, enquanto a voz intensa da artista reflete um processo de autossuperação e libertação. “Sabahlar”, por sua vez, segue a linha do synthpunk, com letras em turco que falam sobre solidão e autoconfiança, explorando a tensão entre isolamento e o anseio por liberdade. Yaramaz é um material cheio de força, com uma mensagem direta e poderosa: siga seu caminho, sem deixar que nada o desvie.

Ora the MoleculeDance Therapy
(Mute)

A motivação por trás de Dance Therapy vem das experiências da norueguesa Nora Schjelderup como DJ, carreira que ganhou força especialmente após a pandemia. Inspirada pelos clássicos dos clubes dos anos 70 e pelo italo-disco, essa inspiração se transformou no sonho retro-futurista que deu vida ao projeto. Todos os sons que trazem alegria a Schjelderup – seja como DJ ou como ouvinte, sem se prender a preferências alheias – foram reinterpretados em Ora The Molecule. Embora a música do projeto se alimente da magia coletiva das pistas de dança, ela precisou mergulhar em seu mundo interior para capturar essa essência. Como em trabalhos anteriores, isolou-se em seu estúdio, uma cabana na floresta nos arredores de Oslo. Lá, processou uma série de perdas profundas, fazendo com que a “terapia” do título se tornasse algo muito real. No entanto, sob a persona de Ora The Molecule, esse processo de cura se expressou menos como confissão e mais como catarse através da fantasia. Dance Therapy tornou-se profundamente conceitual, partindo de uma premissa: se encontrássemos vida inteligente no espaço, como ela se manifestaria? Essa visão intergaláctica foi alimentada por referências diversas. Ao explorar o trabalho do pioneiro eletrônico Mort Garson – especialmente Mother Earth’s Plantasia –, Schjelderup passou a valorizar sintetizadores modulares digitais e theremin. A estrela do italo-disco Raffaella Carrà inspirou a transformação de Ora The Molecule em um personagem mais definido, separado, mas simbiótico com a própria artista. Já a música de Annie Lennox ajudou a moldar a densidade narrativa do álbum. O resultado é um disco repleto de faixas dançantes e contagiantes, que contrastam com reflexões sobre luto, mortalidade e desilusão amorosa – tudo filtrado pela jornada cósmica de Schjelderup em busca de identidade, humana ou não.

Flying LotusASH (Original Motion Picture Soundtrack)
(Sony Music)

Steven Ellison (a.k.a. Flying Lotus) lança a trilha sonora de ‘Ash’, seu visionário projeto como diretor. O filme, um thriller de ficção científica e horror estrelado por Eiza González e Aaron Paul, apresenta uma narrativa imprevisível sobre sobrevivência em um planeta alienígena. Para criar uma paisagem sonora à altura desse cenário misterioso, Ellison buscou inspiração em mestres das trilhas sintetizadas, como John Carpenter, Akira Yamaoka, Angelo Badalamenti e Vangelis. A trilha foi promove com o single “OXYGENE”, que abre o álbum com ritmos sombrios e sintetizadores hipnóticos, estabelecendo um clima ameaçador. Já “IT’S OUT THERE” mergulha em uma eletrônica envolvente e assustadora, com pulsações que elevam a tensão. O projeto ainda conta com colaborações de peso: o produtor experimental Little Snake une-se a Ellison na faixa industrial “CONFRONTED”, enquanto o produtor, compositor e designer de som Kuedo contribui com “WHAT’S WRONG PEACH?” – uma peça orquestral exuberante, com participação do violinista Miguel Atwood-Ferguson. O álbum se encerra com “OBEY”, tema vocal dos créditos finais interpretado pela cantora Niki Randa. Com 27 faixas no repertório, a trilha sonora de Ash é uma imersão em sintetizadores atmosféricos, ritmos pulsantes e texturas industriais, criando uma experiência sonora que amplia a narrativa do filme. Cada faixa transporta o ouvinte para o mundo alienígena concebido por Ellison, reforçando a fusão entre som e imagem em sua obra.

YHWH Nailgun45 Pounds
(AD 93/Many Hats)

YHWH Nailgun é um projeto inovador de rock experimental nascido em Nova Iorque, criado por quatro artistas à frente de seu tempo: Zack Borzone (voz), Saguiv Rosenstock (guitarra), Jack Tobias (sintetizadores e efeitos eletrônicos) e Sam Pickard (bateria). Sua sonoridade é uma mistura intensa de influências, que busca uma expressão musical pura, rompendo barreiras e reinventando estruturas convencionais para gerar algo pulsante e original. Seu primeiro álbum, 45 Pounds, é uma descarga sonora de 10 faixas em apenas 21 minutos, oferecendo uma experiência de cacofonia eletrizante: batidas aceleradas colidem com instrumentais distorcidos e rearranjados, enquanto os vocais crus e potentes de Zack Borzone dominam a mixagem. Destaques incluem os grooves brutais de “Castrato Raw (Fullback)” e a atmosfera densa e ameaçadora de “Iron Feet”. Ao longo do disco, o quarteto desafia os limites de uma formação tradicional, criando uma música que reflete com precisão a saturação de informação e a agitação da era contemporânea. A força desta estreia está na combinação de contrastes tonais, uma energia incansável e uma criatividade que ousa ir além.

Ben L’Oncle SoulSAD GENERATION
(Enchanté)

SAD GENERATION, do aclamado cantor francês Ben L’Oncle Soul, é uma obra-prima narrativa que mergulha em temas universais como amor, desilusão, resiliência, autoconhecimento e reflexões sociais, tudo envolto por uma tapeçaria sonora rica e sedutora. Combinando soul, jazz e R&B, o álbum consolida Ben como um contador de histórias excepcional, capaz de traduzir emoções complexas em melodias cativantes, ritmos hipnóticos e performances vocais arrebatadoras. Cada faixa é um capítulo à parte: “DØN’T WANNA FALL” retrata a oscilação entre esperança e desencanto no amor, enquanto “HARD TO DØ” explora a hesitação e as nuances das relações humanas. “EVERYTHING BØUT YA” captura o fogo da paixão, e “BY YØUR SIDE” revela-se uma promessa sincera de devoção. Já “F*CK WHAT U WANT” surge como um hino de libertação, transformando a dor de relacionamentos tóxicos em empoderamento. Em contraste, “YØUR HAND IN MINE” é uma carta de amor terna e introspectiva, dedicada por um pai à sua filha. Para além das questões pessoais, o álbum também aborda dilemas sociais e existenciais. “THE WALLS” é um chamado à consciência, confrontando as ilusões e divisões da sociedade. Em “I’M GØØD”, em colaboração com Adi Oasis, o artista critica a busca por validação na era digital, enquanto “DEVIL ON MY SHØULDER” retrata o conflito interno entre tentação e redenção. Apesar das nuances melancólicas, SAD GENERATION não se entrega ao desespero: “I GØT HOME” celebra a música como refúgio e lar, e “NEW PLACE” simboliza a paz encontrada na autoaceitação. Aqui, a tristeza não é um fim, mas uma força transformadora – um catalisador para a evolução e um espelho profundo da condição humana.