9 discos para ouvir hoje: boygenius, NOIA, Buzzy Lee, Chlöe, Tom Rasmussen e mais

Divulgação / Harrison Whitford

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: boygenius, NOIA, Buzzy Lee, The New Pornographers, Chlöe, Katie Gately, Tom Rasmussen, Melanie Martinez e PACKS.

boygeniusthe record
(Interscope/Polydor)

the record é o primeiro trabalho completo do boygenius, supergrupo formado pelas amigas e almas gêmeas Julien Baker, Phoebe Bridgers e Lucy Dacus, desde o EP de estreia de 2018. O disco é uma homenagem aos relacionamentos e mistura elementos de folk, country, pop e rock, com as três artistas recebendo créditos como compositoras e vestindo suas sonoridades distintas nas músicas. O trabalho é uma exploração das emoções comuns da geração atual, com letras intimas (“True Blue”, “Letter To An Old Poet”) e honestas (“Not Strong Enough”), permitindo que o trio crie um ambiente acolhedor para trazer à tona os sentimentos mais sombrios. O boygenius equilibra momentos de puro êxtase (“$20”) a outros mais delicados (“Emily I’m Sorry”), com cada integrante carregando sua essência, mas a combinação de suas vozes garante um resultado afinado que ultrapassa a qualidade musical de suas carreiras como artistas solo.

NOIAgisela
(Cascine)

O álbum de estreia da artista e produtora espanhola de pop experimental Gisela Fullà-Silvestre (a.k.a. NOIA) é estruturado como uma fantasia e cantado em diversos idiomas – espanhol, catalão, português, inglês – e sons tradicionais de sua infância para processar transformações individuais vivendo entre Nova Iorque e Barcelona nos últimos anos. Em “anoche (intro)”, que combina uma canção tradicional com gravações de tráfego noturno no Brooklyn, seguida por uma série de vinhetas e emoções. “didn’t know”, parceria com Ela Minus, aborda as desventuras amorosas de Gisela, enquanto “reveal yourself” trata sobre a magia do romance em tempos de pandemia. Já “eclipse de amor”, com o Buscabulla, é um dueto de bolero romântico que termina tragicamente. O disco também explora temas como a cultura capitalista, companheirismo, amizade, otimismo e o coração partido dos imigrantes. A última faixa, “estranha forma de vida”, mostra a artista lidando com o diagnóstico de câncer de seus pais na Espanha. A música é apenas voz e violão, sem reverb ou efeito, e o álbum termina com Gisela exposta, mas triunfante.

Buzzy LeeInternal Affairs
(Future Classic)

Em muitos aspectos, Internal Affairs, o segundo álbum completo de Buzzy Lee, projeto musical liderado por Sasha Spielberg – filha do cineasta Steven Spielberg -, é uma continuação de Spoiled Love. Aqui, Sasha busca alicerces em meio a um período de incertezas. É um registro etéreo, onírico e reflexivo sobre uma separação, mais robusto e menos frágil que o anterior, que amarra todas as pontas soltas do amor romântico que se desfez (“Internal Affairs”). É um pop retrô e sonhador que confronta as dores do passado e prepara terreno para voltar à vida com o coração aberto, visualizando novas possibilidades românticas (“Cinderblock”) e desilusões (“When Can I”).

The New PornographersContinue as a Guest
(Merge Records)

A banda canadense The New Pornographers provou ser uma das melhores no indie rock e power pop, sempre oferecendo surpresas sonoras a cada lançamento. Continue as a Guest, o nono álbum de estúdio e o primeiro lançado pelo selo Merge Records, foi gravado pelo líder da banda em sua casa em Nova Iorque durante o período de isolamento social (“Pontius Pilate’s Home Movies”). O álbum evoca a solidão e o vazio da vida cotidiana, mas também a aceitação e o conforto que podem ser encontrados na desconexão. E embora os temas de insegurança, mau julgamento e noites difíceis gastas online possam estar pesando na mente de Carl Newman, a resposta de sua banda não é se entregar à tentação de se lamentar, mas sim oferecer uma explosão sonora aos sentidos em preparação para um novo dia (“Wish Automatic Suite”).

ChlöeIn Pieces
(Parkwood Entertainment/Columbia Records)

Chloe Bailey, ou simplesmente Chlöe, lança o primeiro registro solo fora do duo Chloe x Halle, projeto com a irmã (e ‘Pequena Sereia’) Halle Bailey. O trabalho de 14 faixas combina elementos de jazz (com o sample de “Chloe (Song of the Swamp)”, de Louis Armstrong, na faixa de abertura), blues, gospel, pop infiltrado no R&B dos anos 90 e até leveza do country. As composições sobre autoempoderamento na sombra de vulnerabilidades românticas, de amores do passado (“In Pieces”) ou atração por homens infiéis (“Body Do”), ganham brilho no vocal grandioso e sentimental da artista que tem uma potência capaz de mover montanhas. O disco conta com participações especiais de Missy Eliott (na carismática “Told Ya” com sample de Mr. Magic), Future (“Cheatback”) e o problemático Chris Brown (“How Does It Feel”, uma versão reformulada de “Throwback” de Usher). Um desperdício singles como “Mercy”, “Treat Me” e “Surprise” serem descartados do repertório do disco.

Katie GatelyFawn / Brute
(Houndstooth)

A artista e produtora experimental Katie Gately lança o terceiro álbum de estúdio, Fawn / Brute, uma exploração das complexidades de trazer uma nova vida ao mundo e dedica a obra para a filha Quinn. Neste registro, ela especula a energia da infância, passando da efervescência dos primeiros anos para a turbulência e desafios da angústia da adolescência. As primeiras faixas são mais inocentes e animadas num avant pop desregrado, enquanto as últimas são mais obscuras e experimentais, inspiradas no punk britânico dos anos 80. Gately utiliza uma variedade de técnicas de gravação, incluindo o uso de bibliotecas de som de desenhos animados e a incorporação de sons gravados, como caixas de sapato e theremins. O trabalho marca uma mudança temática e reveladora em relação ao anterior, Loom, que era influenciado pela morte da mãe.

Tom RasmussenBody Building
(Globe Town Records)

O álbum de estreia de Tom Rasmussen é uma coleção de 14 faixas que transitam entre o pop eletrônico, ambient e EDM com influência dos anos 90. Embora faixas como “Dysphoria” e “Look At Me” pareçam, à primeira vista, bangers de pop house eufórico, basta remover a camada superficial para descobrir um tema que percorre todo o disco: as lutas diárias das pessoas não conformes com a binariedade de gênero. Com Body Building, Rasmussen desafia as concepções sociais das pessoas que existem fora da binariedade, destacando questões sempre presentes e celebrando a diversidade, beleza e poder de sua comunidade. O álbum apresenta letras pessoais e momentos dançantes, além de participações especiais como Travis Alabanza na faixa “Stomp”.

Melanie MartinezPORTALS
(Atlantic Records)

Melanie Martinez é uma cantora, compositora e produtora conhecida pela abordagem sinistra, acerada e emotiva. Em PORTALS, ela afasta-se do som pop alternativo dos trabalhos anteriores e explora o macrocosmo do pop rock. O álbum é fundamentado em livros de terapia de vidas passadas que a garota vem lendo há alguns anos, mas mascarado com temas terrenos e mais sombrios, como: saúde mental e existência (“VOID”), otimismo romântico (“LIGHT SHOWER”), relacionamentos tóxicos (“EVIL”) e julgamentos (“BATTLE OF THE LARYNX”). PORTALS apresenta uma nova personagem, uma criatura fantástica de quatro olhos com pele rosada que está presa entre a Terra e a vida após a morte, em um ambiente etéreo e assustador – e até pitoresco nesta esfera (“NYMPHOLOGY”). É um trabalho maduro e criativo que revela uma artista audaz e estruturada a se metamorfosear com conceitos instigantes.

PACKSCrispy Crunchy Nothing
(Fire Talk)

O álbum Crispy Crunchy Nothing do PACKS explora a tensão entre independência e isolamento, combinando o rock alternativo turvo do álbum de estreia, Take the Cake, com um toque mais folk. Influenciado por artistas contemporâneos como Renee Reed e Angel Olsen, bem como por músicas de Hank Locklin e Hank Williams que a vocalista Madeline ouviu durante o isolamento, o disco aborda temas como burnout, empregos frustrantes, sonhos estressantes e corações partidos. Embora seja repleto de conflitos, Madeline encontra esperança em músicas como “Laughing Till I Cry” e “Always Be a Kid”. Crispy Crunchy Nothing é uma jornada para encontrar companhia, mas também acertar contas consigo mesma.