9 discos para ouvir hoje: KAYTRAMINÉ, Kesha, Hannah Jadagu, bar italia, Sir Chloe e mais

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Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: KAYTRAMINÉ, Hannah Jadagu, Sir Chloe, bar italia, Mandy, Indiana, Kesha, Temps, Alex Lahey e Dan Croll.

KAYTRAMINÉKAYTRAMINÉ
(Venice Music)

KAYTRANADA e Aminé lançam o álbum colaborativo de estreia do KAYTRAMINÉ, uma trilha sonora modesta para o verão. É um casamento despretensioso das batidas saltitantes, influenciadas pelo house do produtor, com os versos fluídos e suaves do rapper, repletos de referências à cultura pop e metáforas. A faixa de abertura, “Who He Iz”, com sua batida confiante com uma referência ao grime, dá início aos trabalhos com determinação. O veterano do rap Freddie Gibbs, colabora em “letstalkaboutit” com versos sobre joias e confiança. “Rebuke” carrega uma atmosfera agradável de R&B, com o sample de “Tudo Que Você Podia Ser” de Lô Borges. Em “4EVA”, com Pharrell Williams, o ritmo dançante desliza suavemente com uma mistura apurada de elementos eletrônicos e hip hop. KAYTRANADA oferece batidas tão consistentes e variadas quanto os versos de seu companheiro. O resultado é um projeto embuchado de ritmos, uma infinidade de influências e sons diversos, além de rimas habilidosas de Aminé e os convidados recrutados – como Big Sean (“Master P”), Amaarae (“Sossaup”) e Snoop Dogg (“EYE”) – para o disco.

Hannah JadaguAperture
(Sub Pop)

Hannah Jadagu gravou seu EP de estreia, intitulado What Is Going On? (2021), em um iPhone 7, sendo influenciada por artistas como Clairo e beabadoobee. As músicas abordam as experiências de uma mulher negra nos EUA, frustrações e o amadurecimento em um ambiente cristão, temas que também estão presentes em seu primeiro álbum de estúdio (“Explanation” questiona a criação cristã), semelhante a um diário. Em Aperture, a cantora expande sua sonoridade DIY para uma produção abrangente com Max Robert Baby. As músicas incorporam influências de bedroom pop (“Admit It”), jazz e hip hop (“Six Months”), rock dos anos 90 (“What You Did”) e indie pop (“Lose”), combinando sintetizadores analógicos e instrumentos acústicos com guitarras distorcidas e programação digital. Jadagu não se prende em nenhum estilo específico, mas mantém sua personalidade artística sutil e entrega um trabalho de estreia fascinante.

Sir ChloeI Am The Dog
(Atlantic)

I Am The Dog é o álbum de estreia da banda Sir Chloe, criada pela vocalista, compositora e guitarrista Dana Foote. O trabalho busca compreender a desordem tanto na vida cotidiana quanto no mundo natural, explorando temas como controle e caos. Ancorado pela voz sensual e dinâmica de Foote, o álbum transita entre a expressão e o ocultamento, com letras francas e descontraídas, embaladas por linhas de guitarra grunge reverberantes e uma instrumentação enérgica. As narrativas das músicas são ao mesmo tempo sinceras (“Hooves”) e obscuras (“Salivate”), com tons reminiscentes de um estilo riot grrrl ao encapsular a emocionante natureza paradoxal de Sir Chloe. A produção é de John Congleton (St. Vincent, Angel Olsen), com contribuições de composição de Teddy Geiger (Caroline Polachek, Sylvan Esso) e Sarah Tudzin (Weyes Blood, Slowdive).

bar italiaTracey Denim
(Matador Records)

A banda londrina bar italia lança o terceiro álbum completo, intitulado Tracey Denim, e sua estreia na gravadora Matador Records. O trabalho, mixado por Marta Salogni (Depeche Mode, black midi), apresenta uma combinação de influências que vão do post-punk ao slowcore e britpop, com ganchos melódicos cativantes e faixas que raramente passam dos três minutos. O registro mantém uma consistência sonora e uma simplicidade envolvente, com melodias de guitarra e interação vocal marcantes (“nurse!”), resgatando elementos familiares com atitude singular. Destacam-se faixas como “F.O.B” e “punkt”, que retratam o fim de um relacionamento, “my kiss era” e “Missus Morality”, que exploram temas como solidão e identidade, e “changer” que trata uma série de insatisfações e arrependimentos. Tracey Denim é um clássico underground instantâneo.

Mandy, Indianai’ve seen a way
(Fire Talk)

O álbum de estreia do quarteto Mandy, Indiana é uma experiência sinistra, porém cativante, que combina experimentos percussivos expansivos com sintetizadores industriais, texturas agitadas e samples atmosféricos. Tudo isso é complementado pelo vocal mutante e em francês de Valentine Caulfield, que atravessa gêneros musicais de forma intrigante – como na combinação de house e punk “The Driving Rain (18)” ou na agonizante “Iron Maiden” – com um senso de mistério estrambólico (“2 Stripe”). Em “Pinking Shears”, Caulfield expressa a exaustão de viver em um mundo governado por racistas ricos, enquanto “Peach Fuzz” é um chamado para os oprimidos. As gravações foram realizadas em uma caverna no West Country, criptas góticas e um shopping center em Bristol, resultando em uma mistura de sensações macabras e hipnóticas. É como se o Nine Inch Nails, Daft Punk, Aphex Twin e Massive Attack estivessem perdidos em uma sala escura criando música.

KeshaGag Order
(Kemosabe Records)

Gag Order marca o fim de uma era. O encerramento do contrato de Kesha com o selo Kemosabe Records, de propriedade do produtor Dr. Luke, com quem a artista está envolvida em uma batalha judicial. O álbum reflete uma atmosfera inusitada e subversiva, em grande parte devido ao trabalho da artista em expor sua raiva e trauma decorrentes de anos de abuso e do processo legal contra o ex-produtor (“Fine Line”).  Gag Order é verdadeiramente psicodélico, com texturas eletrônicas enigmáticas (a faixa “The Drama” tem sample de “I Wanna Be Sedated” dos Ramones e evoca as estruturas vocais da era Fetch the Bolt Cutters de Fiona Apple), sob a precisa orientação do lendário produtor Rick Rubin (Beastie Boys, Kanye West). As canções expressam a frustração e dor da artista, transmitindo um sentimento de desespero. Embora haja momentos de redenção, como a balada “All I Need Is You” ou o revigorante do hino pop gospel “Only Love Can Save Us Now”, a maior parte do álbum mantém uma atmosfera aterrorizante (“Eat the Acid”). Gag Order é o material mais ambicioso e honesto da artista, refletindo o som de um ser humano atormentado e pronto para seguir um novo caminho (“Happy”).

TempsPARTY GATOR PURGATORY
(Bella Union)

O Temps, um coletivo musical internacional composto por artistas de diversos gêneros musicais e liderado por um crocodilo de desenho animado (ou melhor, o comediante e músico britânico James Acaster), teve seu início quando o bloqueio do COVID interrompeu os planos do ator de fazer um falso documentário sobre a própria vida. Em PARTY GATOR PURGATORY, ele se imagina como uma versão minimalista da banda virtual Gorillaz. As letras abordam temas como saúde mental e vulnerabilidade, proporcionando momentos impressionantes entre os músicos. Com dez faixas no repertório, o disco combina elementos do rap (“lookaliveandplaydead”), funk (“partygatorresurrection”), hip hop (“partygatorR.I.P”), rock (“slowreturn”), jazz (“partygatorpurgatory”) e psicodelia (“bleedthemtoxins”). PARTY GATOR PURGATORY mescla uma série de ideias, convidados e climas que se ajustam para criar um mundo único e escapista, com a colaboração notável de nomes como NNAMDÏ, Quelle Chris, Xenia Rubinos, Montaigne, Shamir, entre outros.

Alex LaheyThe Answer Is Always Yes
(Liberation Records)

Como uma pessoa queer e filha de migrantes, a cantora e compositora australiana Alex Lahey aprendeu a se adaptar a um mundo que não foi feito para ela. Enquanto seus dois primeiros álbuns eram centrados no amor e relacionamentos, The Answer Is Always Yes foca na sensação de ser diferente e nos sentimentos de incompreensão, sempre encontrando a absurdidade e diversão na vida. A artista canta experiências, observações e histórias da vida real, embaladas por melodias cativantes que transitam pelo post-punk (“They Wouldn’t Let Me In”), pop (“Make Me Sick”) e rock dos anos 90 (“Congratulations”), com influências evidentes de Liz Phair, Sheryl Crow e Paramore.

Dan CrollFools
(Communion Group)

Fools, o quarto álbum do britânico Dan Croll, segue o sucesso de Grand Plan lançado em 2020, que capturou suas primeiras experiências vivendo em Los Angeles e trocou seu synthpop por um folk rock com inspiração de Laurel Canyon. O novo trabalho avança no tempo, abordando desde a época da COVID até o fim de um intenso relacionamento de três anos (“Talk To You”), passando por vulnerabilidades (“Second Guess”) e a morte da avó (“Sunshine”). Sonoramente, o trabalho expande suas influências, incorporando elementos de country, disco e psicodelia, mantendo uma sensibilidade melancólica. Embora uma morte, uma pandemia e um rompimento possam sugerir um álbum sombrio, Croll opta por trilhar um caminho diferente, encontrando beleza onde pode e rindo de sua própria desfortuna (“Slip Away”).