Confira alguns dos principais lançamentos da semana para atualizar a sua playlist de discos favoritos. Entre eles estão os novos trabalhos de: The Last Dinner Party, J Mascis, L Devine, Holly Macve, Vera Sola e Liquid Mike.
• The Last Dinner Party – Prelude To Ecstasy
(Universal Music)
A banda londrina de art-rock The Last Dinner Party lança seu aguardado álbum de estreia, Prelude To Ecstasy, produzido por James Ford (Arctic Monkeys, Blur). As influências do grupo incluem Kate Bush, Siouxsie and the Banshees, Roxy Music, Florence and the Machine, David Bowie e ABBA, refletidas nas canções que oscilam entre euforia, raiva, paixão e desilusão, que serviriam como trilha sonora para uma peça shakespeariana. O álbum começa com a faixa-título, um número instrumental cinematográfico, antes de ganhar forma com o rock melodramático de “Burn Alive”, uma homenagem à lendária Joana d’Arc, repleta de referências à sua bravura e sacrifício. Em seguida, há a euforia teatral de “Caesar on a TV Screen”, na qual Abigail Morris canta sobre a vida como um homem e o desejo de ser compreendida. Do solo de guitarra em “Sinner” até a sombria ópera rock “My Lady of Mercy”, passando pela repulsa ao patriarcado em “The Feminine Urge”, pela balada melancólica “Portrait of a Dead Girl”, com sua letra sobre perda e saudade, e pelos vocais vibrantes de Morris em “On Your Side”, Prelude To Ecstasy é uma jornada por gêneros e séculos em sua sonoridade nostálgica – e, ao mesmo tempo, contemporânea -, eclética e coesa. Cada faixa é uma pincelada em uma obra-prima maior, um retrato de uma banda que não tem medo de explorar todo o espectro da experiência humana.
• J Mascis – What Do We Do Now
(Sub Pop Records)
What Do We Do Now” é o quinto álbum solo do cantor e compositor norte-americano J Mascis desde 1996. O álbum começou a ser produzido durante os últimos dias da pandemia, com Mascis trabalhando em músicas com uma dinâmica diferente das criadas para sua banda, Dinosaur Jr.. Ele incorporou mais instrumentos, como bateria e guitarra elétrica, mas manteve partes rítmicas acústicas, com uma atmosfera particularmente tranquila, quase country rock. Dois músicos convidados, Ken Mauri (do B52’s) e Matthew “Doc” Dunn, contribuíram para o álbum, adicionando piano (“Right Behind You”, “Can’t Believe We’re Here”) e guitarra steel (“You Don’t Understand Me”), respectivamente. What Do We Do Now é considerado o melhor conjunto de músicas solo do artista até o momento, com canções fáceis de se identificar e descontraídas (“Set Me Down”), e arranjos que transformam as músicas de esboços acústicos em baladas poderosas.
• L Devine – Digital Heartifacts
(AWAL Recordings)
Desde o seu aparecimento, a cantora e compositora alt-pop Olivia Rebecca Devine (a.k.a. L Devine) sempre foi uma estrela pop a ser reconhecida, tornando-se uma das figuras mais rebeldes na música com sua abordagem franca e subversiva. A liberdade presente durante a escrita é evidente, com Digital Heartifacts incorporando instrumentais intrigantes que abrangem diversos gêneros e glitches eletrônicos ao longo do registro. Com composições cativantes, L Devine desafia as expectativas, adornando suas músicas com letras auto-depreciativas francas (“Laundry Day” e no pop grunge de“Push It Down”), desconexão com o mundo (“Miscommunikaty”) e o momento entre ter um colapso mental e uma libertação total (“If I Don’t Laugh I’ll Cry”), embora a artista não elimine completamente suas sensibilidades pop. Digital Heartifacts mergulha sem medo no lado emocionalmente mais difícil da vida, mas com humor, letras afiadas e a escrita de músicas astutas pelas quais L Devine se tornou sinônimo. O poder do álbum reside em como ela traduz o sentimento de tentar encontrar significado em um mundo digital frio em músicas que perdurarão muito além da vida útil de um laptop ou telefone. É o som de uma artista abraçando sua independência, recuperando sua identidade e criando a representação mais autêntica de quem ela realmente é.
• Holly Macve – Time Is Forever
(Loving Memory Records)
Após três anos afastada da indústria da música e com dois álbum na bagagem – Not The Girl (2021) e Golden Eagle (201) -, a cantora e compositora irlandesa de indie folk, Holly Macve, descreve seu novo EP Time Is Forever como o início de uma nova era. Ela revela que passou muitos dias e noites sozinha em motéis estranhos e com cheiro de cigarro, sonhando alto e superando certas inibições durante sua produção. A faixa-título, “Time Is Forever”, destaca a voz celestial de Holly para falar sobre a passagem do tempo. “Beauty Queen” é uma balada delicada com uma atmosfera nostálgica, caracterizada por guitarras deslizantes, violões serenos, pianos delicados, batidas lentas e vocais sussurrados, enquanto Macve explora temas de perda da inocência, desilusão e resiliência. Outra música em destaque é “Suburban House”, uma colaboração de Holly com Lana Del Rey, escrita sobre o término de um relacionamento e a compreensão de que o amor pode ser fugaz. Gravado e co-produzido com Zach Dawes (Sharon Van Etten, Mini Mansions), o projeto explora as complexidades do amor e da perda tanto de uma perspectiva pessoal quanto universal, em baladas pop exuberantes.
• Vera Sola – Peacemaker
(City Slang)
A poeta, vocalista e multi-instrumentista Vera Sola cria um som atemporal e fascinante, sendo comparada a artistas como Nick Cave, Nancy Sinatra, Leonard Cohen e PJ Harvey. Criado ao longo de quatro anos, durante os quais a artista enfrentou muitos desafios pessoais, Peacemaker é uma mistura de sentimentos, incluindo raiva, que a musicista aprendeu a processar. O álbum é marcado por uma temática de morte e perda, mas também por uma esperança resiliente. Sola explora o luto e a impermanência, encontrando beleza na dor e no sofrimento. Ela expande sua visão ao trabalhar com coprodutores e músicos adicionais, mantendo sua identidade sonora única. Canções como “Bad Idea” e “Desire Path” evocam imagens de paisagens desérticas e abandonadas, enquanto Sola tece histórias de fantasmas e luta com conflitos internos. Peacemaker é teatral e imersivo, transmitindo uma raiva conciliadora em relação a uma civilização que não consegue se salvar. Sua voz poderosa é evidente em cada faixa, transmitindo cada palavra com clareza e convicção. Liricamente, a artista brilha com sua narrativa inteligente e declarações poignantes, como em “Instrument of War”, onde demanda para ser um instrumento de guerra. O álbum é uma obra cinematográfica, dramática e cativante, mostrando Vera Sola como uma voz essencial no cenário musical atual.
• Liquid Mike – Paul Bunyan’s Slingshot
(Liquid Mike)
Liquid Mike causou um impacto inesperado em 2023 com seu álbum S/T. Apesar da falta de agitação na mídia, o fenômeno do boca a boca rapidamente os transformou em uma sensação indie. Sua música, caracterizada por canções pop rock curtas e cativantes, traz influências de Superchunk e Superdrag, misturando elementos de pop punk e slacker rock. Composto por cinco músicos, incluindo o carteiro que virou estrela do rock Mike Maple, as letras de Liquid Mike muitas vezes refletem experiências cotidianas na Península Superior de Michigan, transformando observações mundanas em hinos. Faixas como “Drinking and Driving” e “K2” capturam a essência da vida em uma pequena cidade, enquanto “Drug Dealer” e “Works Bomb” mergulham nas travessuras e rebeliões juvenis. Em meio à leveza, Maple mostra profundidade e sinceridade com faixas como “Pacer”, oferecendo reflexões genuínas sobre o amor e a vida. O álbum termina com a comovente “American Caveman” e a faixa-título, deixando os ouvintes com uma mistura de nostalgia e esperança, encapsulando a essência das aventuras juvenis e da passagem do tempo.