Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Weyes Blood, BROCKHAMPTON, Röyksopp, Honey Dijon, Fousheé, isomonstrosity e Blossom Club.
• Weyes Blood – And In The Darkness, Hearts Aglow
(Sub Pop)
Weyes Blood lança And in the Darkness, Hearts Aglow, o segundo álbum de uma trilogia iniciada com Titanic Rising. Enquanto o anterior foi uma observação da desgraça por vir, And in the Darkness, Hearts Aglow é sobre estar no meio do conflito: a análise por uma fuga para se libertar dos algoritmos, do caos ideológico e do isolamento. Na escuridão, o disco influenciado pelo folk rock dos anos 1960 e 70 e o chamber pop, abre com a melancólica e cativante “It’s Not Just Me, It’s Everybody”, uma música sobre a interconectividade de todos os seres, apesar do desgaste da sociedade ao redor. Outras faixas seguem o modelo. A canção de ninar “Grapevine” narra a desintegração de uma conexão entre amantes. O canto fúnebre sobrenatural “God Transform Me into a Flower” serve como alegoria sobre a arrogância coletiva embalada por sintetizadores new age de Daniel Lopatin (a.k.a. Oneohtrix Point Never), sons de violino elétrico de Charlie Bisharat e samples de pássaros. E “The Worst Is Done” é um recado temível e pessimista, sobre a tentativa de restabelecer a normalidade, contra uma melodia pop em arranjos belíssimos no estilo The Carpenters. Mesmo destoando angústia existencial com instrumentações gloriosas, And in the Darkness, Hearts Aglow não é um manifesto ou uma solução, mas um arremesso de luz sobre a nossa desilusão contemporânea.
• BROCKHAMPTON – The Family
(RCA Records)
The Family é um álbum conceitual sobre a separação e o fim das atividades da boyband de hip hop BROCKHAMPTON. As faixas, lideradas quase inteiramente por Kevin Abstract e com um apanhado de samples de soul, traçam a origem do coletivo (“Take It Back”), homenageia inspirações e entes queridos (“RZA”), discute frustrações (“Gold Teeth”), confronta egos inflados (“All That”, “The Ending”), fãs invasivos (“Basement”) e a ascensão à fama – dos relacionamentos entre si e os problemas pessoais, especificamente a luta com o álcool (“Brockhampton”). “O grupo acabou sem estar em um álbum (…) a gravadora precisava de 35 minutos de música”, canta Abstract em “Big Pussy”, manifestando o sumiço da maior parte do grupo no projeto. A ausência dos integrantes levou o artista a publicar uma declaração após o lançamento do registro:
“Nos últimos anos, os membros da banda começaram a seguir caminhos separados e se concentrar nas carreiras e paixões individuais. Com este projeto, alguns de nós foram inspirados a fazer algo que encerrasse o passado e preparasse a mesa para que todos nós finalmente pudéssemos explorar nosso futuro individual”.
No mesmo dia que o BROCKHAMPTON planejou a despedida com The Family, um presente de última hora estava a caminho: o álbum TM. Os fãs fizeram comparações com a mesma jogada de Frank Ocean, que lançou Endless e Blonde consecutivamente em 2016, a fim de encerrar as obrigações contratuais com a gravadora.
• BROCKHAMPTON – TM
(RCA Records)
Embora seja o material final em que BROCKHAMPTON trabalhou, The Family provou não ser o desfecho. Predominantemente um trabalho solo de Kevin Abstract produzido por Bearface e boylife, o lançamento foi seguido pelo projeto surpresa TM (uma abreviação de ‘Tomorrow Morning’). Descrito como um “presente de despedida para os fãs”, o álbum é constituído a partir de canções que o grupo começou durante um período de duas semanas em Ojai, Califórnia, em 2021, que ficaram inacabadas até que o membro do grupo Matt Champion assumiu o papel de produtor executivo e concluiu o projeto. O resultado é um material versátil que flerta com uma série de gêneros como trap (“F.M.G”, “NEW SHOES”), pop rap (“ANIMAL”), R&B (“CRUCIFY ME”) e lo-fi house (“GOODBYE”). Diferente de The Family, TM é o verdadeiro epílogo. É onde todos membros trazem as habilidades e argumentam o necessário: os sentimentos sobre a banda e o término.
• Röyksopp – Profound Mysteries III
(Dog Triumph)
Com Profound Mysteries III, o sucessor de Profound Mysteries I e Profound Mysteries II, a dupla norueguesa de eletropop Röyksopp entrega o terceiro e último álbum da ambiciosa série. No ato final, Svein Berge e Torbjørn Brundtland abordam as coisas com um olhar mais ambicioso e fascinante com vestígios dos anos 1980 e início dos 90, italo disco (“Me&Youphoria”), funky house (“Feel It”), soul pop (“Just Wanted to Know”), instrumentais puros e etéreos (“Just Wanted to Know”, “Lights Out”), paisagens eletrônicas cinematográficas (“So Ambigious”) e épicas (nos dez minutos de “Speed King”). Com um caráter melancólico, Profound Mysteries III reúne alguns dos artistas musicais mais talentosos do mundo, como: Alison Goldfrapp (“The Night” com ares de Kraftwerk), Pixx (“Like An Old Dog”), Jamie Irrepressible (“The Next Day”), Susanne Sundfør, Astrid S (“Just Wanted to Know”), entre outros. Ao mesmo tempo em que criam um som próprio, os integrantes conseguem brincar e experimentar em diversas direções.
• Honey Dijon – Black Girl Magic
(Classic Music Company)
Black Girl Magic é o aguardado segundo álbum, o sucessor de The Best of Both Worlds, da notável DJ e produtora Honey Dijon, lenda do house e colaboradora de Beyoncé em RENAISSANCE. Uma artista em todos os sentidos da palavra, o registro apresenta 15 faixas de atitude, energia, coração e comunidade. Honey demonstra uma ampla gama de disciplina e influência vinda de convidados, como: Channel Tres (na house hip hop “Show Me Some Love”), Eve (na nostálgica “In The Club”), Pabllo Vittar e Urias (na italo house “Everybody”), Josh Caffe (“La Femme Fantastique”), Mike Dunn (“Work”, “C’s Up”), Dope Earth Alien (na sedutora “It’s Quiet Now”) e outros. Black Girl Magic é um registro impecável que ultrapassa os limites do protagonismo, celebra a história da música queer preta e transforma a pista de dança em um ambiente de resistência.
• Fousheé – softCORE
(RCA Records)
A criativa cantora, compositora e multi-instrumentista Fousheé, conhecida por parcerias com Steve Lacy (“Sunshine”), King Princess (“Little Brother”) ou o hit do TikTok “deep end”, traz um olhar caótico próprio no álbum softCORE. Explora elementos de punk rock (“simmer down”), hyperpop (“supernova”), industrial (“bored”) e R&B alternativo (“let u back in”) em meio de sons suaves interrompidos (“i’m fine”) por guitarras explosivas, batidas descontroladas e gritos viscerais – ou o contrário (“stupid bitch”). Abordando assuntos como patriarcado, identidade racial, identidade pessoal e políticas sexuais, a garota encontra o desequilíbrio e a frustração que ocorrem quando duas pessoas experimentam diferentes frequências do amor. Um disco punk no sentido mais aguçado da palavra.
• isomonstrosity – isomonstrosity
(Brassland Projects)
isomonstrosity é uma sinfonia rap e avant pop pandêmica elaborada por três colaboradores: Ellen Reid, Johan Lenox e Yuga Cohler. O trabalho foi inspirada em parte pelo clima e pelas imposições do isolamento por conta da pandemia. O objetivo era fazer um álbum de música de câmara vocal usando o mesmo processo de um álbum de rap contemporâneo, reunindo contribuições diversos artistas e reorganizando-os em um trabalho final. Primeiro encomendaram trechos de novos compositores musicais estabelecidos – como Bryce Dessner (do The National), Marcos Balter, Nina C Young, entre outros – que foram gravados pelo International Contemporary Ensemble. Em seguida, os cantores gravaram trechos inspirados nessas gravações. Finalmente, todas as músicas foram editadas e reestruturadas em um álbum que atua como trilha sonora do que vem depois do confinamento. O trabalho conta com contribuições vocais de Danny Brown (“careful what you wish for”), Kacy Hill (“i used to”), Empress Of (“take me back”), Danny L Harle (“i hope she is sleeping well”), Zacari (“watch it burn”), entre outros.
• Blossom Club – VIRTUALITY
(Blossom Club)
No EP de estreia, o duo francês Blossom Club explora a relação entre a vida real e a fantasia. Um pop introspectivo movido a sintetizadores analógicos, batidas dançantes, baixos groove e vocais sensuais para esquecer das perturbações. Influenciados pela paixão comum pelo disco pop, R&B dos anos 1980, rock psicodélico e synthpop, a dupla nos encaminha à uma jornada cósmica (“Miracle”) em um convite para dançar (“Being With You”) e refletir um universo paralelo (“Without you”) numa luta constante que travamos contra e com nós diante dos medos (“Motive”).
