6 discos para ouvir hoje: Joanna Sternberg, Grian Chatten, Angelo De Augustine, bdrmm e mais

Joanna Sternberg / Michael Leviton

Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: Joanna Sternberg, Grian Chatten, Angelo De Augustine, The Japanese House, bdrmm e Tainy.

Joanna SternbergI’ve Got Me
(Fat Possum Records)

O segundo álbum de Joanna Sternberg, gravado com o veterano produtor e guitarrista de indie rock Matt Sweeney, é uma coleção bem elaborado e comovente de pop baseado em piano, com toques de folk. O som é predominantemente simples, permitindo que os vocais comoventes – que trazem à memória Joanna Newsom – e suas letras honestas e universais sobre desgosto, ansiedade, insegurança e esperança brilhem. A balada de piano “Drifting on a Cloud” expressa a euforia passageira de receber uma receita de antidepressivo pela primeira vez, enquanto “Stockholm Syndrome” retrata o colapso lento de um relacionamento amoroso condenado ao fracasso, “The Song” é uma dedicatória e um antigo amigo, e a faixa-título abraça com orgulho as próprias falhas e imperfeições como parte da identidade. Sternberg é mestre em músicas tristes e emotivas, com letras reconfortantes e acessíveis que transmitem uma devastadora e crua profundidade emocional, como revela nos versos “estou tão feliz por ter te conhecido / você me ajudou a ver o quanto eu me odeio” em “People Are Toys To You”.

Grian ChattenChaos For The Fly
(Partisan Records)

Chaos For The Fly marca a estreia solo de Grian Chatten, vocalista do Fontaines D.C.. As músicas poderiam ter sido tomadas, moldadas e reimaginadas com seus companheiros do grupo, mas o músico decidiu tratá-las de maneira diferente. O álbum, coproduzido por Dan Carey, parceiro de longa data da banda, permite que o músico revele seu lado mais sensível e encantador, contando histórias com seu vocal sussurrado, acompanhado por arranjos instrumentais ricos, delicadas notas de piano, dedilhados de guitarra e sintetizadores pontuais, além de uma bateria eletrônica sutil, distanciando-se do som típico de seu trabalho colaborativo. Com uma abordagem mais contida e documental, as composições de Chatten exploram temas de identidade irlandesa (como em “Bob’s Casino”, um chamber pop com os vocais de apoio de Georgie Jesson, noiva do músico, que é uma homenagem a um centro de entretenimento em Skerries), amor (“Last Time Every Time Forever”), períodos de sofrimento (“Season For Pain”) e uma busca profunda por pertencimento (“The Score”, “Fairlies”), de maneira semelhante ao escritor e poeta James Joyce. Embora não atinja a mesma intensidade bruta Fontaines D.C., ele compensa com uma variedade fascinante de instrumentação e narrativas vívidas.

Angelo De AugustineToil And Trouble
(Asthmatic Kitty)

Toil And Trouble é o quarto álbum solo do cantor e compositor de indie folk Angelo De Augustine. O disco segue sua própria lógica quixotesca, habitando uma paisagem psíquica misteriosamente sublime, como um sonho febril ou um conto de fadas. Ao criar essa obra envolvente, o artista passou quase três anos trabalhando sozinho, explorando a vasta extensão de sua imaginação. Em momentos encantadores, como em “Another Universe”, que descreve um lugar onde apenas coisas boas acontecem, outros devastadores, como em “Home Town”, uma reflexão sobre um trágico tiroteio em massa ocorrido perto de sua casa, ou mesmo em fases de falta de clareza em relação a eventos, como na faixa-título, o resultado é o trabalho mais visionário até agora desse compositor singular. Toil And Trouble revela sua profunda capacidade de transformar a dor em uma beleza melódica extraordinária.

The Japanese HouseIn The End It Always Does
(Dirty Hit)

A cantora e compositora inglesa Amber Bain, por meio do seu projeto The Japanese House, lança o segundo disco de estúdio, In the End It Always Does, produzido na companhia de George Daniel, da banda The 1975. Nas músicas , ela explora as complexidades da sexualidade e do gênero, assim como a inevitabilidade do trauma na formação de uma pessoa (“Boyhood”). As letras foram escritas durante o fim de um relacionamento poliamoroso no final de 2021 e abordam sentimentos de saudade, confusão, reflexão e aceitação (“One for sorrow, two for Joni Jones”). A sonoridade é suave e pessoal, com influências do indie pop dos anos 80, apresentando toques delicados de guitarra, sintetizadores atmosféricos, camadas de vocais com autotune e poesia comovente em experimentações mais audaciosas em relação ao seu trabalho de estreia. In The End It Always Does conta com contribuições de Justin Vernon do Bon Iver em “Over There”, Katie Gavin do MUNA em “Morning Pages”, Matty Healy do The 1975 em “Sunshine Baby” e Charli XCX em “Friends”.

bdrmmI Don’t Know
(Rock Action Records)

Enquanto o distanciamento social tomava conta do mundo em 2020, o quarteto bdrmm, que combina post-shoegaze, dream pop e efeitos intensos de guitarra, causou um impacto impressionante com seu álbum de estreia, Bedroom. Agora, assinando com a Rock Action Records, selo do Mogwai, a banda – que soa como uma cria de My Bloody Valentine (“Pulling Stitches”) e Radiohead (“Be Careful”) – retorna com I Don’t Know, trazendo suas características guitarras carregadas de efeitos e grooves motorik, porém acrescentando piano, cordas, elementos eletrônicos, samples e batidas ocasionais com influências da música ambiente, dance e clássica. A beleza sombria melancólica das composições são ampliadas, em letras que expressam desespero (“Alps”) e otimismo (“It’s Just A Bit Of Blood”), com novas e abrangentes paisagens sonoras e os vocais arejados de Ryan Smith.

TainyDATA
(NEON16)

Após 15 anos de sucesso no universo do reggaeton, o produtor e compositor porto-riquenho Tainy lança seu tão aguardado álbum de estreia solo, com a participação de diversos artistas renomados. DATA é uma poderosa obra composta por 19 faixas que refletem a profunda influência do artista na indústria musical, sua extensa rede de colaboradores e seus diversos gostos musicais. O registro conta com uma impressionante lista dos maiores talentos do gênero como Bad Bunny (“MOJABI GHOST”), Ozuna, Rauw Alejandro, Daddy Yankee, entre outros. Além disso, talentos em ascensão como Young Miko, The Marías, Mora e Omar Courtz, juntamente com inovadores artistas da músicas eletrônica Skrillex, Four Tet em “VOLVER” e Arca em “PASIEMPRE”, também contribuem com seu talento para essa incrível obra.