Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Nilüfer Yanya, MICHELLE, The Weather Station, Diplo, Stromae, Peach Pit, Band of Horses, Channel Tres e BENEE.
• Nilüfer Yanya – PAINLESS
(ATO Records)
A britânica Nilüfer Yanya se desfaz da ambiguidade temática do primeiro álbum, Miss Universe, e admite os próprios sentimentos e vulnerabilidades num trabalho coeso. É um disco que força o ouvinte a se acomodar com o desconforto que acompanha os maiores desafios da vida (“the dealer”), sejam rupturas de relacionamentos, solidão (“stabilise”) ou a busca pelo eu interior. Evocando nomes como Radiohead (“midnight sun” soa como uma parente de “Weird Fishes/Arpeggi”), Nirvana e Elliott Smith, a artista modela uma sonoridade própria pelos caminhos do rock, grunge, indie, folk e synthpop. São melodias sublimes e cruas construídas em guitarras angulares, sintetizadores discretos e drum beats rígidos sustentadas pelo vocal maleável – rouco e brando – de Yanya.
• MICHELLE – AFTER DINNER WE TALK DREAMS
(Trangressive)
No segundo registro de estúdio, o coletivo norte-americano MICHELLE traz uma combinação desprendida de R&B, soul, synthpop dos anos 80, jazz e indie para esculpir um pop acolhedor numa carta de amor – em pequenos contos – à cidade de Nova Iorque. AFTER DINNER WE TALK DREAMS revela temas como amizade (“MY FRIENDS”), romances conturbados (“MESS U MADE”), perdas (“EXPIRATION DATE”), isolamento (“NO SIGNAL”, “TAKING TO MYSELF”) e amor próprio (“POSE”). Com uma sonoridade pop groovy encantadora e refrões contagiantes (“SYNCOPATE”), o sexteto oferece um disco agradável e com caráter entusiasmado (contrapondo algumas letras tristonhas) do início ao fim.
• The Weather Station – How Is It That I Should Look At The Stars
(Fat Possum)
Um ano após o lançamento de Ignorance, o The Weather Station – projeto da cantora e compositora canadense Tamara Lindeman – retorna com How Is It That I Should Look At The Stars, um complemento do registro prévio. As canções conectam-se e são um complemento da obra anterior, ao transparecer a vulnerabilidade no coração do corpo da obra. Trazendo à memória trabalhos de Joni Mitchell, How I Should Look At The Stars é dolorosamente íntimo (“Endless Time”), cheio de respirações, acordes de piano leves, instrumentos de sopro, silêncios doloridos e detalhes em baladas sem amarras que Lindeman achava que eram muito particulares e delicadas para caber num trabalho que havia imaginado.
• Diplo – Diplo
(Higher Ground)
O atarefado Diplo, um dos nomes mais ativos da cena musical e envolvido em uma série de outros projetos paralelos (Major Lazer, LSD, Silk City), retorna com o primeiro álbum ‘solo’ desde Florida (2004). O trabalho, resultado de uma exploração de três anos da house music com a qual ele cresceu, é enriquecido na variedade de participações especiais. São nomes como Miguel (“Don’t Forget My Love”), Busta Rhymes (“Right 2 Left”), Leon Bridges (“High Rise”), Jungle (“Don’t Be Afraid”), Aluna (“Forget About Me”), entre outros que entregam uma importância extra ao conjunto da obra.
• Stromae – Multitude
(Universal Music)
Muita coisa aconteceu desde racine carrée, o último álbum de Paul Van Haver (a.k.a. Stromae), há nove anos. Ele tornou-se pai, casou-se com uma católica, lutou com uma depressão, afastou-se dos olhos do público e até considerou nunca mais fazer música. Felizmente não chegou tão longe, porque Multitude mostra-se uma lição de como você pode permanecer fiel a si mesmo como artista e ainda se aprimorar. Há uma maturidade nas músicas que se adaptam ao homem que expõe sua fragilidade em números dançantes (“Fils de joie”), políticos (“Santé”) e intimistas (“L’enfer”, onde canta em primeira pessoa e confessa ter pensamentos suicidas). Com instrumentos tradicionais de todo o mundo – o erhu chinês em “La solassitude” ou o charango em “Mauvaise journée”, por exemplo – , Van Haver nos leva à uma viagem sonora hipnotizante por sua mente musical e com capacidade de fantasiar paisagens múltiplas.
• Peach Pit – From 2 To 3
(Columbia Records)
O quarteto indie pop Peach Pit inspira-se no rock e na música folk dos anos 60 e 70, com a banda citando Paul McCartney, Neil Young, Eagles e George Harrison como as maiores influências para estampar as histórias de amor e ódio (“Vickie”), vulnerabilidade emocional (“Look Out!”), isolamento (“Up Granville”) e otimismo de From 2 To 3. No terceiro registro de estúdio, os grooves melancólicos, guitarras cristalinas e melodias floridas ganham experimentos extras – nos sons acúticos de chocalhos, gaitas e pandeiros – para construir uma atmosfera ensolarada e próspera sob o olhar zeloso do produtor Robbie Lackritz (Feist, Jack Johnson).
• Band of Horses – Things Are Great
(BMG)
Após seis anos do lançamento de Everything All The Time, o Band of Horses retorna com o sexto álbum de estúdio e seu indie folk rock singular. Musicalmente, o álbum é um resgate dos primeiros trabalhos que levaram a banda ao conhecimento do grande público. Emocionalmente intenso, tanto em um nível pessoal quanto elementar, em Things Are Great encontramos o fundador da banda, Ben Bridwell, mais autobiográfico (“Warning Signs”, “Crutch”) do que nunca, detalhando as nebulosas frustrações e mudanças de relacionamentos (“In The Hard Times”). O registro é como um retorno ao conforto de casa depois de anos distanciado de um lançamento.
• Channel Tres – refresh
(Art For Their Good)
Depois de colaborar com Tinashe (“HMU For a Good Time”), Polo & Pan (“Tunnel”) e Flight Facilities (“Lights Up”), o produtor norte-americano Sheldon Young (a.k.a. Channel Tres) lança sem aviso prévio o EP refresh, o sucessor da mixtape I Can’t Go Outside. Diferente dos trabalhos anteriores, o projeto conta com músicas totalmente instrumentais trilhadas pela produção dinâmica própria do artista que atravessa pelo hip hop, funky, house e techno com desenvoltura.
• BENEE – Lychee
(Republic Records)
A neozelandesa BENEE retorna com o primeiro projeto completo desde o álbum de estreia Hey u x. Nesse meio tempo, ela deu um passo criativo enquanto trabalhava em Auckland e Los Angeles. O turbilhão introspectivo de emoções que surgiu conectou os dois lugares na criação do Lychee. Na Califórnia, a artista trabalhou com produtores como Greg Kurstin, Kenny Beats e Rostam, finalizando os trabalhos na Nova Zelândia com o colaborador regular Josh Fountain. Como um encontro do indie dos anos 90 com o pop dos 2000 (“Make You Sick”), a garota aborda os tópicos de vulnerabilidade, romances (“Beach Boy”), TOC, ansiedade (“Doesn’t Matter”) e mais nas canções.