Alexandria Zahra Jones, filha de David Bowie e Iman, lança seu álbum de estreia, Xandri, sem muito alarde. Sob o nome artístico Lexi Jones, a cantora de 24 anos vem divulgando prévias das faixas há semanas em seu Instagram, mesclando trechos inéditos com registros de sua infância – até que, enfim, o álbum chegou.
O título, Xandri, tem origem grega e significa “defensora da humanidade”. Esse tema central se desdobra ao longo de toda a obra, refletindo a dualidade da experiência humana – a delicadeza que persiste mesmo no isolamento. A arte que acompanha o disco materializa visualmente esse conceito: dois rostos se separam de um mesmo crânio, representando um conflito íntimo que ecoa profundamente em quem enfrenta dilemas de identidade.
Com uma seleção de 12 faixas que somam 47 minutos, o álbum tece uma sonoridade onde o pop, o eletrônico e o indie rock se fundem – sempre com sua voz como fio condutor. “Through All the Time”, faixa que abre o disco, funciona como uma introdução emocional com paisagens sonoras etéreas que estabelecem o clima para uma imersão introspectiva. Já “Standing Alone”, com seus elementos de jazz e influências orientais, e “Moving On” mapeiam territórios íntimos, transformando dores pessoais em perguntas universais sobre pertencimento e autonomia. As letras revelam o que talvez seja o maior trunfo de Jones, a traduzir sentimentos complexos em palavras – habilidade cultivada não só na música, mas em seus anos de experimentação multidisciplinar.
Xandri surge como um manifesto contra o peso das heranças – um passo firme para além da aura de um sobrenome icônico. Longe de ser uma reedição de Bowie, o álbum revela Alexandria em pleno voo solo, desenhando rotas pessoais onde a autenticidade prevalece sobre qualquer expectativa alheia.
