7 discos para ouvir hoje: Sasami, Sevdaliza, Tears for Fears, King Hannah e mais

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Sasami, Tears for Fears, Basia Bulat, Sevdaliza, ADULT., Emily Wells e King Hannah.

SASAMISqueeze
(Domino)

Squeeze martela um sentimento de “positividade antitóxica” e mostra sua honestidade viciosa e visão brutalmente intransigente, parcialmente inspirada pelo espírito folclórico japonês yōkai chamado Nure-onna (mulher molhada), uma divindade vampírica que tem a cabeça de uma mulher e o corpo de uma cobra. No trabalho, Sasami Ashworth (a.k.a. SASAMI) examina a brutalidade do nu-metal (“Skin A Rat” e no cover de “Sorry Entertainer” de Daniel Johnston), a poluição do industrial (“Say It”), a atitude punk (“Make It Right”), a franqueza do country pop e folk rock (“Tried to Understand”) e o romantismo dramático da música clássica. É um disco de contrastes para discorrer raiva, desejos e desespero como se houvesse um encontro insólito do Nine Inch Nails, Sheryl Crow (“Call Me Home” é inspirado na artista), Megadeth (Dirk Verbeuren assume a bateria na maioria das faixas) e Liz Phair em estúdio.

Tears for FearsThe Tipping Point
(Concord Records)

Após quase duas décadas, o Tears for Fears, de Roland Orzabal e Curt Smith, retorna com o primeiro disco de estúdio. The Tipping Point vaga pelo acústico quanto eletrônico em uma série de números melancólicos pessoais e mundanos. Orzabal trata de temas como a morte da esposa após uma doença prolongada (“The Tipping Point”, “Please Be Happy”), relações abaladas (“Long, Long, Long Time” com os vocais de apoio de Carina Round), os limites entre o público e o privado (“No Small Thing”), feminismo (“Break The Man”) e ensaios da vida no mundo atual (“My Demons”). É um trabalho íntimo e poderoso para os veteranos consolidarem-se, mais uma vez, no cenário da música pop.

Basia BulatThe Garden
(Secret City Records)

Durante a pandemia, a canadense Basia Bulat revisitou os cinco registros de estúdio e reimaginou algumas das composições de cada um deles. The Garden, produzido por Bulat e Mark Lawson (Arcade Fire, Beirut), reúne quatorze canções com orquestrações de três arranjadores diferentes – Owen Pallett (“Heart of My Own”), Paul Frith (“Infamous”) e Zou Zou Robidoux (“Are You In Love?”) – revisitando o catálogo da artista e entregando uma revisão exuberante e majestosa.

SevdalizaRaving Dahlia
(Twisted Elegance)

Sevdaliza lança o EP Raving Dahlia, o sucessor do álbum Shabrang, com seis faixas que exibem as produções mais acessíveis (“High Alone”, “Everything Is Everything”) da artista. Mas, ainda assim, mantém os habituais experimentos eletrônicos (“The Great Hope Design”) ao testar trip hop, eletro house e pop rock no repertório. O trabalho conceitual – que leva a indústria do entretenimento a criticar seus maus-tratos às mulheres – e as canções transmitem uma mensagem soberana: Sevdaliza é toda mulher contra todas as expectativas. Ela aborda o conceito de identidade humana na sociedade ocidental e contesta polos opostos para refletir temas como existência, tecnologia, perigos da idolatria, exploração artística e religião.

ADULT.Becoming Undone
(Dais Records)

Depois de um quarto de século de atividade quase ininterrupta, o duo ADULT. volta com sua eletrônica distópica em Becoming Undone, o sucessor de Perception is/as/of Deception. O nono registro de Nicola Kuperus e Adam Lee Miller rejeita e reflete simultaneamente a discórdia planetária que os inspirou. São oito números que abordam os tipos de decadência, da sociedade ao envelhecimento e à morte. Iniciado na segunda metade de 2020, em um cenário de fluxo e isolamento sem precedentes, os músicos trilham com coesão uma linha tênue entre ordem e caos como um Kraftwerk anárquico organizado para o apocalipse.

Emily WellsRegards to the End
(This Is Meru)

A compositora, produtora e videomaker polímata Emily Wells explora a crise da AIDS (“Come On Kiki”, “David’s Got a Problem”, “Arnie and Bill to the Rescue”), as mudanças climáticas e experiências de vida – como uma musicista queer de uma longa linhagem de pregadores – em canções imaculadas que impelem o ouvinte a ser sintonizado, agindo como um ímã em nossa atenção. Juntamente com uma lista de colaboradores, incluindo o pai, um trompista francês e ex-pastor, ela constrói as músicas de Regards to the End a partir de camadas de vocais precisos à la Kate Bush, sintetizadores, bateria, piano, instrumentos de cordas e instrumentos de sopro.

King HannahI’m Not Sorry, I Was Just Being Me
(City Slang)

A estreia da dupla indie britânica King Hannah é como uma aventura à noite por uma estrada abandonada no deserto. Hannah Merrick e Craig Whittle fazem músicas angustiantes que habitam em algum lugar entre Mazzy Star, Galaxie 500, Yo La Tengo, Sharon Van Etten e, até mesmo, Portishead (se depender de “Foolius Caesar”). Com linhas de guitarras elétricas opressivas (“A Well-Made Woman”), percussão ameaçadora, melodias tenebrosas e melancólicas (“Ants Crawling on an Apple Stork”), texturas nebulosas de psych-blues e os vocais contundentes de Merrick – que soa um combinado de Fiona Apple, Lana Del Rey e PJ Harvey -,  a dupla concede uma obra hipnótica que se encaixaria perfeitamente num filme de David Lynch.