Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Young Fathers, RAYE, The Go! Team, The WAEVE, SYML, The Men e Rose Gray.
• Young Fathers – Heavy Heavy
(Ninja Tune)
O Young Fathers – de Alloysious Massaquoi, Kayus Bankole e ‘G’ Hastings – retorna com o quarto álbum de estúdio e mais uma vez reinventando-se. Escrito e gravado ao longo de três anos, o tempo mais longo de um disco do grupo, Heavy Heavy é um tour de force do trio de Edimburgo. A combinação e experimentação de estilos – com pés fincados no art-pop, hip hop, R&B, soul, rock, jazz, trip hop, punk e na música da África Ocidental (“Ululation” é toda no idioma Yoruba e harmonias espirituais de “Rice”) – servem de apoio para hinos cinematográficos e trêmulos ancorados nas lutas do dia a dia. Heavy Heavy explora sentimentos de inquietação, a jornada de realização de mentes atormentadas (“Tell Somebody”), a turbulência ambiental e econômica (“Sink or Swim”, “Geronimo”), luta política (“I Saw”, em que atacam as forças por trás do Brexit) e as dificuldades que a vida lança sobre todos. Um álbum descaradamente comovente, tenso e direto, onde testemunha-se grandes mudanças ao desafiar verdadeiros demônios.
• RAYE – My 21st Century Blues
(Human Re Sources)
Depois de quase uma década com uma carreira tumultuada comandada pela gravadora Polydor Records, a cantora RAYE deixou o selo para fazer o disco de estreia como artista independente, como declara na faixa “Fin.”. Mesclando house (“Black Mascara.”), blues (“Mary Jane.”), trip hop (“Escapism.” com 070 Shake), soul (“The Thrill is Gone.”), dancehall (“Flip a Switch.”) e uma imensidão de estilos com uma sensibilidade pop contemporânea, a artista transparece confiança ao expor os podres da indústria da música (“Hard Out Here.”), honestidade ao tratar sem medo o abuso sexual (“Ice Cream Man.”), a batalha com distúrbios alimentares (“Body Dysmorphia.”), desgosto e discriminação. My 21st Century Blues coloca RAYE novamente no mapa depois de anos em produção e apresenta uma mulher corajosa e decidida como a indústria da música deveria enfrentar (para se arrepender) com mais frequência.
• The Go! Team – Get Up Sequences Part Two
(Memphis Industries)
Ao longo de seus seis álbuns, o The Go! Team proporcionou viagens sonoras para outras mundos – mergulhando musicalmente em outras culturas. Em Get Up Sequences Part Two, eles compraram uma passagem pelo mundo passando por Benin, Japão, França, Índia, Texas e Detroit – convidando quem parasse ao longo do caminho. Vozes extremamente diferentes de culturas totalmente diversas lado a lado, mas todas ainda soando inconfundivelmente adequadas para a explosão sonora indie pop tecnicolor do sucessor de Get Up Sequences Part One. Na lista de colaboradores aparecem o grupo da África Ocidental Star Féminine Band (“Look Away, Look Away”, “The Me Frequency”), a cantora indiana de Bollywood Neha Hatwar, Kokubo Chisato da banda indie de J-Pop Lucie Too, a rapper IndigoYaj (“Divebomb”), Hilarie Bratset (ex-Apples in Stereo), a rapper do Brooklyn Nitty Scott (“Whammy-O”) e outros.
• The WAEVE – The WAEVE
(Transgressive Records)
O duo The WAEVE, projeto de art rock de Graham Coxon (guitarrista do Blur) e Rose Elinor Dougall (ex-The Pipettes), lança o epônimo disco. Coproduzido com James Ford (Arctic Monkeys, Florence and The Machine), a união de forças criativas no projeto deu à dupla a oportunidade de ultrapassar as zonas de conforto instrumental. Muitas faixas apresentam Coxon no saxofone, um dos primeiros instrumentos que tocou quando jovem nos anos 80. “Can I Call You” começa como uma balada e depois transforma-se em um número motorik no estilo krautrock com um amplo solo de guitarra. “All Along” apresenta o músico na cítara, em uma espécie de alaúde folclórico medieval. Rose toca piano e um sintetizador modular ARP 2000. O clima pesado em todo o registro lembra o folk rock tempestuoso de Sandy Denny ou John & Beverley Martyn, enquanto faixas como “Kill Me Again” e “Over and Over” – ambas trilhadas por romance conturbados na letra – lembram o rock dos anos 70 de Kevin Ayers ou Van der Graaf Generator, quase industriais em alguns lugares.
• SYML – The Day My Father Died
(Nettwerk Music Group)
Nas quinze faixas de The Day My Father Died, SYML – o projeto solo do cantor, compositor e produtor Brian Fennell (da banda indie Barcelona) – revela uma história de conexão interpessoal e parentesco escolhido após a morte do pai adotivo em 2021. Mais um documento de crescimento e cura do que de perda, o registro retrata a jornada do artista para descobrir como seguir em frente depois uma mudança fundamental e intratável em sua vida em cada uma das composições pop delicadas. Gravado e produzido na cidade natal de Fennell com Phil Ek (Father John Misty, Fleet Foxes), o trabalho é abrilhantado pelas contribuições do Lucius (“Howling”), Guy Garvey (“Lost Myself”), Sara Watkins (“Better Part of Me”) e Charlotte Lawrence (“You and I”).
• The Men – New York City
(Fuzz Club Records)
O The Men lança o nono álbum de estúdio e marca um retorno ao estilo mais obsceno e rock abrasivo esganado ao longo de sua década e meia passada percorrendo o lado sujo de Nova Iorque. Aqui, o protopunk encontra um sabor de rock ‘n’ roll atemporal para refletir as dificuldades da vida (“Hard Livin’”) e transmitir uma indignação com perspectiva eletrizante. O fato de o álbum se inclinar para um som mais remoto, de volta ao básico e seu passado noise rock e punk de garagem, deve-se em grande parte à maneira como foi forjado, uma versão anterior do disco descartada em favor de quatro pessoas tocando juntas em estúdio. New York City é um disco barulhento e explosivo que não para de se mover por um segundo, cheio do tipo de energia que você só pode realmente capturar em um show ao vivo.
• Rose Gray – Higher Than The Sun
(PIAS)
A artista de dance pop Rose Gray lança o EP Higher Than The Sun, uma coleção de quatro canções pulsadas pela essência rave, disco e techno. Da sonoridade dos anos 90 de “Ecstasy” para canalizar a mais pura felicidade, a influência incontestável de Donna Summer em “Promise Me” em que canta sobre dar uma nova chance para alguém, New Order e Madonna em “Prettier Than You” ao se apaixonar por estranhos em aplicativos após uma desilusão amorosa ou no breakbeat tristonho “Sun Come Up” com traços de Portishead e Moby, a artista endossa o talento e traz um novo respiro ao pop em projetos futuros.