Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: ROSALÍA, Charli XCX, Little Boots, Mattiel, Midlake, Yumi Zouma, Babeheaven e Sacha Rudy.
• ROSALÍA – MOTOMAMI
(Columbia Records)
MOTOMAMI, o terceiro disco de estúdio de ROSALÍA, é revelador na natureza dualista que o inspirou. ‘MOTO’ remete ao lado agressivo da feminilidade, enquanto ‘MAMI’ toca em uma energia mais amorosa e conectada da artista espanhola. O trabalho transporta um pouco de tudo nas produções progressistas mansas (“HENTAI”) e selvagens (“BIZCOCHITOS”) rascunhadas pelo reggaeton (“SAOKO”, “CHICKEN TERIYAKI”), flamenco (“SAKURA”, “DIABLO” com vocais de apoio de James Blake), bachata (“LA FAMA” com The Weeknd), salsa (“DELIRIO DE GRANDEZA”, um cover do cubano Justo Betancourt com sample dos versos de Soulja Boy em “Delirious” do Vistoso Bosses) e batuques de samba (“CUUUUuuuuuute”). Há uma instigação de fazer lastimar, dançar e devanear com aventuras eróticas e romances em uma série de músicas pilotadas por um conjunto magistral de influências que se fundem em uma fantasia pop revolucionária e cultural impetuosa.
• Charli XCX – CRASH
(Atlantic)
Com CRASH, o sucessor de how i’m feeling now e o último álbum de um contrato com a Atlantic – Charli XCX decidiu fazer “um álbum de grande gravadora da maneira que realmente é feito e jogar tudo o que a vida de uma figura pop tem a oferecer”: fama, obsessão e sucessos nostálgicos. E está tudo ali. “Good Ones” tem a sonoridade ameaçadora e sintetizada de “Sweet Dreams (Are Made of This)” do Eurythmics, “New Shapes” (com Caroline Polachek e Christine and the Queens) riffs luminosos inspirados em “Jump” do Van Halen, “Beg For You” (com Rina Sawayama) é uma versão reformulada de “Cry for You” do September, “Used to Know Me” resgata “Show Me Love” de Robin S. e “Lightning” parece vir de um disco de Madonna dos anos 80. Nessa onda de influências e resgates, Charli motiva um pop ínsito nas explorações e inovações ao lado de produtores competentes como A. G. Cook e Oneohtrix Point Never (“Every Rule”), Mike Wise, Oscar Holter e Ariel Rechtshaid.
• Little Boots – Tomorrow’s Yesterdays
(On Repeat Records)
A britânica Victoria Christina Hesketh (a.k.a Little Boots) apresenta o quarto registro de estúdio, o sucessor de Working Girl e totalmente escrito e produzido por ela. Tomorrow’s Yesterdays marca um retorno às verdadeiras raízes disco pop DIY (“Heavenly”) da artista. Oferece uma deliciosa mistura de nostalgia (“Back to Mine”) e melancolia (“Crying On The Inside”, faixa criada com Carly Rae Jepsen em mente), através de vocais serenos que reluzem sobre grooves digitais (“Landline”), teclados crescentes (“Silver Balloons”) e melodias radiantes (“Want U Back”). Um material ternamente eufórico sobre o que significa voltar a si mesmo e desbravar um mundo particular durante o isolamento por conta da pandemia (“Out (Out)”).
• Mattiel – Georgia Gothic
(ATO Records)
O duo de Atlanta Mattiel, de Mattiel Brown e Jonah Swilley, retorna com o terceiro álbum de estúdio, com inspirações e adoração mútua de seu estado natal. Georgia Gothic, moldado pelo tempo que os músicos passaram junto durante a turnê dos discos anteriores, revela um senso de intimidade entre os membros como uma entidade criativa na mistura eclética enraizada no rock dos anos 60 com um toque sulista (“On The Run”), aventuras por terrenos do folk (“Blood in the Yolk”), blues (“Wheels Fall Off”) e indie refinado (“Jeff Goldblum”, sobre o sonho de encontrar com um rapaz parecido com o ator que cruza o caminho de Brown num banheiro).
• Midlake – For the Sake of Bethel Woods
(ATO Records / Bella Union)
Perda e esperança, isolamento e comunhão, a cessação e renovação do propósito ecoam ao longo do quinto álbum da banda folk rock Midlake, o primeiro desde Antiphon (2013). For the Sake of Bethel Woods foi parcialmente realizado por um sonho que o tecladista Jesse Chandler teve, no qual seu falecido pai o incentivou a reformar a banda. Reunindo-se com foco intenso após um hiato de quase dez anos, o resultado é um trabalho com tremendo alcance temático e sonoro (“Meanwhile…”, “Bethel Woods”), com um sombra de trabalhos de Neil Young e Josh Rouse, produzido com perfeição por John Congleton (St. Vincent, Sharon Van Etten) que proporciona reformulações sob medida no som do grupo, mas não tão radicais ao ponto de apagar sua identidade.
• Yumi Zouma – Present Tense
(Polyvynil Records)
Gravado em sessões ao redor do mundo, Present Tense foi construído em Nova York, Los Angeles, Florença, Wellington e Londres, com cada um dos quatro membros do grupo residindo em uma área diferente do globo por conta da pandemia. A sonoridade do Yumi Zouma apoia na distância entre seus colaboradores e combina uma ampla gama de instrumentos para desenvolver ricas melodias pop com saxofones, pianos, sopros e cordas (“Razorblade”) combinadas a guitarra, bateria, sintetizadores e baixo. Entre baladas serenas (“Where The Light Used To Lay”) e números expansivos (“In The Eyes of Our Love”, “Mona Lisa”), o quarteto garante um som único e amplo para iluminar a melancolia (“Give It Hell”) de um período incerto e aceitar a realidade.
• Babeheaven – Sink Into Me
(Babeheaven)
Após dois anos da estreia Home For Now, o Babeheaven – de Nancy Andersen e James Travis – retorna reciclado ao incorporar elementos de R&B, hip hop (“Make Me Wanna” com o rapper Navy Blue), jazz e eletropop para flertar com bedroom pop e trip hop que o catapultou, proporcionando um mergulho eclético e agradável em composições sobre desilusão (“Open Your Eyes”), perda (“Erase”) e desejos humanos básicos – como conforto e conexão. São sintetizadores envolventes (“Holding On”) carregados por linhas de baixos, acordes de guitarra e o vocal charmoso de Andersen que mantém o método harmonioso do grupo inatingido.
• Sacha Rudy – SOMEWHERE
(MITS Records)
Sacha Rudy é um cantor, compositor e multi-instrumentista vindo de Paris. Ao longo dos anos, vem aprimorando seus talentos e dominando o ouvido absoluto, ao mesmo tempo em que manifesta e expressa seu próprio universo musical. Sua produção e híbrido vocal oscilam em direção a um sentimento elétrico frio e melancólico com um leve toque de calor acústico no som que tem sido descrito como uma reminiscência de artistas como James Blake, Frank Ocean e Radiohead. SOMEWHERE é um trabalho synthpop e chill que explora memórias (“405”), felicidades do passado, amores doentios (“Uniforms” com Camille Jansen) e libertação (“Breathe”), enquanto o artista encontrava-se isolado por causa do Covid.